Texto: Cris Guancino e João Paulo Pimentel
Secom
As frentes de trabalho que transformam o cenário urbano de Curitiba, nos corredores do Novo Inter 2 e do BRT Leste-Oeste, não se destacam apenas pelas máquinas, novas estações-tubo e quilômetros de ruas e calçadas requalificadas. Por trás das obras, há um impacto econômico importante: a geração de cerca de 10 mil empregos diretos, indiretos e induzidos, impulsionada pelos R$ 211 milhões investidos apenas em 2025 no conjunto de projetos do Programa de Mobilidade Urbana Sustentável de Curitiba.
A estimativa segue parâmetros técnicos estabelecidos pelo Ministério do Desenvolvimento Regional, segundo os quais cada R$ 1 milhão extra aplicado em construção civil gera, em média, 48 postos de trabalho, sendo 15 diretos, 8 indiretos e 25 induzidos, ao longo de toda a cadeia produtiva e de consumo. O cálculo permite dimensionar o efeito multiplicador de grandes obras sobre a economia local, do canteiro de obras ao comércio de materiais, dos fornecedores de serviços às famílias que consomem com a renda gerada.
O método usado para o cálculo adota médias consolidadas em estudos da Fundação Getúlio Vargas (FGV), BNDES e Universidade Federal Fluminense (UFF).
“Curitiba está investindo em mobilidade e infraestrutura, mas também em pessoas e no futuro da cidade. Com essas obras, asseguramos qualidade de vida para as próximas décadas e fomentamos a economia e a geração de renda”, diz o prefeito Eduardo Pimentel.
Pelos parâmetros do estudo, os investimentos equivalem à criação anual de cerca de 3,1 mil empregos diretos, aqueles ocupados por profissionais que atuam no setor da construção civil — engenheiros, operários e técnicos envolvidos na execução das intervenções. Outros 1,6 mil empregos são indiretos, gerados nas empresas que fornecem insumos, equipamentos e serviços, como fábricas de concreto e transportadoras. Já os empregos induzidos, estimados em 5,3 mil postos adicionais, correspondem aos criados a partir do consumo e da renda movimentada por toda a cadeia, beneficiando setores como comércio, alimentação, transporte e serviços.
Os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), corroboram o mercado aquecido. Entre janeiro e setembro deste ano foram contratadas em Curitiba 4.447 pessoas com carteira assinada em obras de infraestrutura urbana e viária e obras de arte. No total, são 7.633 pessoas empregadas formalmente no setor.
Empregos diretos e indiretos
De acordo com o conselheiro do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Paraná (Sinduscon-PR), José Eugênio Gizzi, o número retrata como o investimento público bem aplicado se traduz em dinamismo econômico.
“É notório que os empregos na construção acompanham a taxa de investimento público. Quando feito de forma adequada, como é o caso de Curitiba, ele é também um indutor de investimento privado, e aumentam as contratações”, afirma. Gizzi ressalta ainda que o investimento em transporte público tem um poder multiplicador ainda maior, já que amplia a mobilidade, reduze o tempo de deslocamento da população e valoriza áreas urbanas, criando um ciclo de novas oportunidades e geração de renda. “É super saudável para a economia, o impacto é enorme e positivo”, reforça o conselheiro.
Somente os lotes ativos do Projeto Novo Inter 2, que requalificam vias e estações-tubo ao longo de 38 quilômetros de trajeto, receberam R$ 174 milhões em 2025. Já os lotes do BRT Leste-Oeste movimentaram outros R$ 37 milhões no mesmo período. Esses recursos sustentam centenas de empregos diretos em campo e alimentam uma ampla rede de atividades associadas à construção civil, transporte e infraestrutura urbana.
Centenas de empregos
No total, o Programa de Mobilidade Urbana Sustentável irá mobilizar mais de R$ 1,2 bilhão em investimentos, somando financiamentos internacionais e contrapartidas municipais. O Projeto de Aumento da Capacidade e Velocidade da Linha Direta Inter 2, por exemplo, é financiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) em US$ 106,7 milhões, com US$ 26,7 milhões de contrapartida da Prefeitura. Já o projeto do BRT Leste-Oeste conta com US$ 75 milhões financiados junto ao New Development Bank (NDB) e US$ 18,75 milhões em recursos municipais.
Cadeia produtiva
Luiz Fernando Jamur, secretário municipal de Obras Públicas, ressalta que o investimento do município em infraestrutura ativa uma cadeia produtiva que vai desde a indústria da construção até o setor de alimentação e dos serviços administrativos.
“Esses investimentos têm um papel decisivo no fortalecimento econômico da cidade. São milhares de famílias beneficiadas direta e indiretamente pelas oportunidades criadas nas frentes de obra e nos setores que as apoiam”, destaca Jamur.
O engenheiro civil Felipe Richter Cordeiro, da empresa O Betacem, avalia que trabalhar na execução de obras públicas é contribuir diretamente para o desenvolvimento de Curitiba e para a qualidade de vida das pessoas.
“O legado dessas obras é tornar a vida da população melhor, mais segura, mais agradável, auxiliar no crescimento econômico da cidade, beneficiar a população, melhorar o deslocamento das pessoas, que ganham tempo e qualidade de vida. Acreditamos que as obras trazem benefícios não somente para a economia da cidade, mas também para a qualidade de vida da população em geral”, afirmou Cordeiro.
Para atender ao contrato com o município, a empresa contratou pedreiros, serventes, operadores, concreteiras, pedreiras e transporte de material.
As intervenções do Inter 2 e do BRT Leste/Oeste envolvem profissionais diversos e especializados, responsáveis por serviços de drenagem, terraplenagem, pavimentação, calçadas, sinalização, iluminação, obras de arte especiais — como pontes e viadutos —, estações tubo, entre outros. “Dessa forma, geram empregos diretos e indiretos, além de movimentar diversos setores produtivos por meio de insumos e equipamentos utilizados nas obras”, afirma a diretora do Departamento de Pavimentação da Smop, Manuela Marqueño.