Os estudantes do 5º ano da Escola Municipal Nivaldo Braga, no Boqueirão, descobriram que a felicidade pode estar dentro de um envelope. Especialmente porque os destinatários das cartas que eles escrevem são crianças em tratamento em hospitais e idosos que moram em um asilo.
“É uma forma de compartilhar amor. Espero que minha carta ajude minha nova amiga a ficar feliz, coloque um sorriso no rosto enquanto se recupera”, conta Beatriz Chagas, 9 anos.
A ideia surgiu na escola em maio e incialmente, era a continuidade do projeto de Literatura e Produção de Texto do 5º ano, a partir da leitura do livro “O Carteiro chegou”, de Allan Ahlberg.
A proposta foi simples: os estudantes escreveriam cartas para crianças internadas nos hospitais Pequeno Príncipe e Erasto Gaerter e para os idosos do Asilo São Francisco. Acabou virando uma lição de humanidade para crianças e adultos, conta a pedagoga Rozane Zaionz.
“Eles entenderam a troca de correspondência como algo significativo para quem a recebe. É um trabalho humanizador”, diz a pedagoga.
Assim que as respostas às primeiras cartas começaram a chegar, a correspondência à moda antiga se estabeleceu entre estudantes e as crianças que estão em tratamento nos hospitais. De lá para cá, são pelo menos 350 cartinhas trocadas.
A criançada capricha na letra, desenha nos envelopes e, nas respostas, todo o tipo de carinho. Respondem adolescentes, crianças da mesma faixa etária dos estudantes e de quem ainda nem sabe escrever e até de quem não sabe falar: tem cartinha que quem responde são pais de bebês em tratamento nos hospitais.
De cartas a livros
O projeto não parou na escrita. Uma das pacientes contou em sua resposta que gosta muito de ler. O aluno que recebeu essa resposta compartilhou com colegas, professora e todos decidiram arrecadar livros para doar aos pacientes e familiares dos hospitais. Assim, terão mais uma opção de lazer e cultura enquanto aguardam alta.
Em dois dias, uma pilha de livros infantojuvenis, que vai ganhar novos donos, se formou. A comunidade também pode contribuir com essa nova faceta do projeto, levando os livros de literatura em bom estado de conservação até a escola, que serão encaminhados às três instituições.
Fazer o bem não importa a quem
A professora de uma das turmas do 5º ano, Vanessa Ribeiro de Andrade Silka, destaca que a experiência tem elevado a auto-estima dos estudantes.
“Eles perceberam que, por meio das cartas, podem conversar e criar vínculo e se colocar à disposição do outro”, fala.
Não à toa, mal os remetentes enviam suas caprichadas linhas, já pensam como responder aos destinatários, mesmo ainda sem saber quem vai responder.
“Por mais que a gente não saiba para quem está se escrevendo ou se alguém vai responder, vale a tentativa de fazer o bem, fazer alguém sorrir”, diz Lucas de Carvalho, 9 anos.
Entre os primeiros que responderam, houve pacientes com notícias tão boas que o endereço já não é mais o do hospital, e sim o de casa, pois se recuperaram.