Os 200 metros rasos da pista de atletismo da Universidade Positivo só foram percorridos pelo atleta Carlos Alberto Rezende, 55 anos, por causa de um ato simples, mas de valor imensurável. A doação de medula óssea feita em 2016 por Luiz Eduardo Pereira de Andrade, 26 anos, mantém Carlos vivo e com disposição para participar dos Jogos Brasileiros para Transplantados, competição inédita que vai até domingo (24/11), em Curitiba.
Carlos e Luiz Eduardo se conheceram nesta quinta-feira (23/11), na abertura dos jogos, mas agora têm uma ligação para o resto da vida. “É muito emocionante. É um sentimento novo, olhar e ver outra pessoa que está viva por causa de você. Isto é incrível”, disse Luiz Eduardo.
Ele sempre doou sangue e numa das vezes lhe falaram sobre a doação de medula óssea. Fez os exames e como estava tudo bem passou pelo procedimento cirúrgico, que retira a medula dos ossos da bacia. Luiz Eduardo nasceu em Curitiba e mora em Rio Azul, no Sudeste do Paraná.
Carlos Alberto é morador de Campo Grande (MS). “É uma bênção a possibilidade de estar vivo, isso é indescritível", disse.
"A morte esteve muito próxima, mas graças a esse anjo, chamado de doador, estou vivo e correndo aqui hoje”, disse Carlos ao lado do seu "anjo" Luiz Eduardo.
Jogos para Transplantados
Histórias como a de Carlos Alberto e Luiz Eduardo poderão ser conhecidas em Curitiba até domingo (24/11), durante os Jogos Brasileiros para Transplantados promovidos pela Prefeitura, por meio da Secretaria Municipal do Esporte, Lazer e Juventude (Smelj), e com apoio da Associação Brasileira de Transplantados.
Na manhã desta sexta-feira (22/11) foram feitas as disputas do atletismo, na Universidade Positivo (veja aqui todos os resultados da manhã desta sexta). Durante a tarde será a vez dos jogos de tênis, que serão disputados no Centro de Esporte e Lazer (CEL) Xaxim da Prefeitura.
Os jogos reúnem 68 atletas e 70 acompanhantes do Brasil inteiro. Pela manhã, a atleta mais nova da competição, Laura Franco, de 7 anos, participou do pentatlo infantil na Universidade Positivo. Ela recebeu um transplante de fígado do irmão.
Doar para salvar vidas
O presidente da Associação Brasileira de Transplantados (ABTx), Edson Arakaki, explicou que o evento superou as expectativas e são dois os principais objetivos: falar da importância da doação de órgãos e destacar a atividade física como maneira de fazer a reinserção da pessoa transplantada na sociedade.
“O transplantado pode fazer qualquer coisa e o esporte melhora a qualidade de vida”, explicou Arakaki.
Segundo ele, nas regiões onde competições similares aos Jogos Brasileiros para Transplantados foram feitas houve aumento de 30% dos casos de doação de órgãos. Arakaki recebeu um rim doado da irmã em 2001.
Na espera por um rim
Na manhã desta sexta-feira, nas competições de atletismo, o professor de Educação Física e voluntário nos Jogos, Ramon Lima, 38 anos, recebeu uma ligação que pode mudar a vida dele.
“O médico acabou de me ligar, está acontecendo a captação de um órgão e vão ver se é compatível comigo”, disse Ramon, que espera por um transplante de rim há 8 meses. “Só de receber essa ligação já fiquei feliz. Esse tipo de evento ajuda a sensibilizar as pessoas a doarem órgãos. Muitos ainda têm dúvidas e medo, é preciso divulgar mais o tema”, concluiu.
O secretário municipal do Esporte, Lazer e Juventude, Emilio Trautwein, e o diretor de Esporte, Carlos Pijak Jr, também acompanharam as competições de atletismo.
As competições
22 de novembro (sexta-feira)
14h às 18h – tênis no Centro de Esporte e Lazer (CEL) Xaxim (Rua Dom José Marello, 101, Xaxim)
23 de novembro (sábado)
9h às 11h – natação no Centro de Esporte e Lazer (CEL) Dirceu Graeser, na Praça Oswaldo Cruz (Rua Brigadeiro Franco, 2.335, Água Verde)
24 de novembro (domingo)
7h às 9h – corrida de rua e caminhada na Avenida Doutor Dário Lopes dos Santos, 419, próximo ao Estádio Durival Britto e Silva (Circuito Sesc de Corridas)
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