Estudantes de contraturno da Escola Municipal Paulo Freire, no Sítio Cercado, compartilham lições sobre o uso seguro da internet e qual o comportamento adequado para não cair nas fake news (notícias falsas) divulgadas em redes sociais.
O trabalho, articulado aos conteúdos curriculares, alerta sobre a importância conhecer as fontes e trabalhar com o pensamento crítico e a pesquisa científica.
“Com a internet, a informação ganhou novas formas de divulgação, além de maior velocidade para chegar ao público. Essa realidade trouxe muitos benefícios, mas por outro lado, gerou um grande volume de informações que não são confiáveis”, explicou a professora Sônia Domingues.
As fake news - notícias inventadas geralmente com o objetivo de viralizar na internet e influenciar consumidores e leitores - têm sido usadas na escola durante as atividades de contraturno. Os próprios estudantes buscam as notícias de cunho duvidoso, para depois analisá-las em sala de aula. A ideia é que eles próprios se questionem: essa notícia tem fontes e dados confiáveis? Merece ser acreditada e compartilhada?
Com uso do método de checagem (busca de informações confiáveis e seguras) meninos e meninas levam notícias de interesse para o exercício prático em sala de aula. “A aula se concentra em discutir as notícias e em encontrar formas de checar as informações on-line - buscando as fontes originais dos fatos ou pesquisando em artigos acadêmicos, periódicos científicos, IBGE e sites de tribunais eleitorais, por exemplo”, relatou a professora.
É verdade esse bilhete
De forma lúdica, a professora promove atividades de leitura, produção e interpretação de textos e uma variedade de integração de conteúdos curriculares articulados entre jogos e brincadeiras. Um dos exemplos utilizados é o júri simulado, momento em que os estudantes realizaram o julgamento de uma fake news recentemente compartilhada por milhares de pessoas.
A história começou depois que Gabriel Lucca, 5 anos, forjou um bilhete no qual dizia: “Senhores ‘paes’ (sic): Amanhã não vai ter aula porque pode ser feriado. Assinado: Tia Paulinha”, embaixo da mensagem, vinha escrito “É verdade esse bilhete”.
O bilhete do Gabriel viralizou na web e as pessoas começaram a usar a ideia do garoto para criar brincadeiras dentro de circunstâncias parecidas.
No júri simulado, acusação e defesa apresentaram argumentos sobre a falsa informação elaborada pelo garoto. Um grupo de estudantes representou os jurados que votaram a favor e outros contra uma penalização para o autor.
“Eu achei bem importante participar dessa atividade porque você precisa saber avaliar e conferir o que é real e o que está `maquiado´ como informação. Neste caso foi muito fácil, pois a mãe conhece a letra do filho”, explicou a estudante Elisa Lessnan, de 9 anos.
A `advogada de acusação´, Nataly Vitória Machado, de 10 anos, alerta que o mero compartilhamento de uma fake news pode resultar em pagamento de indenização à vítima da mentira. Ela usou o bilhete para exemplificar.
“O autor faz falso juramento, comete crime de falsidade ideológica, compromete o funcionamento de uma unidade e prejudica a rotina de trabalho da mãe”, argumentou Nataly.
Veja as dicas apontadas pelos estudantes para desmascarar as fake news:
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