Casados há 15 anos, Elzo Pagano Neto e Cássia Cilene Camargo Pagano, pais de dois filhos adultos e dois pré-adolescentes, se preparam para aumentar a família. Eles se inscreveram para participar do programa Acolhimento Familiar, da Prefeitura de Curitiba, e estão sendo capacitados e avaliados para acolher crianças e adolescentes que foram afastados de seus responsáveis por medidas de proteção.
“A expectativa é muito grande. É como se nós estivéssemos grávidos e esperando a chegada de mais um filho”, explica Elzo, 50 anos. Gerente de uma panificadora, ele conta que todos em casa ficam se perguntando como será a criança ou adolescente que passará a viver com a família.
Para incentivar que mais famílias como a de Elzo e Cássia recebam crianças e adolescentes que foram vítimas de algum tipo de violência e afastados de seus familiares, a Prefeitura lançou uma campanha.
Cinco mil cartazes estão afixados nos ônibus do transporte público e locais de grande fluxo de pessoas. Além disso, a campanha pode ser vista nos pontos de ônibus da cidade. Mais completa, uma cartilha traz informações sobre o que é acolhimento familiar, critérios para participar do programa e legislação.
Novo modelo
“O Família Acolhedora permite que crianças e adolescentes possam manter vínculo familiar, ser protegidos, mesmo que provisoriamente, enquanto estão afastados de seus parentes por determinação da Justiça”, explica o presidente da Fundação de Ação Social (FAS), Thiago Ferro.
Para ele, manter a criança com a mesma base do núcleo familiar é muito importante. “É a chance de a criança ter um futuro mais saudável e menos traumático”, complementa.
Lançado em 2011, o programa Acolhimento Familiar atende crianças e adolescentes que estão em medida de proteção por terem sido vítimas de alguma violação de direitos, como negligência, abandono e violências física, sexual e psicológica.
Treinamento
Atualmente, sete famílias se inscreveram e foram capacitadas para participar do programa. Os treinamentos foram aplicados pelas organizações sociais Acridas e Recriar, aprovadas em um chamamento público feito pela FAS para buscar e formar as famílias acolhedoras.
Além da capacitação, as famílias passam por avaliações psicológicas e psiquiátricas, cadastramento, para só então ter autorização de acolher uma criança ou adolescente, encaminhados pela Justiça. Todo o trabalho é supervisionado pelas equipes técnicas do município e do Poder Judiciário.
As famílias acolhedoras receberão um subsídio financeiro (bolsa-auxílio) de R$ 998.
Critérios
Para ser uma família acolhedora, é preciso cumprir alguns requisitos: ter mais que 21 anos, morar em Curitiba, ter estabilidade financeira, boa saúde física e mental.
O interessado não poder estar no Cadastro Nacional de Adoção, ter passado por luto recente, ter problemas com uso de álcool ou outras drogas, além de pendências com a Justiça ou conselho tutelar.
Como o família acolhedora não é adoção, os participantes são informados que a criança ou adolescente acolhido ficará temporariamente em suas casas, por até 18 meses.
“Queremos compartilhar e ser uma família acolhedora é a porta para que a gente possa ajudar muitas crianças. Com ele, poderemos ter uma família bem grande”, explica Cássia.
A modalidade de família acolhedora é garantida pelo Estatuto da Criança e do Adolescente. Em Curitiba existem aproximadamente 600 crianças e adolescentes acolhidos em instituições.