Sentada na recepção do Centro de Atenção Psicossocial (Caps) Infantil Pinheirinho, dona Maria aguarda a neta Luiza (nomes fictícios), de 15 anos. É o primeiro atendimento da jovem com a psicóloga. “A expectativa é que melhore”, suspira.
O Caps é uma das três unidades que atendem a crianças e adolescentes de Curitiba, todas administradas pela Fundação Estatal de Atenção à Saúde (Feas). Em média, são 1.000 atendimentos por mês – a maioria (60%), meninas. Os principais casos são de transtornos mentais.
Com carinho, Maria conta que cria Luiza desde os 4 anos de idade.
“Ela teve toxoplasmose quando pequena. Isso afetou a visão e o sistema nervoso”, lembra a “mãe-vó”, como se intitula.
Quando surgiram dificuldades na escola, a avó buscou atendimento para Luiza na Unidade Municipal de Saúde (UMS) Salvador Allende, no Sítio Cercado.
Segundo Maria, por ser muito distraída, Luiza já teve de repetir de ano na escola. “Também é muito nervosa”, acrescenta a avó. “Ela já se machucou mais de uma vez”, revela.
Atendimento
Foi o médico que atendeu Luiza no “postinho” quem fez o direcionamento para o serviço. Os Caps infantis atendem casos de transtornos mentais moderados e graves, além de clínica de álcool e outras drogas para menores de 18 anos.
O atendimento é feito por encaminhamento, via Unidades Municipais de Saúde, Unidades de Pronto Atendimento ou rede hospitalar.
Além da unidade do Pinheirinho, Curitiba conta com outros dois Caps infantis: o Centro Vida e Boa Vista, o único do Paraná com leito de acolhimento noturno.
A indicação para inserção nesses leitos é feita a partir da avaliação das equipes especializadas e via Central de Regulação de Leitos em Saúde Mental.
O plano de atendimento para cada paciente é individualizado e com abordagem multiprofissional, pensado a partir da realidade de cada criança ou adolescente e também da família.
A equipe é composta por profissionais de enfermagem, assistente social, terapeuta ocupacional, musicoterapeuta, fonoaudiólogo, psicólogo, psiquiatra e pediatra.
Para a gerente de Saúde Mental da Feas, Juliana Czarnobay, o atendimento infantil tem uma característica particular: “trabalhar com usuários ‘não cronificados’, com maior possibilidade de envolvimento familiar e de forma preventiva”.
Os tratamentos envolvem atendimentos individuais, em grupo (com atividades operativas e psicoterapeutas) e de atividades externas (passeios e festividades).
“O foco sempre é a reinserção social deste usuário e a retomada de vínculos familiares”, destaca Juliana.
Pandemia
Czarnobay observa que o ano de 2022 tem sido de retomada “da real função do Caps”. Isso porque durante a pandemia o atendimento teve de ser contingenciado em razão de protocolos sanitários que restringiam as ações coletivas.
“A dedicação das equipes foi fundamental naquele momento, fazendo monitoramento telefônico dos casos, acolhimento dos novos usuários e atenção à crise, além dos atendimentos individuais quando necessários”.
Feas
A Feas é uma fundação pública, da Secretaria Municipal da Saúde, que administra 27 unidades do SUS de Curitiba, que incluem o Hospital Municipal do Idoso, Hospital do Bairro Novo, a Casa Irmã Dulce – Unidade de Estabilização Psiquiátrica, os Centros de Atenção Psicossocial (Caps), as Unidades de Pronto Atendimento (Upas) e o Serviço Móvel de Urgência e Emergência (Samu).