Espalhados por bairros centrais e periféricos, os parques de Curitiba são parte da memória da capital paranaense. A função das áreas verdes vai muito além do lazer, eles contam histórias de urbanismo, cultura, enfrentamento de enchentes e, claro, de encontros entre os curitibanos e a natureza.
Para lembrar o Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado nesta quinta-feira (5/6), o Departamento de Patrimônio da Fundação Cultural de Curitiba preparou um material histórico sobre três parques e uma unidade de conservação da cidade. Curitiba tem 52 parques e bosques públicos e muitos deles surgiram de estratégias de planejamento ambiental ao longo do século 20.
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“O meio ambiente também é considerado patrimônio de um povo, a natureza reflete identidade, história e práticas culturais. Curitiba está muito associada a esse conceito", destaca a pesquisadora Angela Medeiros.
Passeio Público: joia verde do Centro
Mais antigo parque da cidade, o Passeio Público foi inaugurado em 1886 e ainda hoje é um ponto de referência no Centro. Ele foi projetado pelo engenheiro João Lazzarini e sua instalação contou com o apoio de figuras como o Barão do Serro Azul e Francisco Fontana, que doou o terreno e foi o primeiro administrador do parque.
“A principal função do projeto era tornar habitável e agradável uma área pantanosa no coração de Curitiba. A gente nem consegue imaginar, mas a região do Passeio Público era insalubre”, diz a pesquisadora da FCC, Angela Medeiros.
A ideia, ousada para a época, conquistou logo os moradores e transformou o local em palco de eventos históricos, como a ascensão do balão da aeronauta Maria Aída, em 1909, e a coroação do poeta Emiliano Perneta, dois anos depois. Nos anos 1970, a volta dos pedalinhos e a efervescência do bar Lá no Pasquale marcaram o retorno da popularidade do lugar, que também foi o primeiro zoológico da cidade.
Ao longo de 139 anos, o Passeio Público passou por transformações. A área inicial, de 48 mil metros quadrados, foi ampliada para os atuais 69 mil metros quadrados. No local, há ilhas, pontes, alamedas, pistas e lagos bem-cuidados pela Prefeitura de Curitiba, através da Secretaria Municipal do Meio Ambiente.
Barigui: prainha curitibana
Com o avanço do século e o crescimento urbano, a cidade viu nascer outros grandes espaços verdes, muitos deles impulsionados por uma necessidade prática: conter enchentes. Na década de 1960, a Prefeitura passou a criar parques a partir do represamento de rios. Um dos exemplos desse movimento é o Parque Barigui, no bairro Santo Inácio.
O Barigui tem raízes que remontam à fundação da cidade e ocupa 1,4 milhão de metros quadrados. É hoje um dos parques mais frequentados de Curitiba, seja pelas pistas de caminhada, pelas churrasqueiras ou pelas capivaras. O local já abrigou até um jacaré, que virou lenda urbana.
Neste ano, o Barigui passou por melhorias coordenadas pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente, com destaque para a modernização do estacionamento principal, da academia de ginástica, do portal, das pontes e dos acessos de veículos.A passarela de madeira ao lado do Salão de Atos foi completamente reformada, substituindo as antigas escadas por rampas, tornando o espaço mais acessível.
São Lourenço: de área industrial a espaço cultural
Outro parque que surgiu a partir de uma situação de crise foi o São Lourenço. Localizado na região Norte da cidade, ele nasceu após uma enchente causada pelo rompimento de um tanque industrial em 1971.
O terreno, antes ocupado por uma fábrica de cola e um curtume, foi transformado em parque dois anos depois.
No prédio da antiga fábrica, hoje funciona o Memorial Paranista, com ateliês de escultura e o “novo” Teatro Cleon Jacques. O Memorial é dedicado à obra do escultor João Turin e à arte paranaense. O parque também é conhecido por eventos comunitários e ações de conscientização ambiental.
Jardim Botânico: unidade de conservação
O Jardim Botânico foi inaugurado em 1991 e é um dos principais cartões-postais da cidade. Pelas características, não é chamado de parque, mas de unidade de conservação. Instalado em uma antiga área particular que preservava a mata nativa, o parque homenageia a engenheira urbanista Francisca Maria Garfunkel Rischbieter e foi projetado pelo arquiteto e ex-prefeito Jaime Lerner.
A estufa metálica, inspirada no Palácio de Cristal da Londres vitoriana, é hoje uma das imagens mais compartilhadas nas redes sociais quando o assunto é Curitiba. A estufa abriga espécies da Mata Atlântica e é cercada por jardins em estilo francês. O local também conta com o Museu Botânico Municipal, trilhas e áreas de preservação.
Nos últimos anos, o Jardim Botânico recebeu importantes melhorias feitas pela Prefeitura, como a inauguração da Galeria das Quatro Estações e do Café Escola do Senac. No mês passado, foi realizada a limpeza completa da estufa, que possui 18 metros de altura e cerca de 3,8 mil peças de vidro. Além disso, está em andamento a manutenção da cobertura de policarbonato da Galeria das Quatro Estações e a recuperação do piso do jardim francês.