Texto: Cristina Rios/Secom
O empreendedorismo segue em alta em Curitiba. A capital registrou um crescimento de 36% no número de empresas abertas no primeiro semestre de 2025. Foram 36.972 novas empresas abertas nos primeiros seis meses do ano, contra 27.131 no mesmo período do ano passado, segundo levantamento realizado pela Secretaria de Planejamento, Finanças e Orçamento.
Economia aquecida, emprego em alta, avanço do consumo interno e do turismo e redução da burocracia têm ajudado a impulsionar os negócios em Curitiba.
Os setores que mais puxaram esse crescimento foram apoio técnico, jurídico e contábil, com 10.238 novas empresas, seguidos por construção civil (2.918), assistência técnica (2.768), saúde (2.713), educação e treinamentos (2.227), academias e centros de estética (1.830), alimentação domiciliar (473), comércio de vestuário e acessórios (655), lanchonetes e similares (358) e restaurantes (306).
Sonho doce
Há um mês, Rosângela Mattos realizou o sonho de ter sua própria empresa, a brigaderia Doce Rosa. “Eu vendia meus brigadeiros na rua, com minha cesta, de loja em loja, e fui formando uma clientela fiel. Juntei minhas economias e finalmente investi no meu próprio negócio. É desafiador, mas estou muito feliz, cheia de sonhos e expectativas para o futuro”, diz ela, que vende brigadeiros e outros docinhos, tortas e salgados na loja montada no Mercado Municipal Capão Raso.
Rosângela Mattos, empreendedora.
Quem também apostou no caminho empreendedor foi Jonas Ortiz, engenheiro que trocou um emprego em uma indústria na Cidade Industrial de Curitiba pelo varejo do vestuário. Em 2020, fundou a rede de lojas de roupas Moda Brasil com a esposa, e hoje já comemora a quarta unidade. Em maio, ele abriu a mais nova loja na cidade, localizada no Mercado Capão Raso.
“É uma região boa, eu vi que tinha potencial tanto o ponto quanto o público, que dava ‘match’ com o tipo de produto que eu vendo e a faixa de preço. E além disso a nova loja vai atender a nossa operação de e-commerce, que vem crescendo de maneira consistente nos últimos anos”, diz ele. Segundo Ortiz, abrir seu negócio foi tranquilo e rápido. “Minha família já trabalhava no ramo, então tive uma boa base. E o processo administrativo também foi rápido. Em três semanas eu já tinha meu CNPJ”, ressaltou.
Jonas Ortiz, empreendedor.
Agilidade
Um dos fatores que impulsionam essa onda empreendedora em Curitiba é a agilidade no processo de abertura de empresas. O secretário de Planejamento, Finanças e Orçamento, Vitor Puppi, lembra que Curitiba é atualmente a mais rápida do país nesse quesito, com média de apenas duas horas para a emissão do CNPJ.
“Estamos removendo obstáculos históricos, como a burocracia, e criando um ambiente favorável aos negócios. É papel do poder público ser um facilitador, não um empecilho”, afirma. A cidade também conta com 606 atividades enquadradas na Lei da Liberdade Econômica, que elimina a exigência de licenças para negócios de baixo risco.
De acordo com o economista Lucas Dezordi, professor da PUCPR e assessor da Fecomércio, o avanço do chamado modelo de “pejotização” também tem impulsionado a criação de empresas. A forma de trabalhar está mudando. Muitos profissionais têm optado por prestar serviços como pessoa jurídica, o que acelera o número de CNPJs registrados”, explica. Setores como mercado financeiro, engenharia, contabilidade, direito e assistência técnica são alguns que puxam essa tendência.
Turismo
A valorização do turismo curitibano também se reflete no empreendedorismo local. Guilherme Romani, dono da loja de cachaças e licores Onça Bêbada, inaugurou recentemente sua terceira unidade, na galeria Arcadas de São Francisco, no centro histórico.
“Hoje, metade do nosso público é formado por turistas. Com a nova unidade conseguimos mais espaço, tornando a loja também um local para venda de drinks e realização de eventos culturais. Fizemos eventos de rap, brasilidades e ainda um arraial junino”, conta o empresário, que é formado em gastronomia e se inspira em elementos da cultura brasileira para criar seus produtos. Inclusive, conta ele, o nome Onça Bêbada é inspirado em outras “onças” famosas, como a carne de onça curitibana, o “leite de onça”, do norte do País, e a caninha oncinha, do interior de São Paulo.
Para o vice-prefeito e secretário municipal de Desenvolvimento Econômico e Inovação, Paulo Martins, esse crescimento reflete o momento atual do cenário para negócios na cidade.
"Cada vez mais Curitiba cria condições que estão facilitando a vida de quem sonha empreender. Desde o tempo de abertura da empresa até o acesso a programas de capacitação, e inovação, temos trabalhado para que o empreendedor encontre um ambiente acolhedor e eficiente. Estamos em um momento positivo para quem quer investir e gerar oportunidades”, disse.
Bairros
A busca pela abertura de novas empresas se destaca em alguns bairros da cidade. No primeiro semestre, os mais procurados foram: Cidade Industrial de Curitiba (CIC), com 2.732 registros; o Centro (2.669); Sítio Cercado (1.651); Cajuru (1.401); Boqueirão (1.321) e Água Verde (1.265).