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Imigrantes haitianos são certificados em curso instrumental de Língua Portuguesa

Imigrantes haitianos são certificados em curso instrumental de Língua Portuguesa. Curitiba, 31/10/2017 Foto:Divulgação

O desejo de começar uma vida nova no Brasil é comum aos 32 haitianos que comemoraram, na noite da terça-feira (31/10), a conclusão do curso instrumental de Língua Portuguesa oferecido por meio do projeto Haiti, da Secretaria Municipal da Educação. Além de aprenderem a se comunicar em Português, a certificação do curso pode ajudar na inclusão dos estrangeiros no mercado de trabalho.

O curso oferecido em dois espaços inclui atividades cotidianas como elaboração de cadastro de emprego, mediações de entrevista, procedimentos necessários para emissão da carteira de trabalho, procura de emprego, expressões necessárias para comunicação em posto de saúde, pedidos de informação, operação bancária, aluguel de imóvel, compras e relacionamentos.

“Curitiba é um mosaico de todas as gentes e por isso nosso trabalho é feito com dedicação, profissionalismo e muito respeito para transformar palavras em pontes. É um direito de todos terem acesso às situações de integração e inclusão na sociedade”, disse a secretária municipal da Educação, Maria Sílvia Bacila.

A cerimônia no Auditório da Rua da Cidadania do Boqueirão foi marcada por alegria e muita emoção. No saguão, os visitantes puderam conferir a exposição “Mãos”, organizada com fotografias dos estudantes e produções textuais que representam a riqueza das trajetórias de vida dos novos cidadãos de Curitiba. O coral “Nosso Canto”, da Fundação Cultural de Curitiba na Regional Boqueirão, também presenteou os formandos com  música e poesia.

Autonomia para recomeçar – O vice-presidente da Associação dos Imigrantes Haitianos, Berthony Pierre, está em Curitiba há mais de 5 anos e reconhece na ação da Prefeitura uma forma de acolhimento e uma oportunidade de integração cultural que melhora a vida de muita gente. “Somos gratos à gestão do prefeito Rafael Greca que assegurou aos haitianos a continuidade dessa formação que nos ajuda a falar, entender o idioma, conseguir uma nova identidade e ter autonomia para recomeçar”, disse Pierre durante a cerimônia.

As aulas foram de junho a outubro, em um total de 60 horas, em encontros realizados duas vezes por semana, com objetivo de introduzir a Língua Portuguesa ao grupo, formado por pessoas de 18 a 48 anos. Os estudantes também receberam informações sobre a cidade e serviços oferecidos pela Prefeitura a toda a população.

A rotina na Escola Municipal Germano Paciornick é comandada pela experiente professora Ciomara Amorelli Viriato da Silva, que está na rede municipal há mais de 30 anos. Ela também dá o curso instrumental de Língua Portuguesa na Igreja do Evangelho Quadrangular do Rebouças.

Desde a primeira aula, professora e estudantes vivenciaram a troca de culturas latinas. Ela ensina Língua Portuguesa aos que falam as línguas oficiais do Haiti, o Crioulo e o Francês. “Fazemos ‘teatro’, desenho no quadro e um aluno mais avançado explica para alguém que não entendeu”, conta.

A aprendizagem se dá em diferentes níveis – desde o que precisa do básico de alfabetização, até os alunos mais avançados, que envolve o ensino da cultura brasileira. Ela faz adaptação de diversos recursos didáticos e desenvolveu um método próprio de ensino. 

Oportunidade – Francianne Registre mora no Brasil há quase dois anos e pertence ao grupo dos haitianos refugiados no país após o terremoto de desolou o Haiti. Ela já conseguiu uma colocação profissional e trabalha como caixa de supermercado. Seu objetivo é investir na formação acadêmica para melhorar sua condição financeira e trazer a filha que ficou no seu país.

“Encontramos uma oportunidade que muitos não têm. Sinto que a professora Ciomara nos deu mais do que uma chance de recomeçar, ela nos apresentou um idioma e eu me senti viva e com forças para acreditar que as coisas  podem mudar e que o momento ruim já ficou para trás”, disse Francianne. A haitiana sabe que quanto mais estiver em contato com a Língua Portuguesa e o ensino formal, mais chances terá de buscar outras possibilidades profissionais.

Para Berlande Alcide, de 30 anos, o curso abriu novos caminhos e possibilidades. “Agora consigo me comunicar com clareza e ir em busca de uma oportunidade no mercado de trabalho. É muito difícil reconstruir sua vida do nada  e eu acredito que a oferta deste curso é um presente para todos nós”, disse Berlande.

Em quatro anos anos, o projeto Haiti já beneficiou aproximadamente 470 haitianos e representa um passo importante para a conquista da cidadania e a inserção social dos imigrantes.