Texto: João Salomão | Edição: Viviane Favretto
Secretaria Municipal da Comunicação Social (Secom)
As celebrações do Natal em Curitiba, que em 2025 contam com cerca de 150 atrações gratuitas espalhadas pela cidade, vão além do entretenimento e já se consolidam como um importante motor para o turismo e a economia local. A rede hoteleira registra índices elevados de ocupação, com média próxima de 90%, e há casos de lotação máxima durante os principais espetáculos natalinos. O impacto positivo também se reflete nos bares e restaurantes da capital.
De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes no Paraná (Abrasel-PR), Luís Fernando Menuci, o movimento deve crescer mais de 10% neste período. Ele observa ainda um aumento nos pagamentos em dinheiro, o que pode indicar maior presença de turistas estrangeiros. “Esse comportamento sugere visitantes que não utilizam PIX ou cartões válidos no Brasil”, analisa.
Délio Canabrava, proprietário da Cantina do Délio, relata nunca viu um movimento tão intenso em 20 anos como dono de restaurantes em Curitiba.
“Tanto no almoço quanto no jantar, a procura é muito grande. Estamos trabalhando dobrado para dar conta da demanda,” relata o empresário. Ele afirma também que percebeu que muitos destes clientes são pessoas vindas de fora. “O turismo de Curitiba está espetacular, as pessoas estão vindo. As atrações de natal divulgam bem a cidade e o resultado aparece”, declarou Délio.
Márcio Brasil, proprietário do Essen Biergarten e da rede Zapata Brasil afirma que o movimento está 20% maior em relação ao ano anterior. Ele diz que cresceu também a presença de turistas no restaurante e que pelo menos 10% são estrangeiros.
“Acredito que o que impulsionou o aumento de turistas foram as atrações de Natal por toda a cidade e a variedade da programação que a Prefeitura se empenhou para realizar. Acho que cada vez mais Curitiba se consolida como destino de viagens de turismo de Natal”, diz Márcio.
Hoteis lotados
A capital paranaense conta com uma grande infraestrutura de hospedagem para os turistas. São mais 100 estabelecimentos e 17 mil leitos, entre hotéis, flats, pousadas e hostels, para os mais diferentes públicos. Um dos exemplos da ampla ocupação deste ano foi registrado durante as apresentações do Natal do Bradesco no Palácio Avenida, quando o Mabu Curitiba Business, na Praça Santos Andrade, no Centro, alcançou 100% de ocupação.
Ana Paula Maynard, gerente nacional de vendas do Mabu Hotel, atribui a lotação do hotel às atrações natalinas. “Nós acreditamos que este resultado se relacione com a grande quantidade de espetáculos e atrações de renome, que chamam a atenção de diversos lugares do país. Nunca tivemos tantas reservas com grande antecedência para esta data”, revela Ana, que espera uma ocupação de 85% a 90% dos quartos disponíveis até o Natal.
A gerente do Go Inn, Carolina Sniecikoski, revela que também a taxa de ocupação de seu hotel está bastante alta.
“Na primeira quinzena de dezembro, nós tivemos alguns dias com 100% de ocupação e estamos com um acumulado até o momento em torno de 80%” declarou Carolina.
Para poder atender o crescimento da demanda, os hotéis tiveram que investir, inclusive com contratação de pessoal. Isabela Meyer, gerente geral do Qoya Hotel Curitiba, relatou os preparativos extras que foram demandados. “Reforçamos o planejamento operacional, ajustamos as escalas e intensificamos o cuidado com a experiência do hóspede”, afirmou a gerente.
Hóspedes estrangeiros
Ricardo Nielsen, diretor de Marketing, Vendas e Distribuição da Slaviero Administradora (Slaviero Hotéis e Slim Hotéis), afirma que nos estabelecimentos desta rede ocorreu um aumento de mais de 15% na procura por vagas na comparação com o ano passado. Também revela que, neste momento, os hotéis mais centrais da rede estão com ocupações acima de 80% nos fins de semana devido aos espetáculos.
Entre estes hóspedes há um crescimento sensível dos turistas estrangeiros que vem à cidade para curtir o Natal. “O público internacional vem crescendo de forma consistente a cada ano, com destaque para turistas da Argentina, Uruguai e Paraguai. Em relação a 2024, registramos um crescimento de aproximadamente 20% no número de hóspedes internacionais”, afirmou Nielsen.
