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Aposentadoria

Depois de 28 anos cuidando dos animais, José Cícero se despede do Zoológico

Depois de passar 28 como tratador de animais no Zoológico, o servidor da prefeitura se aposenta. Na imagem, José Cícero Gonçalves. Curitiba, 01/02/2022. Foto: Levy Ferreira/SMCS

José Cícero Gonçalves já tratou de babuíno, de girafa, de hipopótamo, leão e jacaré. Por 28 anos, ele foi tratador de todo tipo de animal no Zoológico de Curitiba, e se aposentou em fevereiro de 2022. “Mas me dói o coração dizer adeus. Porque a gente pega muito amor nos bichos, não tem jeito”, relatou, emocionado.

Durante quase três décadas, foi ele quem cuidou de parte dos bichos no Zoo. Seu trabalho não era só alimentar os animais, mas também limpar os ambientes e garantir o bem-estar dos ‘hóspedes’. É o tratador quem fiscaliza se o bicho está comendo direito, e observa se houve alguma mudança de comportamento.

Agora que está aposentado, Cícero planeja conhecer os lugares da cidade que ainda não visitou, descansar e cuidar de sua chácara, que fica na Região Metropolitana de Curitiba.   

 

Um trabalho muito importante

“Quando comecei a trabalhar aqui, morria de medo de todos os bichos”, recorda Cícero. Com o tempo, passou a limpar o recinto onde ficam as harpias – uma das aves de rapina mais fortes do mundo, a maior de florestas tropicais, e um animal nada amigável –, e hoje conta que já até segurou uma com as próprias mãos. “É tudo questão de técnica. Hoje nenhum me assusta, se precisar entro até dentro da casa das onças”, brincou ele.

Ele destaca que o trabalho sempre foi divertido, e aprendeu a amar todos os moradores do Zoo. “Cada um é amável de um jeito diferente. Gosto de todos, sem favorito”. Os 28 anos de experiência ensinaram Cícero que o Zoológico não é só lugar de passeio, mas uma importante ferramenta para a proteção animal.

“Os animais são resgatados. Ou não têm condições de retornar ao habitat ou estão em fase de recuperação. Por isso sempre precisam de cuidados, e estamos aqui para cuidar, é um trabalho muito importante. Eu corria de um lado para o outro o dia todo. Sempre tinha algo que precisava de atenção, faça chuva ou faça sol”, explicou Cícero durante um passeio pelo Zoológico.

Enquanto caminhava, ele parou e observou as lhamas: “Acho que é a primeira vez que faço isso desde que cheguei aqui: fazer um passeio pelo Zoo, apreciar a caminhada. Nunca estive aqui como turista, era sempre para cuidar dos bichos”.

O homem que resgatou os jacarés

Contratado em 1994 como auxiliar administrativo operacional, ele trabalhou como tratador, auxiliou no resgate de animais e foi chefe da divisão de tratadores nos últimos dois anos.

Nas quase três décadas, também cuidou de alguns dos animais do Passeio Público e viveu momentos marcantes da história do Zoo: em 2008, José Cícero foi parte da equipe que resgatou um jacaré-de-papo-amarelo (Caiman latirostris) encontrado no Parque Barigui, e que estava ameaçando os visitantes. Entre os servidores do Zoológico, ele é conhecido como o homem que resgatou os jacarés.

Cícero relembra que a caçada levou dias, e que o réptil sempre nadava para algum ponto inacessível quando a equipe da Secretaria Municipal do Meio Ambiente se aproximava. As primeiras tentativas de resgate também foram frustradas pela aglomeração de frequentadores do parque, que se juntavam para acompanhar a busca e afugentavam o réptil.

Cícero conseguiu resgatar o jacaré em um dia pela manhã, quando o fluxo de pessoas ainda era pequeno e o animal repousava próximo a uma das margens.

Em 2012, resgatou outro jacaré, da espécie jacaré-do-Pantanal (Caiman yacare), que é uma espécie exótica em Curitiba e pertence ao Pantanal mato-grossense. Depois de alguns meses no Zoológico, Cícero lembra que o animal foi devolvido ao habitat, no Mato Grosso.