Uma sessão especial para a exibição do documentário "Itálicos" reuniu nesta terça-feira (11/12) um grupo de 50 pessoas atendidas nos equipamentos da Fundação de Ação Social (FAS) da Regional de Santa Felicidade. O filme faz um registro histórico do bairro. A exibição aconteceu na Casa Culpi, no Butiatuvinha, uma das primeiras edificações da região construída por imigrantes italianos que colonizaram a região.
A exibição foi organizada em parceria entre as equipes da FAS e da Fundação Cultural de Curitiba, em comemoração ao aniversário da imigração italiana na região. Nesse ano, a Prefeitura tem dado apoio as ações que buscam divulgar a história e a cultural local e fortalecer os vínculos entre às famílias e a região.
“É importante conhecer a história de onde se vive para se sentir pertencente de um local”, disse Débora Brandão, Gerente de Proteção Social Especial da FAS na regional Santa Felicidade.
Artesanato em vime
Itálicos mostra a história de Santa Felicidade apresentada por quem vive na região e mantêm a identidade cultural dos imigrantes italianos vindos há 141 anos da região do Veneto. São memórias apresentadas por meio do artesanato em vime, da produção do vinho, do ofício dos ferreiros e das festas populares, rememorando o passado a partir de antigos filmes.
Dirigido por Otavio Zucon, historiador e coordenador do projeto que deu vida ao média-metragem, o filme foi um projeto viabilizado pelo Programa de Apoio e Incentivo à Cultura/Mecenato Subsidiado, da Fundação Cultural de Curitiba.
“O documentário apresenta referencias da cultura popular presentes até hoje entre as famílias que vivem em Santa Felicidade. Ao assistir ao filme muitos se reconhecem e outros aprendem sobre como a história local se constituiu”, disse Otávio, que acompanhou a exibição do documentário.
Histórias da família Culpi
Também assistiram à sessão especial do documentário Hilda e Pedro Culpi, filhos dos primeiros imigrantes da família Culpi que chegaram a Curitiba e integrantes do documentário. A dupla fez um relato aos presentes sobre histórias vividas pela família na casa, construída pelos avós em 1897, e das memórias sobre a região.
“O que seria do futuro se a gente não levasse anexado o que viveu no passado? Parabéns aos envolvidos para que essas histórias possam ser multiplicadas aos que vivem hoje em Santa Felicidade” disse Pedro Culpi.
A dona de casa Jhenifer Carolina de Freitas vive em Santa Felicidade há pouco mais de seis anos, é atendida pelo Centro de Referência de Ação Social (CRAS) Santa Felicidade e participou da tarde cultural junto com os filhos Yasmin, 6 anos e Lorenzo, 1 anos e sete meses.
“É muito bom conhecer mais sobre o lugar que escolhi para viver e criar a minha família. A história das pessoas são inspiradoras”, disse Jhenifer.
A trajetória das famílias que deixaram a Itália para procurar um local melhor para viver agradou a Hermione Toussaint, imigrante haitiana que há quatro anos vive no Brasil.
“Eles vieram para cá e ajudaram a construir a cidade. Também queremos que isso aconteça com a gente”, disse Hermione.
Referências culturais
A equipe do documentário percorreu a região buscando as referências culturais. O processo de pesquisa buscou também recompor parte da trajetória da historiadora Altiva Pilatti Balhana, professora da Universidade Federal do Paraná que, na década de 1950, realizou um importante trabalho de registro dessas atividades
O trabalho da historiadora envolveu extensa pesquisa de campo junto à comunidade, incluindo belas fotografias e filmagens feitas pelo cineasta Vladimir Kozak, membro da equipe à época. Também foram encontrados outros registros sobre o bairro em película, o filme Na Santa Felicidade (1978), do cineasta Valêncio Xavier, e gravações da Festa da Uva (1966).