O tom azul tomou conta de algumas das unidades da rede municipal de ensino de Curitiba que se mobilizaram nesta quinta-feira (2) para comemorar Dia Mundial de Conscientização do Autismo. Enfeitadas com balões, faixas e fitas na cor alusiva ao tema, profissionais do magistério, estudantes e suas famílias participaram de ações que promoveram reflexões sobre a Síndrome do Espectro Autista que afeta o desenvolvimento nas áreas da comunicação, socialização e comportamento.
Foi o que aconteceu no CMEI Hermes Macedo, no Campo do Santana, onde são atendidas 260 crianças de 0 a 5 anos, três delas com autismo. O CMEI foi todo decolado em azul e as famílias vestiram o mesmo tom para participar de uma espécie de “cavalgada”, um desfile pelas ruas do bairro com apresentação de cavalinhos de madeira decorados pelas crianças com a ajuda das famílias.
O trabalho com os cavalos foi uma homenagem ao trabalho de Equoterapia, feito pela polícia militar. A equoterapia é uma alternativa terapêutica para crianças com necessidades especiais e com autismo.
Entre os participantes estavam João Paulo Bially e Marizangela Bially, pais do Evandro, de 3 anos. Em homenagem ao filho autista, a família vestiu azul, com uma camiseta semelhante ao do Super Homem. "Somos super-heróis, vestimos a camisa e apoiamos em tudo o nosso filho”, disse a mães que contou a segurança que sente no trabalho feito com o filho no CMEI. “Temos muita segurança e tranquilidade no atendimento que ele recebe e neste dia nosso apoio deve ser integral a causa", disse Mariangela.
Outra mãe que fez uma pausa nas atividades do dia para acompanhar o desfile foi Suelen Dubiginski, mãe do pequeno Bernardo Dubiginsk, de 2 anos. O diagnóstico de autismo foi feito há um ano e meio e de lá para cá, Suelen estudou e pesquisou muito sobre o assunto. “Estamos muito contentes com o estímulo que ele tem recebido no CMEI. Percebo que o trabalho em parceria entre afamília com a creche tem feito a diferença no tratamento dele". Disse Suelen.
Para as crianças o dia foi de muita diversão. "Fiz um cavalinho de madeira junto com meu pai, minha mãe e minha irmã, especialmente para o desfile" disse Kleyton Natan Marques da Silva, de 4 anos.
Respeito
Em diferentes unidades escolares foram desenvolvidas exposições, oficinas e ações de inclusão para informar sobre o autismo e estimular o respeito à diversidade. Na Escola Municipal Miracy Rodrigues de Araújo, no Bairro Novo a programação ocorreu ao longo do dia e envolveu os 630 estudantes das turmas do pré ao 5º ano. Um túnel foi montado no pátio da escola para intensificar os sentidos da audição, olfato e tato. Também aconteceramatividades de comunicação alternativa, para simular o desafio da criança autista com a comunicação.
"Além das exposições e materiais diferenciados, neste dia pensamos na possibilidade de que cada um pudesse vivenciar os sentidos humanos com toda a intensidade, por isso o Túnel das Sensações", disse a diretora da escola, Denise Garsztka.
Produções das crianças autistas e dos colegas a partir da percepção que têm sobre o autismo coloriram as paredes da escola. Famílias fizeram relatos e ajudaram a informar as pessoas sobre a síndrome que só no Brasil acomete aproximadamente 2 milhões de pessoas, segundo dados da segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Vanessa Cassiano dos Santos, mãe do estudante Fabrício Cassiano Mendo, contou como é a rotina como filho autista, sobre a fase do diagnóstico e o apoio encontrado na escola. “Nestes seis minutos de hoje estou revivendo seis anos de história do Fabrício e isso é muito emocionante, ficará marcado para sempre em minha memória”, disse Vanessa.
A inclusão e o trabalho personalizado feito como filho na escola foram destacados por Vanessa. “É emocionante ver a interação de toda a escola, as boas práticas e o trabalho para deixar os autistas cada vez mais a vontade no universo escolar".
Outra atração foi a apresentação do Teabot, um robô desenvolvido pelos estudantes da equipe de robótica da escola Municipal Prefeito Omar Sabbag. Os meninos e meninas da escola localizada no Cajuru levaram para os colegas da escola do Bairro Novo a máquina que foi criada por eles para ajudar no aprendizado de crianças autistas.
O robô tem formato de um boneco com o corpo de tecido almofadado, esqueleto formado de peças Lego e com um tablete acoplado na barriga. Sensores no corpo do boneco são acionados a partir do toque do corpo da criança fazendo com que o robô movimente os braços, para corresponder ao abraço. No tablete acoplado na barriga do robô, as crianças têm acesso a aplicativos educacionais que estimulam a percepção, a habilidade, a atenção, a memória e o raciocínio.