Cem pessoas já deixaram seus currículos no banco de talentos do Departamento dos Direitos da pessoa com Deficiência (DPcD) este ano. Nesta sexta-feira (30/5), 60 aproveitaram para entregar seu currículo na 2ª Feira Anual de Empregos e Captação de Talentos realizada no local, onde 35 empresas ofereciam 250 vagas. O objetivo é repetir o sucesso dos 27 candidatos que já conseguiram emprego por meio desse recurso de empregabilidade.
“O objetivo é promover a aproximação entre quem precisa contratar trabalhadores com determinado perfil e os candidatos que correspondem às expectativas técnicas dos possíveis contratantes, diminuindo o tempo de contratação. Além disso, apresentamos quem está criando para chegar à autonomia”, explica a responsável pelo Setor de Empregabilidade do órgão, Aline Queiroga. O DPcD integra a estrutura da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Humano (SMDH).
Arregaçando as mangas
Maria Cristiana Kvasnei Krama tem três certificados em cursos técnicos voltados para a área industrial e quer voltar ao mercado de trabalho. Como ela não ouve, foi atendida por um servidor também deficiente auditivo. Ambos se comunicaram pela Língua Brasileira de Sinais (Libras). Otimista com as possibilidades de emprego, exibe o currículo que registra sua passagem por empresas como Electrolux e Risotolância.
Andreia Grober, que tem baixa visão, quer ser auxiliar administrativa. Animada com as possibilidades, pegou três ônibus e foi a primeira a chegar à feira. “As empresas precisam entender que o trabalhador com deficiência visual é diferente e precisa de mais tempo para se adaptar”, disse a candidata.
Empreendendo
O evento reuniu também pessoas interessadas em mostrar e vender seus produtos. Foi o caso de Ronaldo Aparecido Riguete, há 4 meses morador da Unidade de Acolhimento Institucional (UAI) São Bento. Ele está lá desde que sofreu um acidente vascular cerebral (AVC) e teve crises convulsivas.
Foi na UAI que se descobriu artesão. Com sabonete dissolvido em água, ele modela e decora saboneteiras. Já o papelão pintado dá vida a capelas e navios, como se fossem de madeira, enquanto arame retorcido e revestido com material plástico produzem pequenas bicicletas de todos os modelos.
“Uso basicamente as mãos, tesoura sem ponta e cola”, conta o artesão, que também mostrou peças feitas de material emborrachado que podem servir como porta-canetas, suporte para vasos de plantas e peso de porta. “Isso aqui é 1% de tudo que eu tenho pronto”, mostra.
Valdir Gonçalves de Jesus é cego e veio do Umbará, onde mora sozinho, especialmente para apresentar suas criações: chaveiros de miçangas em formato de jacaré, cacho de uvas e coração, além de terços católicos. “Antes eu vendia vassouras. Agora faço essas peças, usando um fio de nylon só, do começo ao fim de cada uma”, conta. Um “jacaré”, conta, leva cerca de 1 hora para ficar pronto.