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Santa Cândida

Desenvolvimento do bairro: dos secos e molhados aos prédios da Avenida Paraná

Avenida Paraná no bairro Santa Cândida. Curitiba, 15/04/2025. Foto: Hully Paiva/SECOM





Texto: Mirela Maganini Ferreira
Secretaria Municipal da Comunicação Social



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Muito mudou desde que Theodoro Makiolka, um dos primeiros comerciantes da antiga colônia do Santa Cândida e que dá nome a uma das principais ruas do bairro, abriu uma mercearia de secos e molhados na antiga Estrada da Graciosa, hoje Avenida Monteiro Tourinho. O Armazém Bairro Alto de Theodoro Makiolka foi aberto na década de 20 e cresceu. Em 1932, Makiolka mandou construir no mesmo local do antigo paiol de madeira uma casa de alvenaria para abrigar o novo armazém.  








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“O local vendia de tudo, de alfinete ao foguete, como diziam os antigos. Tinha gordura, fumo, fubá, trigo, querosene, ferradura, uma infinidade de produtos”, diz o bisneto de Makiolka, Leandro Marthaus, que guarda com todo cuidado a antiga caderneta de fiados do primeiro armazém.



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O endereço também funcionava como uma espécie de posto dos correios. “Theodoro ajudava os outros moradores a escrever cartas para os parentes que moravam fora país e aqui também era ponto de parada dos ônibus,” conta Leandro.    

Hoje, ele administra no local o Bar Makiolka, que ainda mantém preservadas características originais do prédio, como o balcão e o piso hidráulico da década de 30. 

Referências: Os armazéns na cidade, a cidade nos armazéns. Sandro Moser e Cleusa de Castro. Curitiba, Editora Transpira, 2024.  

Educação na Colônia Santa Cândida

O Colégio Estadual Santa Cândida guarda uma parte importante da história do bairro. Entre os colonos da época, havia a preocupação com a educação dos filhos, que se dedicavam exclusivamente ao cultivo da terra ao lado da família. A pedido dos colonos, o padre Leon Niebieszczanski, primeiro cura residente na colônia Santa Cândida, solicitou à Congregação das Irmãs Franciscanas da Sagrada Família de Maria, na Polônia, auxílio para iniciar um trabalho de educação religiosa e a criação de uma escola no Santa Cândida. 

A primeira turma de 64 alunos estudava em uma casa alugada e simples. A alfabetização inicial era em polonês e incluía caligrafia, aritmética, leitura, religião, história e geografia da Polônia e do Brasil. 



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A primeira escola construída em alvenaria ficou conhecida como Casarão e foi erguida em 1922 na Rua Theodoro Makiolka, por iniciativa do padre Paulo Warkocz. Em 1938, veio a licença da Secretaria Estadual de Educação do Paraná para o funcionamento e em 1942 o local ganhou o nome de Escola de Santa Cândida.  

O Casarão, próximo da atual sede do Colégio Estadual Santa Cândida, foi restaurado, preservando as características do prédio construído em 1922. É utilizado para atividades culturais e artísticas e guarda um acervo com materiais e objetos que contam a história do colégio.



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O Colégio Estadual Santa Cândida conta atualmente com 2.300 alunos nos anos finais do Ensino Fundamental, Ensino Médio Regular e cursos técnicos. No contraturno, oferta aos alunos aulas de desenho, canto e atividades esportivas e culturais para preservar a cultura polonesa.  

Referências: 100 anos educando gerações: 1912-2012. Pesquisa realizada pela Ir. Regina Mika. Curitiba, PR: Colégio Estadual Santa Cândida, 2012.      

Expansão e desenvolvimento urbano no Santa Cândida



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As obras da Prefeitura de Curitiba no início dos anos 50 para construir a continuação da Avenida João Gualberto transformaram o bairro Santa Cândida, que era essencialmente rural, em área com crescente urbanização. 

No ano do centenário de emancipação política do Paraná, em 1953, o prolongamento da Avenida João Gualberto, que fazia a ligação dos bairros Cabral ao Santa Cândida, ainda não era pavimentado. Nesse período, as carroças começaram a dividir espaço com os primeiros veículos que circulavam no trecho de terra da nova avenida. 

O jornalista e pesquisador Raul Guilherme Urban explica que o trecho final desta via, denominada Avenida Paraná, foi aberto durante a gestão do prefeito Erasto Gaertner (1951 a 1953) e avançava pela propriedade da Paróquia de Santa Cândida. Em 1966, a Prefeitura de Curitiba demoliu a antiga casa canônica da Paróquia de Santa Cândida, que existia desde 1906. “Esse espaço deu lugar a uma praça no fim da Avenida Paraná, recém-asfaltada, até a altura do terreno da referida paróquia. Conforme dados do censo, em 1965 cerca de 500 mil pessoas habitavam a capital, e o intuito da administração municipal era levar o progresso mais perto à então, até ali, isolada Colônia Santa Cândida”, ressaltou Urban.

Do primeiro Expresso ao terminal solar



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O desenvolvimento urbano na década de 60 foi definido pelo Plano Diretor de 1966, elaborado durante o governo do prefeito Ivo Arzua, (1962-1966 e 1966-1967), e dividiu a cidade em eixos estruturais.   

A supervisora de Transporte do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), Olga Prestes, explica que as avenidas João Gualberto e Paraná integravam o eixo Norte, criado para orientar a expansão de Curitiba do Centro para os bairros da região Norte, concentrando edifícios, comércios, serviços e moradias. Em setembro de 1974, na gestão de Jaime Lerner, foi implantada a primeira linha do ônibus Expresso no corredor Norte-Sul, com oito ônibus do Santa Cândida à Praça Rui Barbosa, transportando cerca de 12 mil passageiros por dia.

O Terminal Santa Cândida foi um dos primeiros do município, construído em 1982. Em 2024, o terminal ganhou o Ligeirão Norte/Sul, com a proposta de reduzir em 15 minutos o tempo de deslocamento entre o Santa Cândida e o Pinheirinho. No terminal, a Prefeitura implantou também a primeira usina de energia fotovoltaica sobre a cobertura de um terminal de ônibus, gerando energia renovável e economia para o município. 

Referências: Revista Espaço Urbano. Publicação do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc),  n°17, dezembro de 2024.