Aos 312 anos, Curitiba é uma cidade que tem quase metade de sua população formada por pessoas que a adotaram para morar, trabalhar, criar os filhos. São curitibanos de São Paulo, de Minas, de Santa Catarina ou de outras regiões do Paraná, como o administrador de empresas, Artur Humberto Zeni, que chegou aqui em 1968, acompanhou o crescimento da cidade e hoje se declara um torcedor para que tudo dê certo. "Sou um curitibano que nasceu em Irati", diz, com orgulho.

Estes cidadãos de Curitiba vieram em busca de qualidade de vida e das oportunidades que a capital oferece. Segundo dados elaborados pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), 47,42% dos estabelecimentos, por setor de atividade econômica, são de prestação de serviços.

Curitiba tem 1,6 milhão de habitantes. Os estudos, feitos com base em uma série de dados do IBGE, indicam que 52,3% da população são curitibanos natos e que 47,7 % adotaram a cidade para viver. As mulheres são maioria: representam 52,07%, embora não se possa considerar grande desequilíbrio, pela maior longevidade feminina.

Dos "novos curitibanos" 80% são oriundos do interior do Paraná, seguidos por catarinenses (5,88%), paulistas (5,12%), gaúchos (2,61%) e mineiros (1,77%). Gente que começou a chegar por aqui nas décadas de 60 e 70, trazendo hábitos e costumes de seus locais de origem. Embora muitos ainda reclamem do já folclórico modo curitibano de ser "fechado", optam por continuar aqui.

Curitiba entrou no século 21 como referência nacional e internacional de planejamento urbano e de qualidade de vida. Em março de 2001, uma pesquisa patrocinada pela ONU apontou Curitiba como a melhor capital do Brasil pelo Índice de Condições de Vida (ICV).

Reconhecida nacional e internacionalmente por soluções urbanas inovadoras, a cidade tem um dos mais eficientes sistemas de transporte coletivo do país e ostenta o índice de 51 metros quadrados de área verde por habitante. A capital possui 17 parques, 13 bosques e 394 áreas de lazer.

A família Gala, de São Paulo é um exemplo de quem chegou recentemente. Primeiro veio o marido, há dois anos, com uma boa oferta de trabalho na área de hotelaria. Um ano depois, chegou a mulher, a empresária Ana Paula e duas filhas pequenas. O trabalho aqui encerrou e ele voltou para São Paulo, mas só para trabalhar. O local de residência continua sendo Curitiba.

Ana Paula, que abriu uma loja em um shopping da cidade, conta que muitos amigos estão vindo para cá. "Se houver duas atraentes ofertas de trabalho, sendo uma delas em Curitiba e a segunda, em uma outra grande cidade, a opção sempre será por Curitiba", afirma. "A qualidade de vida para quem tem crianças é bem melhor".

Olga Proença é curitibana, mas morou com a família, por 12 anos, em São Paulo. O marido, Maurício F. de Proença, ficou trabalhando na área de eventos na capital paulista e a família voltou para cá. Maurício passa a semana trabalhando, mas volta todas as sextas-feiras para casa.

Quando Olga resolveu voltar para São Paulo no ano passado, para acompanhar o marido, os filhos optaram por ficar aqui. Mas a mudança durou apenas 20 dias para ela. "Aqui vivemos no paraíso, não se deve trocar por nada. Tudo é mais fácil e ao alcance da mão. Em São Paulo se ganha mais, porém o desgaste provocado pela agitação não compensa", diz Olga, feliz por estar de volta.

Para atender à demanda do crescimento nas áreas periféricas, o município foi adequando novas áreas de loteamentos, como Tatuquara, Bairro Novo, Rio Bonito. Uma das características do Tatuquara é que o bairro tem a mais alta proporção de imóveis próprios - 83,41% dos moradores são proprietários das casas onde moram, justamente por intervenção do município, através dos programas habitacionais da Cohab. Embora, a renda média da população seja uma das menores da cidade, existe a vantagem da casa própria.

Já a Vila Isabel é o que concentra a maior parte de imóveis alugados, 41,04%, seguida pelo Bacacheri, com 32,92%. No caso do Bacacheri, explica Lourival Peyerl, do Banco de Dados do Ippuc, o bairro concentra quartéis, o que explica a mobilidade dos militares, que optam por casas alugadas.

A maior renda média, por bairro, está no Batel, com 33,91 salários mínimos por chefe de domicílio. Em seguida, vem o Jardim Social com 30,51 salários, o Cabral, 25,92 salários. No outro extremo, a menor renda média está no São Miguel (CIC), com 2,71 salários mínimos; o Riviera, com 2,08 salários e o Tatuquara, com 3,06 salários.

No centro da cidade está a maior proporção de pessoas em idade ativa: 93,52 %. Mas 61,54% são economicamente ativas. Já a maior proporção de pessoas com ocupação está no Bigorrilho: 58,48% dos 27.127 moradores do bairro.

É no bairro Água Verde, no setor estrutural que vai da Praça do Japão pela República Argentina em direção ao Portão, que 90,21% dos chefes de domicílio têm mais de 11 anos de estudos. No chamado projeto Cajuru (entre Rio Atuba e a ferrovia e entre a BR-277 e a avenida Afonso Camargo) estão as pessoas com menor escolaridade.

O bairro mais populoso é a Cidade Industrial, que concentra 157.461 habitantes, um contraste com o de menor população , o Riviera, com apenas 203 habitantes. Como a represa do Passaúna é próxima, a baixa ocupação é uma garantia de preservar a água que chega à população. Uma curiosidade do bairro Água Verde, 5,58% dos moradores trabalham fora do município de Curitiba.

No Bigorrilho, 96,54% dos moradores se auto denominam de cor branca; no Tatuquara, 68%. Na Vila Santo Domingo, que faz parte do Cajuru, Campo Santana, Caximba, Umbará e Ganchinho, 5, 11% dos habitantes disseram ser de cor preta.

No Jardim das Américas e Guabirotuba se concentram 5,53% de habitantes de origem oriental. No Tatuquara, 28,41% são da cor parda e no Cajuru, 1,13% são indígenas.

A maior população católica está concentrada nos bairros do Seminário, Campina do Siqueira e Mossunguê, Batel, Vila Isabel e Mercês - 80,93%. Os evangélicos estão na Vila Verde (CIC) - 59,41%; São Miguel (Cajuru) - 55,65% e Bolsão Sabará - 61,67%. Já no Cajuru, 11,67% dos moradores se declararam sem religião.