Você sabia que existe uma capela em Curitiba que já recebeu mais de 17 mil pessoas em um único dia? Ou que sua construção, no final do século XIX, foi um gesto de amor eterno? Esses e outros fatos fazem parte da história da Capela da Glória, um dos marcos arquitetônicos e religiosos mais importantes da cidade.
Nos dias 14 e 15 de agosto, a Capela abre suas portas para a Festa da Glória 2025. Com programação gratuita, o evento reúne fé, música sacra e valorização do patrimônio histórico, mantendo viva uma tradição com mais de um século.
A festa que começou em 1987, um ano depois da sua abertura, foi retomada com a restauração em 2018. A data de 15 de agosto também marca o dia da padroeira do bairro.
“Essa festa tem um caráter cultural, que é a valorização Da música antiga, dos nossos grupos que resgatam esse estilo musical e o próprio rito trentino, repetindo a liturgia da época”, destaca o pesquisador Khae Lhucas Ferreira Pereira. “Mas a festa também reforça que a capela é um patrimônio vivo, não apenas um monumento museológico”.
Curiosidades da Capela da Glória
História de amor
A capela foi erguida em 1896 por Maria Dolores Leão em memória do marido, o comendador Francisco Fasce Fontana. Após a perda do esposo, Maria Dolores casou-se novamente com o advogado mineiro Bernardo Veiga e morou ao lado da capela até o fim de sua vida, fortalecendo ainda mais sua ligação com o local. A capela permaneceu com a família até 2005, quando foi doada à Arquidiocese de Curitiba.
Ligação com a população
Entre as famílias ligadas à sua história estão Fontana, Leão, Veiga e a do próprio Barão do Serro Azul, figura central na economia e na política do Paraná no século XIX.
Multidão histórica
Em um único dia, já recebeu mais de 17 mil fiéis. Na década de 1960, as novenas do Perpétuo Socorro eram celebradas na Capela da Glória e eram tão concorridas, com celebrações de hora em hora, que a Avenida João Gualberto chegou a ser interditada.
Arquitetura
O interior guarda altares de inspiração neoclássica e imagens sacras francesas originais, preservadas há mais de um século. Em sua estrutura existem imagens que remetem a cada uma das famílias históricas.
Preservação
Após uma década fechada, passou por restauração concluída em 15 de agosto de 2018, mantendo suas características originais e garantindo sua abertura ao público.
Programação
14 de agosto, Concerto Salve Regina
A abertura da festa será marcada por um concerto do século XVII. O grupo La Musa Paradisíaca apresenta o programa Salve Regina, que destaca a monodia italiana, estilo vocal que surgiu na virada para o Barroco, dando início à ópera e trazendo novas formas de expressar emoções na música sacra.
O repertório inclui obras de Claudio Monteverdi, Tarquino Merula, Giovanni Rovetta, além de mestres franceses como Marc-Antoine Charpentier e François Couperin. As peças representam a Virgem Maria em diferentes aspectos, da ternura da maternidade à dor da Paixão, até a exaltação como Rainha dos Céus.
Entre os músicos estão a Ana Luisa Vargas (soprano), Diana Danieli (mezzo-soprano), Silvana Scarinci (teorba) e Fernando Cordella (cravo).
15 de agosto, Solenidade de Nossa Senhora da Glória
O dia da padroeira será marcado pela Santa Missa na forma tradicional do Rito Romano, com música sacra e elementos litúrgicos preservados ao longo dos séculos, proporcionando um momento de fé e tradição.
Serviço
Festa da Glória 2025
Capela da Glória (Rua da Glória, 675 – Curitiba)
Entrada gratuita
Quinta-feira, 14 de agosto, às 19h: Concerto Salve Regina, com La Musa Paradisíaca
Sexta-feira, 15 de agosto, às 19h: Missa Solene na forma tradicional do Rito Romano