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Cada vez mais cosmopolita, Curitiba conta com cinco consulados de carreira, 26 honorários e um vice-consulado

O Presidente da Sociedade do Corpo Consular do Paraná e Cônsul Honorário de Bangladesh em Curitiba, Marcelo Grendel Guimarães, diferencia as ações prestadas pelos dois tipos de consulado. Curitiba, 23/10/2025. Foto: José Fernando Ogura/SECOM

Texto: Matheus Hildebrando Neme (com supervisão de Guilherme Voitch)
Secretaria Municipal da Comunicação Social 

Curitiba é uma cidade cada vez mais desejada por estrangeiros que querem morar no Brasil. O Censo Demográfico 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que desde 2018 a cidade recebeu cerca de 11 mil estrangeiros que fixaram residência no País.  O número coloca Curitiba como a quinta capital no país com a maior quantidade de estrangeiros. São 19.731 residentes e 4.252 naturalizados na cidade, o que representa 1,35% da população.

“Curitiba segue dando passos seguros para cumprir sua grande vocação: ser uma grande cidade global, com cada vez mais relevância no cenário internacional”, comenta Rodolpho Zannin Feijó, chefe de Relações Internacionais e do Cerimonial da Prefeitura. 

Nesse contexto, os consulados gerais desempenham o papel de representar oficialmente os países de origem dos estrangeiros que vivem ou estão de passagem em Curitiba, além de exercerem serviços como emissão de documentos.

Entre as funções exercidas por esses espaços estão o apoio em casos de emergência e a assistência em situações de perda de documentos, detenção ou necessidade de orientação legal.

Consulados de carreira e honorários

Os consulados de carreira prestam serviços de emissão de visto e registros civis, o que amplia a capacidade de atendimento consular. Em Curitiba, há consulados-gerais da Argentina, Itália, do Japão, Paraguai e da Polônia e o vice-consulado de Portugal.

Já os consulados honorários são órgãos complementares, com atuação relevante. Nesses locais, o atendimento é voltado ao suporte aos cidadãos estrangeiros e à promoção de laços culturais, sociais e econômicos entre os países. Os cônsules honorários não têm carreira diplomática nem vínculo remunerado com o Estado que representam, atuando de forma voluntária.

O presidente da Sociedade do Corpo Consular do Paraná e cônsul honorário de Bangladesh em Curitiba, Marcelo Grendel Guimarães, diferencia as ações prestadas pelos dois tipos de consulado.

“O consulado-geral, até porque ações como emissões de vistos são questões de segurança nacional, é formado por naturais do país que representam. Já o cônsul honorário exerce um trabalho essencialmente voluntário e serve para estabelecer conexões”, explicou Guimarães.

Segundo o Ministério das Relações Exteriores do Brasil, Curitiba abriga 26 consulados honorários, que representam países das mais diversas regiões do mundo. Além da atenção consular, a presença desses consulados reforça o potencial internacional da cidade e estimula uma rede de interação social e econômica com o exterior.

Histórico dos consulados

A presença de consulados em Curitiba é registrada há mais de 130 anos. Já nas décadas finais do século 19, jornais noticiavam atividades consulares na capital, com destaque para o consulado inglês e o alemão – este último também responsável pelos negócios do então Império Austro-Húngaro, dissolvido após o fim da Primeira Guerra Mundial.

Para compreender a origem do consulado mais antigo ainda em funcionamento na cidade, é preciso olhar para o contexto geopolítico do início do século 20. A Grande Guerra redesenhou fronteiras e redefiniu relações internacionais, o que também resultou em efeitos em Curitiba.

Em novembro de 1918, Alemanha e Áustria-Hungria estavam derrotadas, enquanto a Rússia atravessava uma revolução interna. Mais de um século antes, em 1795, a Polônia havia sido dividida entre a Prússia, estado que daria origem à Alemanha, a Áustria e a Rússia.

