Uma iniciativa da Secretaria da Mulher e Igualdade Étnico-Racial (SMIR), realizada por meio do Centro de Referência Afro Enedina Alves Marques (CREAFRO), conta histórias ainda pouco conhecidas em Curitiba. Foi assim que surgiu a Rota Afro Curitibana, um projeto que convida a população a redescobrir a cidade pelos olhos e pela história da população negra.
A rota é uma visita guiada por pontos emblemáticos da presença negra em Curitiba e tem como missão dar visibilidade às contribuições históricas, sociais e culturais dos negros e negras na formação da cidade, além de promover o letramento racial. A iniciativa é gratuita e tem encantado jovens e educadores com uma experiência rica em conhecimento, memória e pertencimento.
Nas próximas semanas, o projeto receberá dezenas de estudantes do CIEE (Centro de Integração Empresa-Escola: instituição que promove a inserção de jovens no mercado de trabalho por meio de programas de estágio e aprendizagem) e da Espro (Ensino Social Profissionalizante: organização sem fins lucrativos que oferece formação socioprofissional gratuita para adolescentes e jovens em situação de vulnerabilidade, com foco na inclusão no mundo do trabalho). Serão mais de 350 pessoas impactadas só neste mês de julho.
Para a jovem aprendiz Roberta França Silva, de 19 anos, a rota foi um divisor de águas.
"A gente aprende na escola sobre a escravidão, mas não aprende sobre a força, as conquistas e a cultura que vieram junto. Caminhar por esses lugares me fez entender que essa história também é minha”, declara.
Raphael da Silva Gandolfi Ancelmo, 17 anos, também jovem aprendiz, considera a rota um novo aprendizado. Ele conta que não tinha nenhuma informação prévia sobre a participação negra na formação da cidade.
Além das turmas escolares, o projeto também abre espaço para a comunidade. Toda última sexta-feira do mês, as visitas estão disponíveis para entidades, coletivos e qualquer cidadão interessado, mediante agendamento.
Segundo Maria Tereza Rosa, diretora de Promoção à Igualdade Étnico-Racial na SMIR, o objetivo é tornar o conhecimento acessível e contínuo.
“A história negra está nas ruas, nas construções, nos nomes, mas foi invisibilizada por muito tempo. Com a Rota Afro Curitibana, estamos recontando essa história com orgulho e respeito”, explica Maria Tereza.
Um passeio que reconecta passado e presente
O percurso, com cerca de duas horas de duração, leva os participantes por marcos do centro da cidade que muitas vezes passam despercebidos, mas guardam histórias profundas:
- Paço da Liberdade – Antiga sede da Prefeitura e símbolo da elite curitibana no início do século XX, o local é o ponto de partida para discutir quem foi invisibilizado na construção da cidade.
- Estátua de Emerenciana Cardoso Neves, na Praça José Borges de Macedo – Primeira mulher negra homenageada com uma estátua em Curitiba. Escritora, foi autora de diversos sambas de enredo no Rio de Janeiro. Se formou na Escola de Belas Artes no Rio de Janeiro.
- Pelourinho, em frente ao Mercado das Flores – Local onde pessoas negras escravizadas eram castigadas em praça pública. A parada convida à reflexão sobre as marcas da violência colonial ainda presentes na paisagem urbana.
- Iroko, as árvores sagradas da Praça Tiradentes – Referência às religiões de matriz africana, o iroko é considerado um orixá e representa a ligação entre o céu e a terra. A parada ressalta a importância da espiritualidade afro-brasileira como forma de resistência cultural.
- Igreja do Rosário – A original, construída por mãos negras, foi demolida no século XX. A igreja atual mantém o nome e carrega a memória da Irmandade do Rosário dos Homens Pretos, importante referência de organização e fé da população negra escravizada e liberta.
- Sociedade 13 de Maio – está apresentando a mostra Memórias Curitibanas que traz os Moreira de Freitas e os fundadores da Sociedade 13 de maio. Projeto dedicado a valorização da história negra em Curitiba.
Programação de julho:
- 15/07 – Espro (tarde, cerca de 35 alunos)
- 23/07 – CAPS Portão (manhã, cerca de 30 pessoas)
- 23/07 – Espro (tarde, cerca de 35 alunos)
- 29/07 – Espro (manhã e tarde, cerca de 35 alunos por turma)
- 30/07 – Espro (manhã, cerca de 35 alunos)
Quer participar?
As visitas são realizadas nos períodos da manhã (9h30 às 11h30) e tarde (14h30 às 16h30). O ponto de encontro é em frente à sede da Secretaria da Mulher e Igualdade Étnico-Racial, na Rua Barão do Rio Branco, 45 – Centro.
Agendamento e informações:
(41) 3221-2748 – WhatsApp – Departamento de Promoção da Igualdade Étnico-Racial
(41) 3221-2714 – CREAFRO
igualdaderacial@curitiba.pr.gov.br | creafro@curitiba.pr.gov.br