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Saúde

Seminário discute intervenções médicas desnecessárias

Intervenções médicas desnecessárias, ou excessivas, também representam um grande risco para a saúde da população, podendo muitas vezes ser vistas como uma patologia grave e prejudicial à vida do paciente.

Esse tema, entre outros, está sendo debatido no Seminário Brasileiro de Prevenção Quaternária em Atenção Primária à Saúde, que acontece até sábado (30) na Universidade Positivo, em Curitiba, com o apoio da Secretaria Municipal da Saúde. O seminário reúne cerca de 200 médicos de todo o Brasil.

Nos Estados Unidos, pesquisas científicas publicadas no jornal da Associação Médica Americana de Medicina (JAMA) demonstraram que efeitos da ação médica são a terceira causa de morte no país é em decorrência da ação médica – seja por excesso de intervenções clínicas e cirúrgicas ou mesmo por erro. Segundo o diretor do Departamento de Atenção Primária à Saúde da Secretaria, Paulo Poli Neto, o Brasil não possui nenhum tipo de levantamento sobre isso, mas a prática revela que a situação aqui não é muito diferente. “Está provado que um grande número de pessoas morrem ou adoecem por causa de intervenções médicas desnecessárias ou exageradas”, comenta.

Responsabilidade

Hamilton Wagner, médico de família e comunidade da Unidade de Saúde São José, no CIC, lembra que toda ação médica tem um risco e o paciente precisa estar bem informado e esclarecido sobre isso. “O paciente participa de tudo o que está acontecendo”.

Isso não significa que cirurgias com caráter estético, por exemplo, não devam ser feitas. “No caso de uma cirurgia plástica ou uma gastroplastia (redução do estômago), o médico tem o papel de avaliar se o procedimento é recomendado e o paciente precisa estar ciente de todos os riscos, clínicos e cirúrgicos, ao se submeter a esse tipo de intervenção”, esclarece Wagner, que é um dos organizadores do Seminário em Curitiba.

O coordenador do Grupo Brasileiro de Prevenção Quaternária da Sociedade Brasileira de Medicina de Família, André Luiz da Silva, de Porto Alegre, diz que uma boa relação médico-paciente é fundamental para a precisão do diagnóstico. “Os médicos têm que deixar de ser detetives de doenças para ser consultores em saúde. Há doenças, como a gripe, que tem um processo cíclico e as intervenções médicas não vão mudar isso”, comenta.

Exames sem sintomas

O excesso de exames solicitados também é alvo de críticas dos três profissionais. Checkups em pessoas que não apresentam sintomas, segundo eles, são um grande risco para diagnósticos “falso positivo”. Uma situação recente ocorreu com a presidente argentina Cristina Kirchner, que começou a tratar um câncer de tireoide, e que, mais tarde, descobriu se tratar de um tumor benigno e que não causaria problemas no dia-a-dia. “Vários estudos já mostraram que exames preventivos em pessoas que estão bem, sem sintomas, geralmente causam mais danos do que benefícios à saúde desses pacientes”, ressalta Poli. “Pouca gente sabe, mas alguém que tenha se submetido a seis tomografias de crânio terá um nível de radiação no organismo equivalente à radiação verificada numa pessoa que sobreviveu ao acidente nuclear em Chernobil”, comenta.

Poli diz que o melhor caminho para uma vida saudável é bem conhecido por todos os curitibanos. Trata-se do conjunto alimentação equilibrada, prática de exercícios físicos regulares e evitar o excesso de álcool e o cigarro.