O uso de material reciclado no artesanato pode contribuir na conscientização de que é preciso reduzir a geração de resíduos sólidos. "A grande questão nos dias de hoje é reduzir a geração, tanto por quem produz quanto por aqueles que consomem", resume a arte-educadora e educadora ambiental Samira Leme, da Prefeitura de Curitiba. "O artesanato pode despertar o sentido de minimizar a geração de resíduos", completa Samira, que também é biólogo e trabalha na educação ambiental da Secretaria do Meio Ambiente.

Foi o que aconteceu na casa da aposentada Gleider Rocha Deconto, de 64 anos. Neste ano, ela decidiu enfeitar a árvore de Natal exclusivamente com materiais reciclados. "O único material que não veio do lixo foi a fita que usei. Esta eu já tinha em casa", conta. São papéis de bala, anéis dos lacres de latas de bebidas, embalagens de iogurte e fundos de garrafas pet que foram enfeitados com painas da paineira da casa dela.

"Acho que não adianta só a escola falar em reutilizar materiais. Nós temos que ensinar em casa. Queria que meus netos aprendessem que não é só comprar tudo pronto. Assim como muitas crianças carentes fazem os seus próprios brinquedos, nós podemos fazer os nossos enfeites de Natal", afirma a aposentada que é avó de quatro crianças de 2 a 5 anos de idade.

Gleider conta ainda que o mais velho ficou surpreso quando viu o resultado, percebendo como ficaram bonitas coisas que, de outra forma, iriam para o lixo. "Isto vai fazer diferença no futuro", garante Gleider, observando ainda que cada papel de bala e copo de iogurte, identificados pelas crianças na árvore, trouxeram lembranças de momentos vividos na casa da avó. O que era lixo virou enfeite e memória.

De acordo com a educadora ambiental Samira Leme, a reutilização de materiais sempre existiu. "Mas hoje esta preocupação parece estar mais forte. Mais pessoas pensam em dar nova função de uso aos materiais. No artesanato, o legal é o senso de criatividade, é olhar a garrafa pet e ver um Papai Noel", compara.