Unidades da rede municipal de ensino prepararam atividades diferenciadas para esta quinta-feira (02) data em que se comemora o Dia Mundial de Conscientização do Autismo. Serão realizadas exposições, oficinas e ações de inclusão para informar sobre o autismo e estimular o respeito à diversidade. São exemplos de unidades mobilizadas nesta discussão a Escola Municipal Miracy Rodrigues de Araújo, no Bairro Novo e o Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) Hermes Macedo, no Campo de Santana.
No CMEI Hermes Macedo, onde são atendidas 260 crianças de 0 a 5 anos, será realizada uma demonstração de equoterapia, um método terapêutico que utiliza o cavalo para reabilitar pessoas com deficiência e que tem sido eficiente com crianças autistas. A prática resulta de uma parceria do CMEI com a Cavalaria da Brigada Militar e terá por objetivo orientar e sensibilizar as famílias quanto ao autismo, diagnósticos e atendimentos incluídos a atenção dentro da rede municipal de ensino.
Atualmente são três crianças autistas matriculadas no CMEI, que já chegou a ter onze crianças com a síndrome na unidade. “Nosso objetivo é trabalhar a socialização e o acolhimento das famílias e para isso nada melhor do que uma ação integradora”, diz a diretora do CMEI, Graziela Tatiana Jardim.
O autismo é uma síndrome que afeta o desenvolvimento em três importantes áreas: comunicação, socialização e comportamento. A estimativa, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) é que no Brasil existam 2 milhões de autistas.
A oficina de equoterapaia será pela manhã, a partir das 9h30. Para complementar a ação, as crianças usarão o azul, símbolo da causa, e farão uma exposição de cavalinhos de pau construídos com a participação das famílias. A iniciativa em celebrar o Dia Internacional do Autismo partiu do Conselho do CMEI, formado por representantes da unidade e pais das crianças atendidas.
Na Escola Municipal Professora Miracy Rodrigues da Araújo, no Bairro Novo, onde estudam duas crianças autistas, serão realizadas palestras, depoimentos dos familiares de crianças autistas, exposições de trabalhos e oficinas experimentais, às 10h30 e 16h30 horas. “O objetivo das oficinas é fazer com que as pessoas compreendam algumas das principais características de quem tem o transtorno autista, que é a alta sensibilidade sensorial”, diz a diretora Denise Garsztka.
Um túnel será montado no pátio da escola para intensificar os sentidos da audição, olfato e tato. Também haverá atividade de comunicação alternativa, para simular o desafio da criança autista com a comunicação.
Produções das crianças autistas e dos colegas a partir da percepção que têm sobre o autismo vão colorir as paredes da escola onde estudam 630 crianças, em turmas de pré ao 5º ano.
Outra atração será a apresentação do Teabot, um robô desenvolvido pelos estudantes da equipe de robótica da escola Municipal Prefeito Omar Sabbag. Os meninos e meninas da escola localizada no Cajuru vão levar para os colegas da escola do Bairro Novo a máquina que foi criada por eles para ajudar no aprendizado de crianças autistas.
O robô tem formato de um boneco com o corpo de tecido almofadado, esqueleto formado de peças Lego e com um tablete acoplado na barriga. Sensores no corpo do boneco são acionados a partir do toque do corpo da criança fazendo com que o robô movimente os braços, para corresponder ao abraço. No tablete acoplado na barriga do robô, as crianças têm acesso a aplicativos educacionais que estimulam a percepção, a habilidade, a atenção, a memória e o raciocínio.
Sala de Recursos
A Escola Professora Miracy Rodrigues de Araújo sedia uma das 20 Salas de Recursos Multifuncional mantidas pela Coordenadoria de Atendimento às Necessidades Especiais (CANE) da Secretaria Municipal da Educação. Na sala de recursos são atendidos 15 estudantes, sendo dois com autismo.
As Salas de Recursos Multifuncionais fazem parte das ações da rede municipal voltadas ao atendimento dos estudantes com Transtorno do Espectro Autista. Nelas são atendidos crianças e adolescentes com deficiências e transtorno global do desenvolvimento. Outras alternativas com as quais contam os estudantes autistas na rede municipal, que são acompanhados pela Coordenadoria de Atendimento às Necessidades Especiais por meio serviços e programas especializados, são os atendimentos nos Centros Municipais de Atendimento Especializado (CMAE), nas escolas municipais especializadas ou, em grande parte dos casos, acompanhamento de inclusão, com o acompanhamento de um professor de apoio especializado.
O professor de apoio acompanha o estudante, investiga, analisa e intervêm recursos e adaptaçõesàs necessidades individuais do aluno. São algumas estratégias a Comunicação Alternativa, Organização Sensorial, Adaptações das Atividades Pedagógicas e Assessoramentos aos professores.
Outra importante ação desenvolvida na rede municipal de ensino de Curitiba em benefício da criança com deficiência é o projeto “Bullying não é Brincadeira”, que tem duas frentes. A primeira, de orientar os profissionais das escolas, Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs) e demais unidades escolares sobre o que deve ser feito para evitar bullying.
A segunda é envolver de forma lúdica e atrativa os estudantes e suas famílias na discussão sobre a necessidade de respeito à singularidade e diversidade de todos no ambiente educacional. Para isso, foram produzidos kits compostos por cinco bonecos coloridos, confeccionados em material plástico e acompanhados de uma apostila que apresenta as singularidades de cada personagem. O quinteto tem um autista entre os personagens e foi criado para sensibilizar as crianças e suas famílias sobre as diferenças individuais encontradas nos espaços educacionais.
Nina, Lilo, Max, Teco e Lisa são personagens fictícios, mas suas características podem ser encontradas nas unidades escolares. Lilo é pessoa com autismo, o colega Teco tem deficiência visual, Lisa não ouve e não fala, enquanto Max faz uso de cadeira de rodas. Devido ao tratamento de uma leucemia, Nina perdeu os cabelos e é careca. “Por meio de suas histórias de vida buscaremos sensibilizar a comunidade escolar sobre as diferenças individuais de cada indivíduo, estimulando o respeito às singularidades, às diversidades, às deficiências e às necessidades educacionais especiais”, disse a secretária municipal da Educação, Roberlayne Borges Roballo.