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Moradia

Teatro do Xapinhal chega à Rua das Flores

Apresentação de Grupo de Teatro do Xapinhal, na Boca Maldita. Reg. Matriz. Curitiba, 19/03/2005 Foto: Valdecir Galor/SMCS

 

Um grupo de 30 pessoas com máscaras e camisetas do Festival de Teatro de Curitiba, chamou a atenção de quem passava pela rua das Flores no final da manhã deste sábado (19). Eles fazem parte do Xapinha - Companhia de Teatro Orientação para a Vida, um grupo que reúne crianças e adolescentes da área do Xapinhal - uma ocupação irregular localizada no bairro do Sítio Cercado.

Os integrantes do Xapinha estavam acompanhados por alguns pais e a coordenadora do grupo, Salete Arruda e, depois de andarem algumas quadras, escolheram um ponto da Boca Maldita para se apresentar ao público. Eles realizam uma rápida performance, na qual procuraram chamar a atenção para a dificuldade de acesso à cultura pelos jovens que vivem em comunidades da periferia.

A apresentação do Xapinha foi autorizada pela coordenação do Festival de Teatro de Curitiba e, para os integrantes do grupo, foi a realização de sonho. Eles estão trabalhando juntos há quase dois anos e, pela primeira vez, estão tendo a oportunidade de participar de um evento cultural como o Festival de Teatro. Além da performance na rua das Flores, eles também foram assistir a duas peças da programação oficial da mostra: "Carmem Miranda" e "A Maldição do Vale Negro".

Cidadania - A criação do grupo de teatro do Xapinhal está incluída entre as ações que o município vem realizando na área, que está em processo de urbanização e regularização. O trabalho é coordenado pela Cohab e, além da intervenção física no local, com obras de infra-estrutura e melhoria na rede de serviços e equipamentos públicos, inclui ações de promoção social. "O teatro é um instrumento para que os adolescentes do Xapinhal adquiram noções de cidadania e aprendam a assumir a condição de protagonistas de seus destinos", explica Salete.

A jovem Patrícia Segundo Cortes, de 18 anos, está no grupo desde o início e conta que depois que começou a participar das atividades ganhou uma nova perspectiva. Ela abandonou os estudos na 8ª série do primeiro grau e, agora, está pensando em retomá-los. Também viu modificações na sua vida pessoal. Criada pela mãe, sem a presença do pai, ela se sentiu recompensada quando foi acolhida entre os Xapinhas. "Antes eu me sentia rejeitada e, agora, tenho uma sensação de integração", diz.

Florência Lourenço Rodrigues, mãe de uma das adolescentes do Xapinha, participou da performance na rua das Flores e, ao final estava exultante. "Jamais pensei que iria sair de um bairro distante para chamar a atenção do povo no centro da cidade", disse ela. Vitória maior ela sentiu no dia anterior, segundo contou. Zeladora de um prédio vizinho ao Teatro Guaíra, ela costumava olhá-lo de longe e jamais imaginou que poderia entrar lá um dia para assistir a uma peça.

Mas o inesperado aconteceu. Na sexta-feira à noite (18), Florência e mais 19 pessoas do Xapinha (entre jovens, crianças e adultos) assistiram a peça "A Maldição do Vale Negro", no grande auditório do Teatro Guaíra. "Foi um sonho", disse ela.

Os convites para a peça foram dados pela atriz Camila Pitanga, que encontrou os Xapinhas no dia da estréia do Festival, antes da apresentação do espetáculo "Carmem Miranda", da Antunes Filho. O grupo havia feito sua primeira performance no Festival, na entrada do teatro da Reitoria, e chamou a atenção da atriz, que convidou os jovens para assistir sua peça.