Viajar pelo mundo, conhecer a culinária, a cultura e costumes de diferentes países sem sair do Parolin. Foi o que fizeram 210 crianças, de 1 a 5 anos, atendidas no Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) Guilherme Canto Darin. Nesta terça-feira (20/11) os meninos e meninas participaram, no próprio CMEI, de oficinas de culinária, com a preparação de pratos típicos, turbantes e pintura africana, danças e brincadeiras de várias nacionalidades.
Divertidas e criativas, as atividades foram planejadas para fazer com que as crianças explorassem as características étnicas e culturais de diferentes grupos sociais que pertencem, a partir da pesquisa de suas origens. “Participando de um levantamento sobre os países de onde vieram seus descendentes, os meninos e meninas desenvolveram a própria identidade, o autoconhecimento e, sobretudo, atitudes de respeito e valorização as diferenças”, explicou a diretora Ilsemara Jahnke.
As atividades foram acompanhadas por representantes das crianças que foram conferir o resultado do projeto Heranças Culturais, desenvolvido no CMEI desde junho. O projeto foi a estratégia usada pela unidade para promover ações de respeito aos direitos humanos.
O ponto de partida foi saber que a maioria das crianças pertencem a famílias de origem alemã, italiana, portuguesa, além de uma menina filha de imigrantes haitianos e de famílias nordestinas. “Planejamos ações práticas e envolventes para as crianças compreenderem a miscigenação de diversas etnias que formam o nosso povo, conhecerem sua nacionalidade, a origem das famílias abordando as diversidades de gênero, étnicas e culturais”, destacou Ilsemara.
Cada turma adotou o país com o maior número de descendentes. Na turma da pré-escola, as crianças capricharam no preparo de um caldo verde, receita típica de Portugal. “Chama de caldo verde porque vai couve que é dessa cor”, contou Calebe Lopes, de 4 anos, entre a adição de um ingrediente e outro. O menino ficou empolgado em preparar o prato na presença da mãe, a dona de casa, Edinéia Freitas Lopes.
A turma de Nicolas Kaue Lautério, de 5 anos, caprichou no preparo de uma pizza, um dos mais tradicionais alimentos da Itália. “A nossa tem queijo, molho de tomate e manjericão, que são as comidas que têm a cor da bandeira do país”, contou o garoto. Em outra turma a produção foi de sobremesa, um salame italiano, feito com biscoitos e chocolate.
Na turma ao lado, as crianças aprenderam ornamentos usados por tribos africanas e, amarrando turbantes, pintando o rosto e cantando músicas étnicas, aprenderam sobre a importância deste povo na construção do Brasil. Capoeira e outras brincadeiras, sempre relacionadas ao país de origem, foram outras atividades realizadas com as turmas para discutir o resgate das histórias das famílias e a valorização das culturas.
Brincadeiras típicas
Os pais do pequeno Khaleb Ramos, de 3 anos, Heberli Ramos e Vanessa Ramos foram voluntários para ensinar aos colegas da turma do filho brincadeiras típicas da Alemanha, em décadas passadas. Corrida de saco e carrinho de mão foram algumas das diversões que o bisneto de alemães ensinou para a turma.
“Achamos o projeto magnífico”, disse Heberli, emocionado em poder desfrutar de parte do aprendizado oferecido ao filho. “Foi uma forma de integrar as crianças evidenciando as suas raízes, valorizando o berço de onde elas vêm e suas histórias”, disse Heberli.
A diretora do departamento de Educação Infantil da Secretaria Municipal da Educação, Kelen Collarino, acompanhou o dia de atividades e destacou a dedicação e a competência de todos os professores do CMEI, responsáveis pelo projeto.
“Foi um trabalho muito bem elaborado para promover o respeito às diferenças e a valorização das múltiplas identidades. Pesquisando sobre os países, sobre suas origens, as crianças aprenderam a achar o outro bonito, a valorizar quem tem cor, tamanho, cabelos ou os costumes diferentes dos seus”, disse Kelen.
“Eu gostei muito de tudo o que eu e os amigos fizeram”, disse Caroline Derilus, de 3 anos, filha de haitianos que agora vivem em Curitiba. A madrasta de menina, esteve há algumas semanas na turma para ensinar um prato típico e como as mulheres usam o turbante para valorizar a beleza dos traços haitianos.