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Cultura

Filme de Eduardo Coutinho em debate na Cinemateca

A Cinemateca de Curitiba promove nesta segunda-feira (26), a partir das 19h, mais uma edição do ciclo de debates "Clássicos do Cinema Brasileiro?, com a exibição do filme "Cabra marcado para morrer" (1964 - 1984), de Eduardo Coutinho. Após a sessão, haverá um debate sobre o filme, com os cineastas paranaenses Luciano Coelho e Eduardo Baggio. Foto: Divulgação/FCC

A Cinemateca de Curitiba promove nesta segunda-feira (26), a partir das 19h, mais uma edição do ciclo de debates "Clássicos do Cinema Brasileiro", com a exibição do filme "Cabra marcado para morrer" (1964 - 1984), de Eduardo Coutinho. Após a sessão, haverá um debate sobre o filme, com os cineastas paranaenses Luciano Coelho e Eduardo Baggio. A entrada é franca. A cinemateca é um dos equipamentos culturais da Prefeitura de Curitiba administrados pela Fundação Cultural de Curitiba.

Organizado pelo premiado diretor paranaense Geraldo Pioli, o ciclo de debates acontece na última segunda-feira de cada mês, com a participação de nomes de destaque na área do cinema. A programação deste ano abriu com o diretor Anselmo Duarte falando sobre um de seus mais importantes filmes, "O Pagador de Promessas" (1962). Depois, foi a vez de "Limite" (1930), de Mário Peixoto, que teve como palestrante convidado o professor e pesquisador Michael Korfmann, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. No mês de maio, o diretor Roberto Farias abordou uma de suas obras mais representativas, "O Assalto ao Trem Pagador", de 1962.

Os integrantes do debate do mês de junho, sobre o filme "Cabra marcado para morrer", são destacados representantes da arte cinematográfica do Paraná. O curitibano Luciano Coelho estudou na Escola Internacional de Cinema e Televisão de Cuba, além de realizar curso de direção e fotografia com Hector Rios, no Chile. Com uma vasta produção - que abrange filmes, documentários e vídeos - e várias premiações, Luciano venceu o Festival do Minuto de Curitiba, em 2002, com o vídeo "Amarelo Vermelho Verde".

Eduardo Baggio, que já foi premiado em festivais brasileiros e internacionais, tem entre suas produções os curtas-metragens "Sonetos" (2002), "28 Anos" (2003), e "Michaud - Entre os Crocodilos e as Serpentes" (2004). Seu trabalho mais recente, "Fotos de Família", recebeu o prêmio de melhor projeto no concurso "Ação 4:3", promovido pela Fundação Cultural de Curitiba, em 2005.

Profundidade e sensibilidade

O filme "Cabra marcado para morrer", que centraliza a edição de junho do ciclo de debates "Clássicos do Cinema Brasileiro", é exemplo da produção de Eduardo Coutinho, considerado um dos mais importantes nomes do documentário brasileiro. Nascido em São Paulo, em 1933, Coutinho tem formação em cinema, teatro e jornalismo, além de ter cursado Direito. Seu trabalho caracteriza-se pela profundidade e sensibilidade com que aborda problemas e aspirações da grande maioria marginalizada, seja em favelas, no sertão ou na boca do lixo.

Em seus filmes, Coutinho é político sem ser panfletário, retratando a emoção humana sem sentimentalismo nem truques. O diretor expõe a realidade com um olhar atento e compreensivo, revelando a verdade dos personagens. Na sua filmografia constam "ABC do Amor" (1966), "O Homem que Comprou o Mundo" (1968), "Exu - Uma Tragédia Sangrenta" (1979), "Fio da Memória" (1991), "Santo Forte" (1999), "Babilônia 2000" (2000) e "Edifício Master" (2002), entre outros. Com uma extensa lista de premiações no cinema, Coutinho também trabalhou como editor, redator e diretor do programa Globo Repórter, da Rede Globo de Televisão.

Retrato histórico

O filme "Cabra marcado para morrer", de Eduardo Coutinho, é um documento singular, no qual personagens, equipe técnica e elenco se integram para revelar a ditadura militar no Brasil, nas décadas de 1960 e 1970. O retrato histórico de um período proibido do país teve início em fevereiro de 1964, com o objetivo de contar a trajetória política do líder da Liga Camponesa de Sapé (Pernambuco), João Pedro Teixeira, assassinado em 1962. Entretanto, com o golpe de 31 de março, as forças militares cercam a locação no Engenho da Galiléia e interrompem as filmagens.

Depois de 17 anos, Coutinho volta à região e reencontra a viúva de João Pedro, Elizabeth Altina Teixeira, e muitos dos camponeses que haviam atuado no início do filme. O resgate do projeto exigiu coragem do diretor, já que foi feito em meio a um lento e perigoso momento de abertura política. A partir dos rolos de filme que conseguiu salvar do original, em 1964, somado à busca da verdade, Coutinho realizou um dos melhores documentários nacionais, resultando no trabalho que mais influenciou a cinematografia documental brasileira moderna.

O filme - que tem no elenco a própria Elizabeth, seus familiares e habitantes de Galiléia (Pernambuco) - documenta os problemas dos sem-terra, dos perseguidos políticos e de uma família vítima da ditadura militar. A narração é de Ferreira Gullar, Tite Lemos e do próprio Eduardo Coutinho.