Nessa segunda-feira (15/12), a Guarda Municipal Mirim realizou a cerimônia de desincorporação e encerramento das atividades de 2025 na Escola Municipal Miguel Krug, no Portão. O evento marcou a formatura dos estudantes do 4º e 5º anos do ensino fundamental que participaram do programa ao longo do ano, além da despedida dos alunos do 5º ano, que encerraram sua trajetória na escola e no projeto.
Ao todo, 64 crianças participaram da cerimônia — 36 do 5º ano e 28 do 4º ano. Para os alunos que deixam o ensino fundamental I, o momento simboliza o fechamento de um ciclo. Já para os estudantes do 4º ano, a cerimônia representa um até breve, com retorno previsto ao programa no próximo ano letivo.
O Programa Guarda Municipal Mirim na unidade é desenvolvido pelos guardas municipais Maykel Robson Messias e Alessandro Rodolfo de Azevedo, que atuam de forma 100% voluntária no projeto. Maykel, que está há três anos no programa, destaca que o trabalho vai além da atuação tradicional da segurança pública.
“Normalmente, a segurança pública age quando ocorre um crime ou uma contravenção. Aqui, com as crianças, nós atuamos na prevenção. Passamos noções de civismo, cidadania e respeito às autoridades, para que elas se tornem bons cidadãos e contribuam para uma sociedade mais justa e organizada”, afirmou.
Segundo o coordenador Maykel, as mudanças no comportamento dos alunos são percebidas ao longo do ano e também relatadas pelas famílias.
“A gente trabalha muito o respeito, a hierarquia e o entendimento de que sempre existe uma autoridade — na escola, em casa ou na sociedade. Isso reflete na convivência, na forma como tratam os colegas e os professores”, completou.
A diretora da Escola Municipal Miguel Krug, Márcia Cristina Barroso, que está há oito anos na gestão da unidade, ressalta que os impactos do programa são visíveis no cotidiano escolar.
“Eles se tornam alunos mais proativos, mais comprometidos com os estudos e com mais facilidade para trabalhar em grupo. Isso reverbera no comportamento e também no engajamento com os conteúdos curriculares”, destacou.
Segundo a diretora, o retorno das famílias é frequente e positivo, especialmente no momento da despedida dos alunos do 5º ano.
“Muitos estudantes demonstram tristeza ao deixar o programa. Eles relatam que passaram a perceber o mundo de forma diferente, especialmente pela disciplina, pelo trabalho coletivo e pela cooperação”, afirmou.
Emanuelly Morreti, mãe da aluna Maria Valentina Morreti, de 10 anos, destacou que a participação no programa gerou aprendizado que vai além das atividades em sala.
“Vimos nossas crianças crescerem em responsabilidade, disciplina e respeito. Eles aprenderam a trabalhar em equipe e a entender que pequenas atitudes fazem grande diferença”, relatou.
A própria estudante contou que os momentos mais marcantes foram os passeios, o acantonamento, o piquenique e as aulas de primeiros socorros.
“Eu me sinto muito feliz por ter passado esse ano inteiro com a Guarda Mirim e por poder continuar no próximo ano”, disse Maria Valentina.
Além do desenvolvimento pedagógico e social, o programa também tem papel importante na inclusão. Um dos relatos mais emocionantes veio da Letícia Fanini mãe do aluno Lorenzo, de 10 anos, estudante do 4º ano, que é autista não verbal.
“Hoje eu não falo só como mãe, mas como mãe atípica profundamente emocionada. A Guarda Mirim não fez um gesto simbólico, fez inclusão de verdade. Foi sobre pertencimento, sobre mostrar que o mundo também é lugar dele”, relatou.
Ela destacou que o filho participa das atividades sem competição e com apoio dos guardas, respeitando suas formas de comunicação por meio da Comunicação Aumentativa e Alternativa (CAA).
“Isso transforma uma criança, mas também educa uma sociedade inteira”, afirmou.
Lorenzo também compartilhou um pouco sobre sua experiência sobre seu ano na Guarda Mirim. “A Guarda Mirim foi muito legal pra mim. Eu gostei de ir lá, de aprender e de ficar com os amigos. Os guardas me ensinaram coisas importantes. E eu me senti muito feliz e seguro lá. Obrigado por me deixarem participar”. Relatou o estudante.
Programa com 21 anos de atuação em Curitiba
A Guarda Municipal Mirim completa, em 2025, 21 anos de atuação ininterrupta em Curitiba. As atividades tiveram início em 2004 como projeto piloto na Escola Municipal Donatilla Caron dos Anjos, no bairro Uberaba, com o objetivo de reduzir a violência no ambiente escolar e fortalecer o protagonismo juvenil.
Devido aos resultados positivos, o projeto foi ampliado e, em 2013, tornou-se programa oficial por meio do Decreto Municipal nº 547/2013. Atualmente, está presente nas 10 regionais da cidade, em 25 escolas municipais, atendendo cerca de 2 mil estudantes por ano. Ao longo dessas duas décadas, mais de 90 mil alunos da rede municipal de ensino já participaram da iniciativa.
O programa é desenvolvido em parceria entre a Secretaria Municipal de Defesa Social e Trânsito (SMDT) e a Secretaria Municipal da Educação (SME), ocorre no contraturno escolar e atende estudantes do 4º e 5º anos do ensino fundamental — em duas unidades, estendendo-se até o 9º ano.
Os guardas municipais que atuam no programa passam por capacitação anual de 45 horas-aula em Programas e Projetos Sociais, realizada no Centro de Formação da Guarda Municipal de Curitiba, juntamente com profissionais de outras iniciativas sociais da corporação.
Entre os conteúdos trabalhados com os estudantes estão postura e disciplina, meio ambiente, trânsito seguro, respeito, erradicação do bullying e do cyberbullying, além de visitas orientadas, bivacques e acantonamentos realizados nas próprias escolas.