Ir para o conteúdo
Prefeitura Municipal de Curitiba Acessibilidade Curitiba-Ouve 156 Acesso à informação
Do analógico para o digital

Dia do Inventor: "Professor Pardal" transforma microfilmadora antiga em scanner de grandes formatos

Sérgio Murilo Loos e Fábio Pessine posam ao lado da sua criação: projeto bem sucedido. Foto: Divulgação

Há alguns anos, o Arquivo público Municipal de Curitiba, instituição que guarda documentos preciosos que narram a história de Curitiba desde 1797, se viu diante de um dilema: a impossibilidade de fornecer imagens de grandes plantas de projetos solicitadas por cidadãos.

Os equipamentos existentes não comportavam o tamanho das plantas, que naquela época não seguiam as diretrizes da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e os projetos eram confeccionados de acordo com o critério de cada arquiteto ou engenheiro.

A única solução à vista estava na aquisição de um plotter novo, equipamento de custo elevado (cerca de U$ 1,2 milhão na época) o que esbarrava na falta de orçamento.


Grande desafio

A situação criou um grande desafio para o gerente de Digitalização e Tecnologia do Arquivo Público Municipal, Fábio Adriano Pessine, e sua equipe. Desafio que foi prontamente aceito.

A missão era transformar uma antiga microfilmadora Recordak em um grande scanner. A tarefa não era nada fácil porque as peças de reposição não existiam mais no mercado e a única forma era adaptar o sistema com os novos materiais. Foi um projeto realizado com muitas mãos, entre elas as do eletricista da Smati, Gilmar Lapóia Matias Lenzi, que fez toda fiação da nova máquina.

“Ela foi totalmente refeita: a parte elétrica que era antiga foi substituída. Estamos falando de uma máquina de 1968, 1969, que tinha transistores antigos que foram retirados e foi tudo renovado e o sistema já adaptado para comportar uma câmera digital”, explicou Fábio.

OUÇA AQUI
Fábio Adriano Pessine, gerente de Digitalização e Tecnologia do Arquivo Público Municipal.


No preview available
No preview available
No preview available


Surgiu o Professor Pardal!

Trazer a velha Recordak à vida rendeu ao gerente de digitalização o apelido de Professor Pardal, o inquieto inventor das revistas em quadrinhos da Disney. O feito ganha significado especial neste dia 4 de novembro, quando é comemorado o Dia Inventor no Brasil.

Fábio acha graça do apelido, mas recebeu a deferência como uma homenagem e um prêmio pelo esforço.

A reforma na velha máquina também incluiu a retirada de um tablado de madeira substituído por dois vidros, um deles jateado e com retro iluminação por baixo, que permite a captura de documentos mais delicados, confeccionados à base de papel de seda, papel vegetal, fotolitos e radiografias.

Macaco de automóvel

Para gerir a plataforma onde as plantas e projetos são assentados, foi adaptado um macaco usado para trocar pneus de automóveis.

“Colocamos um macaco porque daí a gente consegue compensar e fazer a planificação do tampão de vidro e podemos fazer desde uma folha fininha, que é um projeto, até um livro grosso eliminando o efeito de ondulação na foto”, explicou Fábio.

OUÇA AQUI
Fábio Adriano Pessine, gerente de Digitalização e Tecnologia do Arquivo Público Municipal.


No preview available
No preview available
No preview available


Mais de 60 mil imagens coletadas

Para completar o conjunto de melhorias, foi instalada uma câmera Cannon EOS 600, que tem comando de altura e zoom geridos por computador e faz a captura das imagens, que posteriormente são editadas e arquivadas.

“Nós já passamos mais de 60 mil imagens nessa máquina. Por ser um processo mais lento, é um grande volume. Diferente de um plotter que tem autonomia de mil páginas por dia, aqui por ser um sistema de fotos e ter que levantar e planificar o documento, porque é um documento mais sensível, então demora um pouquinho mais”, relatou.

OUÇA AQUI
Fábio Adriano Pessine, gerente de Digitalização e Tecnologia do Arquivo Público Municipal.


No preview available
No preview available


Máquina velha não fica parada

Embora a recriação da Recordak seja considerada um grande feito, o “Professor Pardal” do Arquivo Público não parou por aí.

Uma leitora de microfilmes da marca Dukane, adquirida pela Prefeitura de Curitiba nos anos 1970, que estava encostada voltou a funcionar assim que passou pelas mãos do Fábio.

“Aqui máquina velha aqui não fica parada. Nós logo achamos uma utilidade para ela”, comentou.

Para recuperar a leitora de microfilmes foi necessário fazer uma adaptação para a máquina receber uma lâmpada de LED usada em automóveis. O principal motivo foi que o modelo de lâmpada halógena exigido pelo equipamento não era mais fabricado.

A mudança trouxe duplo benefício: além de colocar a máquina novamente em funcionamento, a lâmpada de LED preserva os microfilmes que são afetados pelo calor excessivo gerado pelas lâmpadas halógenas.

Inovação para digitalizar negativos

Para suprir a necessidade de digitalizar os milhares de negativos que aguardam na fila do Arquivo, Fábio idealizou um modelo de minilaboratório. Com ajuda do servidor Sérgio Murilo Loos, criou caixas retangulares de metal, com uma lâmpada acoplada para leitura de negativos e uma máquina fotográfica para captar e imagem digitalizada. O negativo é posicionado numa abertura feita num antigo disquete de computador.

“A caixa foi projetada para fazer captura de negativos fotográficos e slides monocrômicos, diapositivos, que nós temos um grande volume que torna mais de um milhão e meio de fotos em negativos para fazer a conversão e captura”, citou Fábio.

Por este sistema já foram coletadas imagens de 20 mil negativos. São imagens preview (em baixa resolução) para não sobrecarregar o sistema.

Disposição e criatividade

Nesse esforço para dar mais volume à digitalização de negativos, Fábio e Sérgio também criaram um suporte de plástico nas dimensões da prancha de um scanner de mesa. A estrutura é vazada com espaços nas dimensões dos negativos, o que facilita a captura de vários deles de uma vez.

Ainda tem muito trabalho pela frente para dar conta de digitalizar os milhões de documentos de fotografias em negativos que aguardam na fila, um grande desafio que toda a equipe do Arquivo Público Municipal encara com muita disposição e criatividade.