Cerca de 200 pessoas participaram, na noite desta quarta-feira (1/10), da primeira audiência pública sobre a nova concessão do transporte coletivo, realizada no Centro de Eventos Imap do Parque Barigui, no bairro Santo Inácio.
O evento, que também foi transmitido pela página da Prefeitura no Youtube, contou com uma apresentação do projeto para a população, que pôde conferir os principais destaques da nova concessão e fazer questionamentos e sugestões.
A modelagem da nova concessão foi estruturada pela Urbs, Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o consórcio liderado pela Oficina Engenheiros Consultores Associados.
“É muito importante essa participação da população nesta etapa. Estamos discutindo de maneira democrática e transparente o novo contrato do transporte coletivo, um processo que começou em 2023, com a assinatura do contrato de modelagem com o BNDES, e que evoluiu com a aprovação na Câmara Municipal de Curitiba (CMC) da nova lei do transporte e de financiamentos com o BNDES e o banco alemão KfW e que agora chegou no momento de receber as contribuições do público em geral”, disse o presidente da Urbanização de Curitiba (Urbs), Ogeny Pedro Maia Neto.
Na primeira parte da audiência, a gerente de projeto do departamento de estruturação de soluções de mobilidade do BNDES, Paula Fogacci, e o diretor da Oficina Engenheiros Consultores Associados, Arlindo Fernandes, fizeram uma explanação técnica e, na sequência, o espaço foi aberto para perguntas.
Luan Alcides Ribeiro, de 20 anos, que mora em Almirante Tamandaré, na Região Metropolitana de Curitiba, e trabalha como servente em Curitiba, não perdeu a oportunidade para saber mais sobre a concessão. Diariamente ele utiliza três ônibus para se deslocar até o local do trabalho, no Campina do Siqueira. “Eu vim acompanhar para saber o que vai mudar. Não adianta a gente cobrar algo depois se não conhecer o que está sendo discutido. A população precisa estar aberta a participar, tem que vir, opinar. Não podemos pensar só no agora, estamos falando do que será daqui 10, 15 anos”, disse ele, que elegeu, entre suas prioridades, a ampliação da integração no sistema e ainda a ampliação de terminais para diminuir a lotação nos horários de pico.
O estudante de arquitetura André Felipe Mafra, de 19 anos, também utiliza diariamente o transporte coletivo em Curitiba. Morador da Cidade Industrial de Curitiba (CIC), ele destacou o aumento da frequência e o conforto dos ônibus como destaques para a nova licitação. “Eu vim aqui para conferir o que podemos esperar da nova concessão. Acho importante que a população participe das audiências”, afirmou.
Os questionamentos e sugestões envolveram temas como aumento e renovação da frota, integração, eletrificação, modelo de concessão e abrangência da licitação. O projeto que está sendo estruturado não inclui a Linha Turismo, que será alvo de outro edital de licitação, pelo seu caráter comercial, e nem o Transporte Acesso, que atende pessoas com deficiência. Segundo o presidente da Urbs, a ideia é continuar e ampliar o serviço prestado às pessoas com deficiência com o ônibus, que deve dobrar a frota e ganhar roteirização da rota para melhorar o atendimento.
Segunda audiência
Após o encontro na noite de quarta-feira (1/10), haverá uma segunda audiência pública no dia 15 de outubro, no mesmo local. Assim como na primeira edição, a população contará com uma linha de ônibus especial para se deslocar do Terminal Campina do Siqueira até o Espaço Imap Barigui.
Além disso, desde 19 de setembro está aberta a consulta pública online, que vai até 17 de outubro. As manifestações serão analisadas e sistematizadas e as respostas serão publicadas no site no prazo de até 30 dias após o encerramento da consulta pública.
O objetivo é que cidadãos, representantes de entidades governamentais, comunitárias e setoriais possam contribuir com sugestões e propostas antes da publicação do edital e a realização do leilão.
O edital da nova concessão do transporte coletivo deve ser publicado em novembro e o leilão está programado para janeiro de 2026, na B3 (Bolsa de Valores de São Paulo), com início do novo contrato em junho do próximo ano. A previsão é que a transição para a nova concessão dure até dois anos, período em que a tarifa, atualmente em R$ 6, não será reajustada. Segundo o presidente da Urbs, a nova concessão traz muitos benefícios, como aumento da frota elétrica e da integração e ampliação do número de linhas, mas com um custo muito próximo do atual, o que é importante para não elevar o preço da tarifa aos passageiros.
“O subsídio, que é o recurso que o poder público aporta para manter a tarifa em valores menores do que o custo real do sistema, também é muito importante neste processo. O Marco Legal do Transporte Coletivo deve ser aprovado ainda este ano e trazer novas fontes de recursos, já que as gratuidades, de idosos e pessoas com deficiência, passam a ser custeados pelo governo federal, que é quem criou o benefício. Esse custo hoje é bancado pelos municípios”, lembrou Maia Neto.
Mobilidade urbana
A presidente do Ippuc, Ana Zornig Jayme, ressaltou que Curitiba, com a eletrificação da frota e as melhorias no sistema, vai dar um salto de qualidade em mobilidade urbana.
“A percepção do transporte coletivo de Curitiba continua a ser muito positiva, de referência para o Brasil e o mundo. Mas precisamos olhar para frente, pensar em ações que promovam a mobilidade sustentável e a atração de mais passageiros. É o que essa nova concessão traz, com um foco importante em qualidade, veículos zero emissões e melhoria do serviço prestado”, disse.
Mudanças
A nova concessão do transporte coletivo prevê a modernização do sistema, com novas rotas, investimento em ônibus zero emissões e implantação de integração temporal entre todas as linhas da capital, com foco na agilidade do deslocamento e na qualidade do serviço. O sistema integrado de mobilidade (Sim) de Curitiba envolve 309 linhas, 22 terminais, 329 estações-tubo e frota de 1.189 ônibus. São 555 mil passageiros pagantes/dia útil e 6,4 milhões de viagens por mês.
O leilão será de cinco lotes – dois de BRTs (abrangendo as linhas que circulam em canaletas exclusivas) e três regionais (Norte, Sul e Oeste) com contrato de operação de 15 anos.
Os investimentos previstos são de R$ 3,7 bilhões no período e incluem a aquisição de 245 ônibus elétricos em cinco anos, de 149 ônibus a diesel modelo Euro 6 no início do contrato e mais 1.084 veículos ao longo do contrato.
O projeto também contempla a construção de dois eletropostos públicos, nos terminais Capão Raso e Capão da Imbuia. Além disso, estão programadas a construção e requalificação de 16 estações-tubo, reformulação de traçados de 30 itinerários e criação de cinco novas linhas.
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Também estiveram presentes na audiência pública a procuradora geral do município, Vanessa Volpi; a diretora jurídica e de integridade da Urbs, Heloisa Lopes; o diretor de mobilidade da Urbs, Sergio Oliveira; o presidente da Câmara Municipal de Curitiba, Tico Kuzma; o diretor jurídico do BNDES, Rafael Chambarelli; o chefe do departamento de estruturação de soluções em mobilidade do BNDES, Arian Bechara; Augusto Tedeschi, da Rhein Schirato Meireles Sociedade de Advogados; Luiz Gustavo Souza Duque, da Addax Assessoria; o secretário de Governo Municipal, Marcelo Fachinello; o secretário de Comunicação Social, Marc Sousa; a presidente do Instituto Municipal de Administração Pública (Imap), Beatriz Battistella; o líder do governo na Câmara Municipal, Serginho do Posto; as vereadoras Lais Leão e Giorgia Prates; e o vereador Jasson Goulart.