Curitibana de nascimento, Giovana Madalosso retorna a Curitiba para participar do III Festival da Palavra, em uma mesa com a escritora e cantora Estrela Leminski. O encontro, marcado para sábado (13/9), às 14h, no Memorial de Curitiba, vai girar em torno de literatura, identidade e políticas públicas.
Mesmo dividida entre São Paulo e sua cidade natal, Giovana reconhece que Curitiba continua atravessando sua escrita. “Algumas coisas que aparecem em Batida Só são observações que fiz aqui, como as casas com santas nas fachadas ou a disposição dos bairros. O contato com a cidade sempre acaba vazando de alguma maneira para a minha literatura”, afirma a escritora.
Em seu mais recente romance, Batida Só (Todavia, 2025), a autora constrói uma narrativa em que uma arritmia transforma a vida da protagonista e revela a dificuldade de parar diante do ritmo frenético da cidade. Entre fé, ceticismo e encontros humanos, a trama ecoa um olhar sobre a vida urbana que dialoga com o próprio processo de criação da escritora.
Giovana também destaca o papel de festivais literários na ampliação do acesso à literatura e no fortalecimento do diálogo entre leitores e autores. “Não é só mais produzir o livro, mas também ajudar a disseminar cultura e abrir caminho para que discussões se aprofundem no coletivo. Os festivais têm tido esse papel de levar a literatura além dos livros”, comenta.
Para ela, ouvir a recepção de seus textos diretamente do público é uma experiência enriquecedora. “Metade do livro é o escritor que faz, e a outra metade acontece na cabeça do leitor”, diz Giovana.
Palavra, cidade e encontro
Presente também na primeira edição do Festival da Palavra, em 2023, a autora comemora o crescimento do evento. “Curitiba vem se firmando como uma cidade literária no Brasil, com uma produção forte e uma consistência de eventos culturais muito grande. É uma alegria ver o festival ocupar cada vez mais pontos da cidade”, diz, destacando a descentralização desta terceira edição, que leva a programação para 26 espaços culturais.
No III Festival da Palavra, que se estende de 10 a 14 de setembro e mobiliza cerca de 200 autores, Giovana retoma suas raízes curitibanas por meio da literatura e do diálogo público. O Memorial de Curitiba, coração pulsante dessa edição, será o palco dessa troca entre autora e público, em meio à programação que inclui feira de livros, oficinas, performances e diversos bate-papos.
Na Academia
Giovana Madalosso formou-se em Jornalismo pela UFPR e construiu carreira como escritora em São Paulo. Estreou na literatura com A Teta Racional (2016), finalista do Prêmio Clarice Lispector, e consolidou-se com romances como Tudo Pode Ser Roubado (2018) e Suíte Tóquio (2019), este último finalista do Jabuti.
Em 2025, lançou seu romance mais recente, Batida Só, além de se aventurar na literatura infantil com Altos e Baixos (2024). Também neste ano, foi eleita para a cadeira número 24 da Academia Paranaense de Letras, sinal da relevância de sua voz no panorama literário.
Além dos livros, Giovana é colunista da Folha de S.Paulo e coidealizadora de iniciativas literárias coletivas, como Um Grande Dia para as Escritoras. Em suas obras, transita por temas contemporâneos, sempre com uma escrita marcada pela observação atenta da realidade e pela experimentação de novas formas narrativas.
Para o público curitibano, sua presença no Festival da Palavra representa um reencontro com uma voz da cidade que ganhou o Brasil, além da oportunidade de mergulhar em debates que aproximam literatura, identidade e vida em comunidade.
Serviço
Bate-papo Giovana Madalosso e Estrela Leminski
Sábado (13/9), 14h
Teatro do Memorial de Curitiba
(Rua R. Dr. Claudino dos Santos, 79- Largo da Ordem)