Com um texto de quatro páginas assinado pelo escritor e cineasta Valêncio Xavier, a Fundação Cultural de Curitiba (FCC) lançava, em agosto de 1974, a primeira edição do Boletim Informativo da Casa Romário Martins. Em uma mistura de ensaio com reportagem, Valêncio contava a história das Balas Zequinha e suas famosas embalagens que traziam o desenho do personagem Zequinha, um curitibano típico da primeira metade do século 20, em diversas situações cotidianas.
51 anos depois, a Fundação prepara a edição 153 do boletim. São dois os temas a serem abordados: festas tradicionais curitibanas e cultura e sociabilidade na Curitiba da segunda metade do século 20. Os autores do trabalho serão escolhidos por meio de edital disponível neste link.
De modo geral, no entanto, a proposta do Boletim continua seguindo a que estava descrita em seu primeiro editorial em 1974: “dentro de sua linha editorial de preservação e difusão dos valores da nossa cultura, [a Fundação] abre mais um veículo de divulgação de ideia que procurará, periodicamente, de forma espontânea e modesta, porém dentro de critérios objetivos, difundir ensaios, pesquisas e artigos e mesmo noticiário relativo às coisas, homens e fatos da nossa cidade, do passado e do presente.”
Para o diretor de Patrimônio Cultural da FCC, Marcelo Sutil, o boletim tem se prestado a essa missão ao longo dos seus 51 anos.
“O boletim mudou nesse período, na forma e no conteúdo, mas sempre teve como objetivo tratar de Curitiba, sob diferentes ângulos e olhares”, explica.
Início
O boletim nasceu sob o comando dos jornalistas Aramis Millarch, na coordenação editorial, e Dante Mendonça, na supervisão de arte. Além de Valêncio, nomes importante do cenário cultural da cidade, como o arquiteto Key Imaguire Júnior, o historiador Ruy Wachowski e ex-prefeito Rafael Greca também colaboraram com a publicação.
Em suas primeiras edições, o Boletim trazia poesias, contos, críticas literárias, ensaios e, principalmente, pequenas reportagens que faziam eco a muito do jornalismo feito na época em publicações como o Pasquim e a revista Realidade.
“Bairros da cidade, costumes e personagens. Muita coisa passou pelas páginas da publicação”, diz Sutil.
Pesquisas
Mais recentemente, o Boletim mudou de nome e de estilo. O “informativo” foi retirado e as publicações passaram a privilegiar material de pesquisa acadêmica ligada à cidade, resultado de pesquisas financiadas por editais.
O mais recente está disponível no site http://www.fundacaoculturaldecuritiba.com.br/leideincentivo/edital_027_2025/. As inscrições se encerram na próxima segunda-feira (23/6).
Cada um dos selecionados para o boletim recebe R$ 87 mil para custear todo o trabalho de pesquisa, redação de texto e impressão dos volumes, conforme as especificações técnicas que constam do edital.