A vida e obra da primeira grande escritora negra brasileira, Carolina Maria de Jesus, abriu o programa “Leio pessoas pretas”, do Centro de Referência Afro Enedina Alves Marques (Creafro). O evento ocorreu nessa quinta-feira (10/5), com inspiração e reconhecimento da relevância da artista na literatura brasileira.
A iniciativa foi realizada na sede do Creafro (Barão do Rio Branco, 45, 2º andar) e mediada pela doutora e pós-doutora em Letras e uma das maiores pesquisadoras sobre Carolina Maria de Jesus, Amanda Crispim, e o professor de Língua Portuguesa na rede estadual, Martiolli Freitas. Os participantes foram apresentados à vida da escritora e a sua obra, com uma leitura dirigida por Martiolli. Ao fim, foram convidados a realizar uma atividade de reflexão sobre o tema.
“Trazer a obra de Carolina Maria de Jesus em uma roda literária é fundamental para quebrar os estereótipos relacionados à sua escrita, e realmente firmar Carolina com o título de escritora. Essa ação também ajuda a publicizar essa obra tão importante para a literatura brasileira”, reforçou Amanda Crispim.
Inspiração
A escritora Carolina Maria de Jesus nasceu em 1917, no estado de Minas Gerais, e se tornou a primeira escritora brasileira autora de um best-seller, com a obra “Quarto de Despejo”, que vendeu mais de 3 milhões de cópias no Brasil, além de ser publicado em 40 países e traduzido para 13 línguas. Carolina também ficou conhecida por dominar diversos gêneros literários, como autoficção, poesia e romance, se tornando um símbolo de talento para a população negra no Brasil.
“Falar de Carolina também é apresentar que a literatura feita por mulheres negras no Brasil existe e tem alta qualidade textual. Ela é um símbolo muito forte de representação do potencial da mulher negra”, disse o professor Martiolli.
Representatividade
Para o artista visual Massai Moreira, 44, o programa “Leio pessoas pretas” deve ser um compromisso na agenda dos próximos meses. “Foi a primeira roda de leitura que participei, fiquei impactado. Conhecer todas as potencialidades da Carolina mudou muito minha visão e me identifiquei com a história dela. Quero voltar para as próximas”, comentou Massai.
Foi a roda de conversa que apresentou o Creafro para a cuiabana e graduanda em Licenciatura Pedagogia no Instituto Federal do Paraná, Laira Laiza Maciel Carneiro, 22.
“Eu fiquei sabendo da atividade através de uma orientadora na faculdade, gostei muito de saber que o Creafro existe. É muito importante o que esses espaços representam. Com certeza voltarei, gostei muito de ver esse resgate da obra da Carolina”, relata Laira.
Mensalmente
O programa “Leio pessoas pretas” é uma iniciativa do Creafro, vinculado à Assessoria de Promoção da Igualdade Étnico-Racial - Apir, da Assessoria dos Direitos Humanos de Curitiba, para incentivar a leitura e o consumo de literatura feita por negros, abrindo as portas para o espaço e seus serviços.
Os encontros são abertos ao público e realizados mensalmente, sempre na segunda quinta-feira do mês.