A experiência no planejamento urbano de Curitiba fez parte das celebrações do aniversário de 92 anos de Goiânia (GO). Ana Zornig Jayme, presidente do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc) foi uma das palestrantes no Fórum 'O Futuro das Cidades', realizado nessa segunda-feira (20/10), na capital de Goiás.
Promovido pelos institutos Megalópolis e Akhenaton em parceria com a Associação dos Proprietários de Imóveis (Ademi) de Goiás, o evento reuniu também especialistas em áreas diversas do planejamento urbano, mobilidade sustentável, meio ambiente, inteligência artificial e qualidade de vida, com objetivo de discutir diretrizes para o desenvolvimento urbano sustentável para Goiânia.
“Temos posições antagônicas em rankings entre as capitais brasileiras. Enquanto estamos no 3º lugar em vendas de imóveis, somos os penúltimos entre 27 capitais em índices de leitura. Uma cidade rica que não lê”, avalia Marcus Vinícius Queiroz, idealizador do evento.
A plateia de gestores públicos, técnicos municipais, lideranças comunitárias, arquitetos, urbanistas, engenheiros e acadêmicos conheceu um pouco sobre as diretrizes de planejamento urbano que são aplicadas em Curitiba desde a criação do Ippuc, em 1965. Estratégias que combinam o sistema viário, o transporte público e o uso do solo e que, ao longo dos anos, estabeleceram as diretrizes do desenvolvimento socioeconômico da cidade.
“O planejamento urbano dá suporte às políticas públicas que têm sido aplicadas ao longo das gestões. Essa perenidade é importante para a construção de uma cidade sustentável e inclusiva”, disse Ana, durante a palestra de encerramento do evento, em Goiânia.
Ana compartilhou um pouco do histórico das ações que desenharam o urbanismo curitibano ao longo dos anos, desde grandes projetos, como o calçadão da Rua XV de Novembro, em 1972; os parques urbanos, que atuam como esponjas para absorver as cheias dos rios e evitar alagamentos; até as acupunturas que promovem desenvolvimento nos entornos onde são aplicadas, como o Cine Passeio e o Estúdio Riachuelo, na região central da cidade.
“Hoje temos a oportunidade de revisar o Plano Diretor e rever diretrizes que devem atender a novos desafios urbanos, como as questões climáticas e o envelhecimento da população. Mas a visão deve ser sempre sistêmica e de longo prazo”, explicou.
O evento ainda trouxe conteúdos sobre inteligência urbana e artificial, aplicadas ao desenvolvimento das cidades, com palestras de Eduardo Pinheiro, da Cinq, empresa do segmento imobiliário; e de Celso Camilo, professor do Centro de Excelência em Inteligência Artificial (CEIA) da Universidade Federal de Goiás (UFG). A médica Dagmar Ramos também compartilhou os resultados de um estudo mundial sobre florescimento humano e as dimensões que constituem o bem-estar e a qualidade de vida dos moradores da cidade, realizado com 200 mil pessoas em 22 países.
“O maior patrimônio de uma cidade são as pessoas que vivem nela. E queremos uma cidade inteligente, que é a que gera oportunidade para todos”, avaliou Felipe Melazzo, diretor executivo da Ademi-GO.