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Planejamento

Inovação ganha espaço na revisão do Plano Diretor de Curitiba

Aérea de Curitiba, vista da da Torre Panorâmicai no bairro Mercês. Foto: Brunno Covello/SMCS

Discussões sobre o plano diretor de uma cidade costumam girar em torno de temas como altura de prédios, recuos, calçadas, potencial construtivo e outros aspectos da “cidade tradicional” – aquela em que caminhamos e que vemos todos os dias. Ao revisar, este ano, o seu plano diretor – obrigação legal que as grandes cidades devem cumprir a cada 10 anos –, Curitiba pretende dar um passo adiante. A Prefeitura quer colocar em discussão temas relacionados a outras três dimensões da cidade: o subsolo, o espaço aéreo e a cidade virtual.

No processo de revisão do plano diretor, todas essas visões de cidade fazem parte da chamada “matriz de inovação”, que por sua vez está relacionada à nova economia – conceito que engloba não apenas iniciativas ligadas a novas tecnologias, mas novos modelos de negócios, baseados em parcerias e junção de interesses. Essa matriz divide a cidade em quatro esferas: a tradicional, aquela em que caminhamos; a aérea; a virtual e o subsolo – a cidade que não se vê.

No que diz respeito ao subsolo, um dos pontos em discussão é a criação de legislação específica para enterramento de cabos. O diretor de Inovação da Secretaria Municipal de Informação e Tecnologia, José Maria Pugas Filho, explica que a preocupação não é apenas com a estética da cidade, mas também com o coeficiente de qualidade dos serviços dependentes de cabos (como telefonia e internet), uma vez que cabos expostos a intempéries tendem a reduzir a qualidade do serviço. Uma das saídas, diz ele, pode ser a adoção de Parcerias Público-Privadas, em que empresas interessadas poderiam ganhar com a exploração de dutos subterrâneos, repassando um percentual do valor auferido para um fundo de inovação urbana.

O grupo também está preocupado com a regulamentação das chamadas infovias. “Estamos debatendo como determinar um coeficiente mínimo de conectividade – acesso à internet – em construções novas”, informa Pugas. Isso exigiria que, ao apresentar a documentação para aprovação pela Prefeitura, os empreendedores do mercado imobiliário agregassem projetos de rede lógica aos projetos já exigidos atualmente. Para Pugas, “a conectividade hoje é um bem tão básico quanto a água e a luz”. Os coeficientes de conectividade seriam definidos de acordo com o perfil do território, levando em conta variáveis como densidade demográfica e zoneamento.

A matriz de inovação também tem interface com o viés mais tradicional da cidade. Nesse campo, um dos temas em discussão é criação de mecanismos para estimular a implantação de ambientes de inovação em Curitiba. Esses ambientes teriam tratamento privilegiado no zoneamento da cidade, desde que alinhados com a estratégia de inovação do Município – o que seria verificado por um comitê multi-institucional.

Cidade aérea e virtual

A criação de uma faixa aérea para drones também está na pauta de discussão da revisão do plano diretor. Drones são veículos aéreos não tripulados, geralmente controlados por rádio, e que têm aplicações tão diversas quanto portar câmeras para realizar fotos publicitárias e uso logístico, para entregas de encomendas. “Curitiba tem um espaço aéreo ainda bastante livre, que admite a criação de uma faixa para drones, mas isso exige regulamentação”, diz Pugas.

Outro tema em discussão é o uso mais intensivo de sensores em equipamentos  e áreas públicas, como terminais de ônibus e vagas de estacionamento regulamentado, por exemplo. “Hoje a maioria dos equipamentos públicos é ‘burra’”, afirma Pugas, referindo-se ao fato de que o volume de informações gerado por esses equipamentos é pequeno. “Com sensores, poderíamos ter dados sobre fluxo e horário, por exemplo, e um melhor gerenciamento desses equipamentos”, explica.

O “cardápio” de temas da matriz de inovação é grande e abrange questões aparentemente “futuristas”, como a busca da autonomia energética, a partir do uso de fontes de energia hoje desprezadas, e a regulamentação da realidade aumentada. “São temas que hoje parecem muito distantes da nossa realidade, mas o futuro chega rápido. Dez anos atrás, ter um smartphone parecia irreal para a maioria das pessoas. O plano diretor só voltará a ser revisado daqui a 10 anos, então temos que olhar para a frente”, afirma Pugas.