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Em dois meses, Operação Inverno 2025 fez quase 13 mil abordagens a pessoas em situação de rua em Curitiba

Em dois meses, Operação Inverno 2025 fez quase 13 mil abordagens a pessoas em situação de rua em Curitiba. Foto: Hully Paiva/SECOM


Em desenvolvimento desde 15 de maio, a Operação Inverno 2025 já fez 12.981 atendimentos a pessoas em situação de rua em Curitiba. Coordenada pela Fundação de Ação Social (FAS) e pela Defesa Civil, a ação busca proteger a população mais vulnerável durante os meses mais frios do ano. O trabalho seguirá até 22 de setembro, mas poderá ser estendido caso o frio continue na cidade.

O número de abordagens representa o total de atendimentos realizados pelas equipes, e não de pessoas, já que um mesmo indivíduo pode ter sido abordado mais de uma vez. Do total, 59,4% (7.711) ocorreram depois de solicitações feitas pela população à Central 156, o que demonstra a preocupação dos curitibanos em proteger quem está na rua em desabrigo.

Outros 37,9% (4.925) foram resultado da busca ativa das equipes da FAS, que percorrem a cidade à procura de pessoas em situação de rua, e 2,7% (345) partiram de pedidos feitos por telefone por terceiros.

Para o presidente da FAS, Renan de Oliveira Rodrigues, a Operação Inverno é um esforço coletivo que reúne estrutura, pessoas e cuidado. 

“Nosso objetivo é que ninguém precise enfrentar o frio nas ruas geladas. Temos uma rede preparada para acolher com dignidade e contamos com o apoio da população para chegar a quem mais precisa”, diz.

Ações intensificadas

Em dois meses de operação foram realizadas 24 ações intensificadas de acolhimento, desencadeadas sempre que as previsões indicaram temperaturas iguais ou abaixo de 8 °C, o que aumenta o risco de hipotermia. Somente no mês de julho foram registradas 11 noites consecutivas de ações de reforço.

Aceites e recusas

Entre as 12.981 abordagens, 4.727 resultaram no acolhimento das pessoas abordadas, que aceitaram seguir com as equipes para as unidades da rede municipal. Em 5.942 situações, os abordados preferiram permanecer nas ruas, mas receberam orientações sobre os riscos do frio e sobre os serviços disponíveis. Em outras 2.312 abordagens, as pessoas se recusaram a falar com os educadores sociais.

Para os que não aceitaram acolhimento e estavam pouco agasalhados, as equipes distribuíram 2.163 cobertores e 526 mantas térmicas.

Perfil das pessoas

A maioria das pessoas abordadas foi de homens, com 11.124 atendimentos, o que representa 85,7% do total. As mulheres somaram 1.828 abordagens (14,1%), enquanto pessoas trans representaram 0,2%, com 29 atendimentos registrados.

A Regional Matriz foi a área com maior concentração de abordagens sociais, com 6.973 atendimentos, mais da metade do total realizado em toda a cidade. Na sequência aparecem as regionais Portão, Cajuru, Boqueirão e Pinheirinho. Já o menor número de atendimentos ocorreu na Regional Tatuquara, com 383 abordagens, seguida por Bairro Novo, Santa Felicidade, CIC e Boa Vista.

Acolhimento estruturado

A média diária de acolhimento durante o período da Operação Inverno é de 1.496 pessoas atendidas por noite. O recorde de acolhimento foi registrado no último da 2, com 1.602 pessoas abrigadas em uma única noite. Em noites de temperaturas mais amenas, a média é de 1.400 acolhimentos.

Entre os 4.727 acolhimentos realizados, 4.097 pessoas foram levadas para casas de passagem e outras 91 seguiram para hotéis sociais mantidos pelo município.

Houve ainda encaminhamentos para a Centros de Referência Especializados para População em Situação de Rua (Centro POP), Centros de Referência Especializados de Assistência Social (Creas), Casa da Acolhida e do Regresso (CAR), Casa da Mulher Brasileira e apartamento social.  

Durante as abordagens, 77 pessoas decidiram retornar para suas famílias, depois de conversarem com as equipes e em 42 situações, foram localizadas pessoas que já tinham vaga de acolhimento, mas que haviam saído das unidades. Além disso, nove crianças foram encontradas em situação de rua e o Conselho Tutelar foi acionado para garantir a proteção.

Alívio no frio

Para fugir do frio, Vinícius Gabriel Fernandes, 23 anos, procurou espontaneamente por atendimento e foi encaminhado para acolhimento na Casa de Passagem Doutor Faivre, no Centro. “É importante para minha saúde mental saber que eu posso contar com a casa de passagem”, diz o rapaz, que já vive em situação de rua há 12 anos. Ele conta que além de acolhimento, foi encaminhado para um Centro de Atenção Psicossocial (CAPs) e para fazer novamente a documentação civil.

Rede preparada para atender

Curitiba tem atualmente 1.640 vagas de acolhimento permanente, além de 83 vagas emergenciais, sendo 80 destinadas a homens e três a mulheres. A cidade possui 33 unidades de acolhimento, das quais 19 são exclusivas para pessoas em situação de rua.

Nesses espaços, além de proteção contra o frio, os acolhidos recebem alimentação, roupas limpas, itens de higiene e um ambiente seguro para passar a noite. Caso a demanda supere a capacidade da rede, a Prefeitura pode acionar o Plano de Contingência Municipal, que prevê a abertura de abrigos provisórios em espaços públicos ou comunitários.

A Operação Inverno envolve dez secretarias municipais.

Saúde também está nas ruas

Entre as secretarias que participam da Operação Inverno está da Saúde, que oferta serviços do Consultório na Rua e do Samu. Desde 15 de maio, as equipes de saúde do Consultório na Rua já realizaram 182 abordagens, com 161 atendimentos de saúde, 16 encaminhamentos para serviço de saúde e 29 encaminhamentos para abrigamentos pela FAS. Já o Samu foi acionado 237 vezes durante a Operação Inverno, para atendimentos de urgência e emergência.

"Durante a Operação Inverno, as equipes do Consultório na Rua atuam garantindo o acesso da população em situação de rua aos serviços de saúde de Curitiba, apoiando a equipe de monitoramento na identificação dos casos de maior vulnerabilidade e sensibilizando essas pessoas para o acolhimento oferecido pela FAS”, explica a coordenadora do Consultório na Rua, Patrícia Vestergaard Dias.

Apoio da população

A Prefeitura reforça que a população pode colaborar com a operação. Quem vir alguém em situação de rua pode acionar a Central 156 — por telefone, site ou aplicativo Curitiba 156.

As equipes estão preparadas também para acolher pessoas que estejam acompanhadas de animais de estimação. As vans da FAS contam com caixas de transporte para animais de até médio porte, e o acolhimento ocorre na unidade da Praça Plínio Tourinho, que possui estrutura com canis.