Poucos anos após recuperar sua independência, a Polônia instalou oficialmente, em 19 de março de 1920, o seu consulado em Curitiba. O jornalista, diplomata e soldado Kazimierz Głuchowski foi o primeiro cônsul polonês a representar o país na América Latina.

Com a permissão oficial do então presidente brasileiro Epitácio Pessoa, foi criado o Consulado da República da Polônia em Curitiba, na época com jurisdição sobre Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Mato Grosso.

“Quase trezentos mil poloneses entraram numa nova fase de existência social com a chegada de primeiro cônsul polonês a Curitiba, em janeiro de 1920. A história do consulado tornou-se o eixo da história da emigração”, relata o livro Consulado Geral da República da Polônia em Curitiba: 90 anos de história do mais antigo consulado polonês na América Latina.

Ao longo do século 20, o consulado acompanhou e reagiu aos grandes acontecimentos mundiais, estando inoperante apenas entre 1952 e 1957. Como representação oficial de um Estado estrangeiro, sua atuação é regida pelo direito internacional e, assim, foi diretamente afetada por períodos na Segunda Guerra Mundial, Guerra Fria e outras transformações políticas globais.

A forte ligação entre Curitiba e Polônia tem raízes na expressiva imigração polonesa que marcou a história da cidade. Bairros como Pilarzinho, Abranches, Santa Cândida e Orleans surgiram como colônias polonesas e mantêm até hoje traços culturais e tradições trazidas pelos imigrantes.

Essa herança explicita por que Curitiba sempre foi um ponto central nas relações entre os dois países. O cônsul-geral da Polônia na cidade, Wojciech Baczyński, explica o papel que Curitiba tem para o país europeu.

“Para a Polônia, essa cidade e o estado são muito importantes, daí a localização do consulado-geral aqui em Curitiba. A importância da cidade se dá por resultado de processos históricos da imigração polonesa e por isso ela tem uma posição especial”, declarou Baczyński.

Atualmente, o Consulado-geral da Polônia em Curitiba mantém atividades no mesmo prédio em que funciona desde 1978, na Avenida Agostinho Leão Júnior, 234. O órgão presta serviços consulares para 13 estados brasileiros, reforçando uma parceria construída ao longo de mais de um século de história compartilhada.

Em 1981, foi a vez do Consulado-geral do Japão se instalar na cidade. Treze anos depois, o Consulado-geral da Argentina entrou em funcionamento. São exemplos dos mais diferentes cantos do mundo que comprovam que Curitiba é uma cidade internacional.

Assessoria de Relações Internacionais da Prefeitura

A Assessoria de Relações Internacionais do Gabinete do Prefeito elabora, implementa, gerencia e avalia a participação do município em movimentos globais. Sua missão é promover o diálogo entre a cidade de Curitiba e atores internacionais, com iniciativas de interesse mútuo das representações diplomáticas, instituições, governos e outros parceiros.

As prioridades de atuação da Assessoria são distribuídas em eixos estratégicos. Pontos que passam pela internacionalização da Administração, com o incentivo a cooperações estrangeiras, até o estreitamento das relações com as 16 cidades-irmãs de Curitiba.

A Assessoria também é responsável por manter uma interface entre a cidade e as embaixadas, consulados e outros órgãos de representação. Buscando universalizar sua linguagem perante parceiros internacionais estratégicos, também emprega esforços para aproximar instituições locais de iniciativas internacionais.

As últimas ações com participação da Assessoria de Relações Internacionais da Prefeitura de Curitiba englobaram importantes eventos como o Bloomberg Harvard, Smart City, Cúpula C40, além de atividades envolvendo bolsas de idioma espanhol do Instituto Cervantes e Laneshift.

Além disso, a Assessoria atua em parceria com o Escritório do Itamaraty no Paraná, reforçando um bom relacionamento e um trabalho importante feito em conjunto.