Há mais de 20 anos, sempre nesta época do ano, elegantes garças-brancas transformam as copas das árvores do Passeio Público num verdadeiro berçário para a reprodução. As garças chegam em julho e vão embora em março do ano seguinte. Setembro é o auge do período de procriação.
O espetáculo das garças é de grande beleza e chama atenção de quem passa pelo parque ou mora nas vizinhanças. Nem as adversidades do local, afinal o Passeio Público, o parque mais antigo da cidade, é cercado por edifícios e o barulho das ruas, impedem a natureza de seguir seu caminho.
Nesta época do ano, ninhos pipocam na copa das árvores do parque, a espera do nascimento dos filhotes. As elegantes garças-branças chegam a procriar em torno de 80 filhotes. O engenheiro agrônomo Pedro Scherer, ornitólogo autodidata, observa o movimento das garças há 20 anos. Segundo ele, não há uma explicação científica para o fenômeno.
“Não sabemos ao certo o porquê da escolha deste espaço para a reprodução da espécie; o que temos são suposições, como o fato de que tínhamos no Passeio algumas garças da mesma espécie em cativeiro, que podem tê-las atraído”, afirma Scherer.
A bióloga Maria Lúcia Faria Gomes, gerente técnica do Passeio Público, conta que não há qualquer interferência, nem dos técnicos nem dos demais funcionários do parque, no processo de reprodução das garças. “Temos pelas garças muito zelo e a elas dedicamos atenção especial. Elas não alteram a rotina do parque, só reforçamos a limpeza”, conta.
Maria Lúcia diz que os funcionários que trabalham no Passeio Público também apreciam o espetáculo das garças. "Podemos dizer que o espetáculo já se transformou num dos cartões de visita da cidade e já compõe a paisagem da vizinhança", diz.
Ela conta que uma vez um morador de um dos prédios vizinhos ligou para a administração do Passeio Público para reclamar do “sumiço” das garças-brancas. “Como essas aves vão embora lá pelo finalzinho de março, ele certamente imaginou que tínhamos dado fim às garças, que proporcionam para quem mora nos prédios próximos um espetáculo quase particular”.
A espécie - A garça-branca-grande, também conhecida apenas como garça-branca, é uma ave de vasta distribuição e pode ser encontrada em todo o Brasil. Trata-se de uma ave completamente branca, bico longo e amarelado, pernas e dedos pretos. Mede, em média, 90 cm.
No periodo reprodutivo, a garça-branca apresenta enormes egretes – uma plumagem que quando eriçada é também um espetáculo a parte. Se alimenta de presas aquáticas.
Na mídia - No período de procriação das garças no Passeio Público, é comum também ver a beleza do espetáculo da espécie estampada na mídia - da copa das árvores, para as capas de jornais, revistas e internet.
O espetáculo por elas protagonizado rende belas fotos que ocupam, sem cerimônia, as capas de jornais e revistas, são destaques na televisão, no rádio e recebem até comentários poéticos. As “garças do Passeio” também são estrelas na internet.
Fotógrafos, cinegrafistas, blogueiros, jornalistas, ambientalistas, turistas, enfim, pessoas que apreciam cenas como essas, cuja beleza contrasta com a rudeza do cenário urbano, passaram a alimentar o olhar com o espetáculo das garças-brancas do Passeio Público.
“Há tempos observo suas asas elegantes cruzando os céus da cidade, tão logo os raios de sol começam a esquentar o ar nas primeiras horas da manhã", é o trecho de um artigo publicado no blog do especialista em comunicação corporativa Elói Zanetti.