A artesã Luciane Siqueira da Luz viu sonhos brotarem e a vida mudar ao participar do Programa de Inserção Produtiva, da Fundação de Ação Social (FAS). Luciane, de 29 anos, passou pelas aulas de artesanato em etil vinil acetato (eva), material emborrachado usado na confecção de peças decorativas, no Centro de Referência da Assistência Social (CRAS) Pompéia. Aprendeu a fazer porta-retratos, embalagens, lembrancinhas, cestas e abriu o próprio ateliê de artesanato, na Fazendinha.
As cestas da artesã foram uma das principais atrações da Feira Especial de Páscoa, na praça Osório. Além das aulas de artesanato, Luciane também recebeu orientações sobre o processo de produção e de comercialização de produtos. Com a chegada das primeiras encomendas, sentiu que seu dom poderia render mais frutos. Ao lado de duas colegas que também participaram do programa, deu início ao Projeto Eva, com a abertura do ateliê. No ateliê, Luciane e as duas sócias, Adenildes Trindade e Ana Camin Leite, produzem e vendem artesanato.
O programa de inserção produtiva da FAS atende pessoas em situação de risco e vulnerabilidade social, que são estimuladas a desenvolver atividades relacionadas aos seus projetos e empreendedorismo. A proposta nasceu em 2006 e é considerada modelo de ação para geração de renda e promoção da inclusão social. O programa também estimulou a artesã a avançar nos estudos. Luciane está cursando a faculdade de Ciências Contábeis.
No Projeto Eva, Luciane e as sócias têm autonomia, compram o material para a produção, organizam os pedidos e a contabilidade. A Prefeitura de Curitiba entra com o espaço para comercialização. "Acho que tudo isso me motivou, comecei a ter vontade de estudar ainda mais. Percebi que levava jeito para organizar as coisas no atelier e lidar com o dinheiro, e fui fazer um curso técnico de administração", conta Luciane.
Luciane e as sócias chegam a trabalhar até 22h para dar conta da demanda. Na época de Páscoa, as encomendas se multiplicaram. As artesãs tiveram que produzir 4.500 cestas no prazo de duas semanas. Resta pouco tempo para Luciane cuidar dos três filhos, de 14, 10 e 8 anos, mas ela diz que, com o trabalho, irá garantir o futuro deles. "Não vou parar por aqui, quero fazer uma pós-graduação e, quem sabe, aumentar ainda mais nossa empresa", planeja.
O Programa de Inserção Produtiva da FAS funciona nos 28 Centros de Referência da Assistência Social (CRAS) e Unidades de Atendimento vinculadas aos CRAS. Dura dois anos e é dividido em cinco etapas. A primeira fase é a de diagnóstico. A equipe do CRAS faz um plano de ação depois de analisar as potencialidades de cada família e as tendências de mercado.
A segunda etapa é a de sensibilização. São encontros com os grupos para trabalhar temas como sonhos, projetos de vida, empreendedorismo, família e trabalho. Os participantes também fazem atividades artesanais para desenvolver coordenação motora e concentração.
Em seguida, vem a fase voltada para a qualificação e a capacitação. A criatividade do grupo é despertada. São palestras, oficinas e cursos, como os de bordado, corte-costura, tricô, pintura.
Na quarta etapa acontece aperfeiçoamento e gestão. O grupo, amadurecido, começa a participar de treinamentos e ganha informações sobre processo de produção e de comercialização de produtos, fluxo de caixa, marketing.
Na quinta fase, o grupo coloca em prática as questões de produção, estabelece canais de comercialização, identifica demandas de mercado. Os produtos recebem o selo Vitrine Social, que os caracteriza como de comércio ético, justo e solidário.
Os participantes continuarão a receber apoio da FAS para colocar suas peças em exposição. Elas são comercializados nas Feiras de Arte e Artesanato de Curitiba, em lojas vinculadas ao Instituto Pró-Cidadania de Curitiba (IPCC) e em eventos que contam com a parceria da FAS.
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