O presidente do Instituto Municipal de Turismo, Rodrigo Swinka, avalia que o desempenho é reflexo direto da programação natalina. “Esse fluxo de turistas ajuda a gerar empregos, movimenta renda e aquece a iniciativa privada, que é quem de fato conduz o turismo. É o resultado da promoção de grandes eventos pela cidade”, destaca o presidente.
Para o presidente do Sindicato Empresarial de Hospedagem e Alimentação (SEHA), Jonel Chede Filho, o momento vivido pela hotelaria curitibana é melhor do que de anos anteriores. Segundo ele, além da alta ocupação em dezembro, já há reflexos positivos para o período pós-Natal. “Estamos vivendo um momento de hospedagem melhor do que em anos anteriores, com evolução constante. Atrações como o Natal da Disney têm grande repercussão. Já existem reservas para o início de janeiro, de pessoas que escolheram Curitiba como destino turístico”, afirma Jonel.
Otimismo no comércio
No comércio, o cenário também é de otimismo. Pesquisa de Expectativa de Compra e Venda no Natal 2025, realizada pela Associação Comercial do Paraná (ACP), aponta que 62% dos lojistas estão confiantes no desempenho de seus negócios. Do lado dos consumidores, 61% afirmam que pretendem comprar presentes neste fim de ano e 46% dizem que devem gastar mais do que no Natal anterior. Para o presidente da ACP, Antônio Gilberto Deggerone, os dados indicam um período favorável. “Os resultados reforçam que o Natal de 2025 deve trazer boas oportunidades para o comércio curitibano, com consumidores mais dispostos a comprar e empresários preparados para atender à demanda”, resume Deggerone.
Em regiões próximas às atrações natalinas, o otimismo é ainda maior. No Largo da Ordem, a vendedora Thays Rudenik, que trabalha há seis anos na loja Mister Mundo São Francisco, relata crescimento expressivo nas vendas. “Estimamos um aumento de cerca de 80%. Para atender à demanda, tivemos que estender o horário de funcionamento e contratar freelancers”, conta.
Histórias semelhantes às de Thays são repetidas por outros profissionais, como balconistas, ambulantes e funcionários de estabelecimentos que relatam um crescimento expressivo de seus comércios.
Maior competitividade
Segundo o assessor econômico da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Paraná (Fecomércio PR), Lucas Dezordi, a programação de Natal de Curitiba tem desempenhado papel estratégico na intensificação do fluxo turístico e no fortalecimento do comércio e dos serviços da capital. "Dados do Boletim do Turismo da Fecomércio PR indicam que, no acumulado de janeiro a novembro de 2025, a inflação do turismo em Curitiba atingiu 5,03%, abaixo da média nacional de 6,88%. No recorte de 12 meses, o diferencial é ainda mais expressivo, com 5,86% no Paraná frente a 8,65% no Brasil, o que amplia a competitividade do destino em relação a outros polos turísticos nacionais” afirmou o economista.
Inflação de turismo é o aumento dos preços dos bens e serviços específicos do turismo, como passagens aéreas, hospedagem e, alimentação. É um indicador que impacta diretamente o poder de compra dos viajantes, tornando destinos mais caros ou acessíveis.
Dezordi entende que a programação de Natal da cidade potencializa esse efeito ao elevar o tempo de permanência dos turistas na cidade e aumentar a demanda por hospedagem, alimentação e compras. “A presença de atrações de grande porte, inclusive internacionais, como o parque temporário da Disney, reforça a atratividade da capital e contribui para um ambiente mais favorável ao comércio, ao estimular o consumo e gerar efeitos positivos ao longo de toda a cadeia de serviços", avalia o economista.
Outros números também reforçam a força do evento. Em 2024, o Natal de Curitiba reuniu 2,2 milhões de espectadores e movimentou R$ 399,9 milhões na economia local, segundo o Instituto Municipal de Turismo. Para 2025, a projeção é ainda mais ambiciosa: público de 2,4 milhões de pessoas, sendo 322 mil turistas, e impacto econômico estimado em R$ 439,8 milhões — crescimento aproximado de 10% em todas as frentes.