Chamar a atenção dos motociclistas para detalhes que eles precisam observar no dia a dia é o objetivo das abordagens educativas da Escola Pública de Trânsito da Superintendência de Trânsito (Setran) nas ruas da cidade. As ações educativas da EPTran são feitas de forma rotineira.
“Exigências como respeitar a velocidade e a sinalização, além de manter o veículo em ordem, estão entre as dicas que nunca é demais repetir”, frisa a agente Cláudia Moreira, munida de fôlderes para ilustrar os argumentos. De 1,4 milhão de veículos rodando em Curitiba, segundo o Departamento de Trânsito do Paraná (Detran), 127 mil são motos.
A preocupação com essa categoria de condutores cresceu em 2017, com o mais recente estudo do programa Vida no Trânsito. Segundo esse diagnóstico, os motociclistas foram os que mais morreram em acidentes em 2016, deixando para trás os pedestres – líderes do ranking desde 2012. Foram 69 das 196 mortes – sete a mais que entre os pedestres, que caíram para a segunda posição.
O Programa Vida no Trânsito integra um movimento internacional de redução de lesões e mortes no trânsito, por meio de ações integradas e coordenadas em parceria entre a Secretaria Municipal da Saúde e a Superintendência de Trânsito (Setran).
O experiente e a jovem
Com 25 anos de pilotagem de motos, o mecânico e restaurador Marcelo Soffiatti diz que, além de velocidade alta e manobras arriscadas, outros fatores levam aos acidentes.
“Tem a pressão das empresas e a do consumidor, ignorando as condições do trânsito”, argumenta. Ele aproveitou para tirar dúvidas sobre usar a viseira entreaberta. Soube que é possível, mas só o suficiente para o ar entrar. Abrir a proteção pode facilitar a entrada de insetos e gravetos, provocando acidentes.
A auxiliar de farmácia Júlia Soares pilota há um ano e meio ano e garante: “é preciso ter o emocional forte”. Além de “ouvir desaforos” de motoristas de carros e ônibus, quando pilota vem à cabeça dela as dezenas de motociclistas internados por acidentes de trânsito.
“Geralmente estão em motos pequenas e trabalhando”, relembra ela, para quem os demais motoristas entendem o motociclista como “alguém que está atrapalhando o trânsito e ocupando faixas de veículos maiores, que eles não têm o menor problema em invadir”.
O cuidadoso
O motoboy Thiago Augusto de Souza é cuidadoso. No momento em que foi abordado pelo agente Ricardo Gouveia da Silva, estava encostando em uma loja especializada para trocar pneus. “Comprei essa moto usada. Já troquei guidão e lanterna. Agora é a vez dos pneus”, conta ele, que tinha dúvidas sobre o uso de capacete com viseira espelhada, proibida pela legislação.
As abordagens educativas da EPtran são periódicas e direcionadas aos diferentes tipos de veículos. As ações permitem conversar com cerca de 100 motoristas por atividade.