A cultura japonesa recebe um reforço especial para sua preservação e difusão na região do Bairro Novo. Esse apoio é dado pela Escola Municipal Paulo Rogério Guimarães Esmanhoto que, além de suas atividades, curriculares incluiu no trabalho sobre bullying conteúdos sobre língua, arte tradicionais e diversas manifestações culturais do Japão. A temática surgiu na turma do quinto ano discutia questões sobre preconceito e brincadeira que oprimem.
Muitas crianças compartilharam as dores sentidas por serem alvos de "brincadeiras" que machucam e a turma toda ficou sensibilizada com a fala de um dos colegas de origem japonesa. “Por suas características orientais o menino contou que sempre vive experiências que causam tristeza, especialmente porque no bairro e na escola há poucas pessoas como ele”, explica a professora Michaela Camargo.
Ao compreender o desassossego de uma identidade sem representatividade, na escola, a equipe de profissionais organizou uma proposta interdisciplinar para compartilhar alguns saberes da cultura japonesa. Com a colaboração do professor, doutor, hoje aposentado, Cláudio Miyagima (Omy), o grupo levou para a escola o anime “Naruto e a turma do bem”, personagens criados para falar sobre convívio social, respeito, cooperação e integração.
Resgatando a autoestima
Sob as orientações de Omy e a ajuda da Turma do bem, meninos e meninas da turma criaram origamis, trabalharam com formas da escrita japonesa, conheceram algumas especificidades das artes marciais, da música, dança e se encantaram ao ouvirem os relatos do professor sobre guerreiros, misteriosos, mascarados, especialistas em iludir e confundir, também conhecidos como “ninjas”.
Os estudantes também meditaram e, com cuidado e afeto, trataram sobre valores essenciais nas relações: respeito, cooperação e integração.
“Este trabalho tem como maior referência, a possibilidade de colaborar com o processo de conscientização e incorporação de valores humanos”, ressalta o professor Omy.
Eduardo Kenji Nisiaymamoto, de 9 anos, é um descendente de japonês. “Às vezes me sinto um pouco solitário, por isso, gostei de ter um professor japonês falando sobre nossa cultura. Também pude apresentar e participar das aulas e agora meus colegas valorizam mais minhas raízes, costumes e respeitam meu jeito de ser”, disse o menino.
Ana Luíza, de 9 anos, ficou empolgada com as atividades e ressaltou “Vou começar falando que foi a melhor aprendizagem da minha vida. Gostei de tudo que nos ensinaram e eu acho que o Brasil é bem diferente, mas eu gostei muito da cultura japonesa e tenho orgulho de ter na escola representantes dela, como nosso amigo Eduardo”, acrescentou Ana Luíza.
O projeto sobre bullying, desenvolvido na Escola Municipal Paulo Rogério Guimarães Esmanhoto, reúne atividades durante todo o ano letivo e tem como premissa tratar das necessidades manifestantes pelos próprios estudantes no ambiente escolar.