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43ª Oficina de Música

Concertos homenageiam pioneiros que tornaram a Oficina referência na América Latina

Concertos homenageiam pioneiros da Oficina de Música de Curitiba. Na foto, Ingrid Müller Seraphim 2. Foto: Divulgação

Nomes registrados na história da Oficina de Música de Curitiba serão homenageados na 43ª edição do evento, que ocorrerá de 7 a 18 de janeiro. 

Ingrid Müller Seraphim, Henriqueta Garcez Duarte, Roberto de Regina e Ricardo Kanji tiveram forte vínculo com a Oficina e contribuíram para a consolidação do festival como um dos mais importantes da América Latina. Três concertos gratuitos no Solar da Glória, um dos novos espaços de cultura da cidade, homenageiam os pioneiros. 

A pianista e cravista Ingrid Seraphim, hoje com 95 anos, foi fundadora e diretora do festival por quase 20 anos. Em 1983, ela se propôs a reeditar, na Fundação Cultural de Curitiba, os festivais de música antiga e os cursos internacionais de música do Paraná, que tiveram grande repercussão nos anos 1960 e 1970.

Boa parte dos expoentes desses festivais depois também atuou na Oficina de Música, como o maestro Roberto de Regina, que faleceu em abril de 2025, aos 98 anos, e a pianista Henriqueta Garcez Duarte, que morreu em 2020, aos 95 anos. 

Henriqueta foi decisiva para a criação do Instituto Pró-Música de Curitiba e dos cursos e festivais internacionais. Na Oficina, coordenou por vários anos as classes de piano. Roberto de Regina, por sua vez, é o fundador, ao lado Ingrid Seraphim, da Camerata Antiqua de Curitiba, tendo sido o seu regente titular por quase duas décadas.

Ingrid Seraphim

O primeiro recital, no dia 11 de janeiro, é consagrado a Ingrid Seraphim. Um grupo, formado pelos músicos Juliano Buosi (violino barroco), Diego Schuck Biasibetti  (viola da gamba), Isabel Kanji (cravo) e Silvana Ruffier Scarinci (teorba), apresentará um repertório de música barroca.

Na ocasião, será inaugurada a exposição “Senso de Lugar”, que apresenta obras de Elza Müller, sua mãe, pintora e musicista; e de suas filhas, Elisabeth Prosser e Eliane Dumke, que se dedicaram inicialmente à música e à arquitetura, respectivamente, e hoje desenvolvem carreira nas artes visuais.

Roberto de Regina

Um recital de obras de Johann Sebastian Bach, no dia 14, homenageia Roberto de Regina, maestro e cravista carioca reconhecido pela sua atuação na preservação e difusão da música antiga no Brasil. Fundador e regente da Camerata, manteve vínculos estreitos com Curitiba, ajudando a transformar a cidade num dos polos da música barroca e renascentista no país.

De Regina manteve-se como maestro emérito da Camerata e nunca se afastou completamente do grupo musical que ajudou a formar. Em 2022, o coro da Camerata foi ao Rio de Janeiro para celebrar os seus 95 anos e realizou um concerto, com a presença do maestro, na Sala Cecília Meirelles. 

Na 43ª Oficina, a apresentação em sua homenagem será feita pelos músicos Gonçalo Rebelätom (cravo), Giovani dos Santos e Letizia Roa (violinos), João Senna (viola) e Victor Romero (violoncelo).

Henriqueta Garcez Duarte

Os pianistas Jessé dos Santos de Souza e Diego William apresentam o recital de piano para celebrar o centenário de Henriqueta Monteiro Garcez Duarte, inspirado em uma gravação da pianista, registrada na Sala Cecília Meirelles em 1987. O repertório inclui obras de Isaac Albéniz (1860-1909), Joaquín Turina (1882-1949), Claude Debussy (1862-1918), Frédéric Chopin (1810-1849), Camargo Guarnieri (1907-1993), Heitor Villa-Lobos (1887-1959) e Brasílio Itiberê (1846-1913).

Henriqueta foi uma das figuras mais influentes na formação musical do Paraná. Entre os grupos com quem se apresentou, estão o Quarteto de Cordas Mozarteum, de Salsburg, e o Quarteto Lindsay e Quinteto do Sopro de Munique, além de ser solista dos maestros Souza Lima, Belardi, Peracci, Karabtchewski e Schnorrenberg.

Ricardo Kanji

O recital in memoriam do flautista e regente Ricardo Kanji acontece no dia 14, na Capela da Glória, com um trio de flautas doces formado por Paula Callegari, Júlia Abdalla e Ângelo Nagao, sob direção musical de Cesar Villavicencio. Diretor de música antiga da Oficina entre 2002 e 2011, Kanji também regeu a Camerata Antiqua em momentos marcantes, como o concerto no Teatro Colón, em Buenos Aires, em 2024, que celebrou os 50 anos do grupo.

Paulista, Kanji construiu carreira na Europa, com 25 anos de atuação na Holanda e passagem como professor do Conservatório Real de Haia. De volta ao Brasil, fundou o Vox Brasiliensis, dedicou-se ao resgate da música brasileira dos séculos 18 e 19 e lançou mais de 20 CDs no Brasil e no exterior.

Serviço

Concertos da 43ª Oficina de Música 

Local: Solar da Glória (Av. João Gualberto, 531 – Alto da Glória)
Concerto e abertura da exposição Senso de Lugar, em homenagem a Ingrid Seraphim
11 de janeiro, às 12h30
Entrada gratuita

Concerto em homenagem ao cravista Roberto de Regina
14 de janeiro, às 12h30
Entrada gratuita

Concerto em celebração ao centenário de Henriqueta Garcez Duarte
16 de janeiro, às 12h30
Entrada gratuita


Local: Capela da Glória (Av. João Gualberto, 565 – Alto da Glória)
Concerto in memoriam Ricardo Kanji
14 de janeiro, às 19h
Entrada gratuita