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Agricultura urbana

Horta do Chef é estrela em evento internacional de gastronomia

O Horta do Chef, programa da Prefeitura que incentiva agricultores urbanos a venderem os alimentos que cultivam a restaurantes de Curitiba, foi uma das estrelas desta quinta-feira (26/10) no primeiro dia do Mesa Tendências, evento promovido pela revista especializada Prazeres da Mesa. -Na imagem, Rafael Greca e a chef Manu Bufara. São Paulo, 26/10/2017 Foto:Luiz Augusto Xavier/SMAB

Um projeto bem-sucedido em Curitiba é apresentado como exemplo para o Brasil e com repercussão internacional. O Horta do Chef, programa da Prefeitura que incentiva agricultores urbanos a venderem os alimentos que cultivam a restaurantes de Curitiba, foi uma das estrelas desta quinta-feira (26/10) no primeiro dia do Mesa Tendências, evento promovido pela revista especializada Prazeres da Mesa, a principal referência em gastronomia no País.

Realizado no auditório do Memorial da América Latina, o Mesa Tendências é a parte mais nobre do Mesa ao Vivo, que também inclui aulas de gastronomia com renomados chefs de cozinha do Brasil e do exterior. Quem apresentou a Horta do Chef foi a chef Manu Buffara, de Curitiba, que levou ao palco Delso Moretti, presidente da Associação de Moradores do Rio Bonito e responsável pela coordenação da Horta Comunitária da comunidade, para falar sobre o êxito do programa, principalmente após a integração com alguns dos principais chefs de cozinha da cena curitibana.

O evento contou com a presença do prefeito Rafael Greca, que não escondeu o orgulho pela repercussão do programa lançado por ele. “É um reconhecimento do grande esforço do Moretti, que é o gestor da Horta Comunitária do Rio Bonito, e da Manu Buffara, que é nossa extraordinária chef, capaz de fazer receitas direto da horta, bem perto das raízes da terra. Estou encantado em ver a Manu e o nosso programa vencedor no mesmo palco dos chefs mais famosos do mundo. É uma ocasião de orgulho para Curitiba”, comentou o prefeito.

Programa

Lançado pelo prefeito Rafael Greca, em março deste ano, o Horta do Chef tem a participação de 50 das 100 famílias da Horta Comunitária do Rio Bonito – e este número de adesões está crescendo cada vez mais.

Os horteiros vendem parte da produção para os restaurantes.  No terreno de três hectares, sob linhões da Eletrosul, cada família do Rio Bonito tem um lote de 100 metros quadrados, onde plantam alface, couve, berinjela, quiabo, pepino, couve-flor, brócolis, beterraba, tomate, cebola, milho, pimentas e ervas como orégano, cebolinha e salsinha para consumo próprio. Como a produção extrapolava em muito o consumo, a parceria estabelecida com o novo programa permitiu um equilíbrio entre oferta e demanda e a receita pela venda dos produtos permite o retorno dos recursos em prol de benfeitorias na própria horta. O excedente geralmente é doado a instituições de caridade, trocado entre eles ou vendido aos vizinhos.

O êxito e a representatividade do projeto no mais importante evento gastronômico nacional servem de incentivo ao desenvolvimento de gestão das demais 23 hortas comunitárias existentes na cidade. “Nós queremos que cada horta tenha parceria com um chef e cada chef com os produtos mais saudáveis e frescos colhidos com o orvalho da manhã e dali direto para a mesa dos curitibanos”, completou Greca.

Também presente ao evento e citado no palco pela chef, pelo empenho que teve em incrementar a parceria entre a horta e os cozinheiros, Luiz Gusi, secretário municipal de Agricultura e Abastecimento, lembrou que “a agricultura urbana é uma tendência que cresce no mundo. Então, Curitiba está saindo na frente, porque é uma oportunidade de o cidadão urbano entender o ciclo do alimento, através da plantio e cultivo de hortaliças, temperos ou plantas alimentícias não convencionais. Então vir num evento como esse, de excelência na área da gastronomia, representa um passo importante para difundir e promover o que temos feito pela agricultura urbana de Curitiba”.

O secretário lembra que a Smab dá apoio às hortas comunitárias desde 1986 – quando foram criadas -, por meio do Programa de Agricultura Urbana, que é responsável pela assistência técnica e apoio organizacional das comunidades. “São 24 áreas cultivadas por 872 famílias de produtores urbanos e que se espalham por 428 mil metros quadrados sob linhões de energia, terrenos públicos e áreas da iniciativa privada”, acrescenta. As hortas estão nos bairros Cajuru, Sítio Cercado, Tatuquara, Campo do Santana e CIC.

A palestra

Na palestra desta quinta-feira, Manu Buffara explicou como os restaurantes podem ajudar a desenvolver hortas urbanas e melhorar a alimentação em comunidades, que passam a ter acesso a hortaliças frescas. “Os alimentos colhidos beneficiam muito mais do que as 100 famílias que plantam na horta. Cerca de quatro mil pessoas da região têm acesso à produção, pois parte é doada para moradores do bairro e até para uma escola próxima. O projeto une toda a comunidade”, salientou.

Emocionada no palco, Manu Buffara disse que o projeto vai muito além das individualidades ali representadas. “A gente não pode pensar na gente só. O projeto que hoje acontece em Curitiba pode ser dividido com o Brasil inteiro e é uma forma de atingir 80% da população, que é pobre, que não tem acesso ao alimento orgânico, ao alimento saudável”, disse. “É uma forma de a gente sair da cozinha e levar melhor alimentação às comunidades do país, para as crianças, diminuir a obesidade, a quantidade de doenças, além de poder demonstrar que o Brasil tem poder, tem terrenos sobrando, peixes, comida, orgânicos, tudo que pode consumir em vez de industrializados”, enfatizou a jovem chef.

Chamado ao palco para apresentar sua horta e a base de sucesso da gestão à frente do empreendimento, Delso Moretti disse que “o importante foi mostrar para aquele povo todo que estava ali a necessidade que nós temos de fazer o produto orgânico. Porque hoje as pessoas de classe alta têm condições de ir ao mercado e comprar o produto orgânico, enquanto os de renda baixa não têm esse acesso, por se tratar de itens muito caros.”

Moretti também comentou que a comunidade do Rio Bonito agora produz seu produto orgânico, alimento saudável para os moradores. “A parceria com os chefs veio para complementar tudo aquilo que a gente almejava. E se antes o consumo local era de 50% de produtos pela comunidade, agora passa a ser 100%, pois muitos destes, por falta de preparo ou conhecimento, não eram devidamente aproveitados, o que é possível agora.”