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Diálogos Urbanos

Difusão tecnológica é desafio de Curitiba para o futuro

No momento em que a economia global vive o período do chamado “Pós-Fordismo”, com a difusão tecnológica emergente centrada nas Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs), é desafio das cidades, entre elas Curitiba, ter o controle das transformações urbanas decorrentes desses processos.

A observação, do economista Mariano de Matos Macedo, professor titular no Programa de Pós-Graduação em Planejamento Urbano na Universidade Federal do Paraná (UFPR), foi feita na tarde desta terça-feira (18/12) em palestra do projeto Diálogos Urbanos, feita no auditório do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc).

Macedo e a economista Raquel Rangel de Meireles Guimarães, mestre em Demografia e professora-adjunta do Departamento de Economia da Universidade Federal do Paraná e membro do Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas da universidade, abordaram as perspectivas futuras para a cidade nas apresentações sobre a Dinâmica Demográfica e Oportunidades para Curitiba: Uma análise no horizonte 2010-2030.

Em sua apresentação, Mariano Macedo ressaltou que as transformações atuais nos ambientes urbanos são puxadas pela convergência às TICs aplicadas em soluções ao transporte público, à segurança, defesa civil entre outras áreas. “É necessário traçar estratégias e políticas para a difusão dessas tecnologias em Curitiba e na Região Metropolitana de forma que as cidades sejam capazes de absorver esses processos na sua dinâmica territorial”, observou o professor.

Neste contexto é fundamental a análise dos dados disponíveis que apontem as tendências da estrutura produtiva e do mercado de trabalho no conjunto da Grande Curitiba. O aumento da participação da Indústria da Transformação no produto Interno Bruto (PIB) é importante neste contexto. “Ela puxa a economia. Cada unidade de produção na indústria gera outras no comércio”, comentou Macedo.

Em Curitiba, a participação da indústria no PIB da cidade gira entre 20% a 25%, segundo o professor, enquanto no Brasil é de 10%. É um cenário interessante que se soma a fatores determinantes na decisão de investimentos, que são a disponibilidade de recursos humanos qualificados conforme a exigência do novo padrão tecnológico e a qualidade urbana.

Cenários
Mariano de Matos Macedo traçou três diferentes cenários para que Curitiba caminhe equilibrada rumo ao futuro: ameaças, oportunidades e desafios. Entre as ameaças estão o descompasso com as tecnologias emergentes, atraso relativo e baixo potencial de crescimento econômico.  No campo das oportunidades Curitiba se destaca pelas experiências bem-sucedidas no planejamento urbano vinculadas à adição das novas tecnologias, os avanços no segmento de TICs, disponibilidade energética (Copel e Sanepar), lei da inovação e contar com uma rede de soluções urbanas inovadoras.

Os desafios da cidade dizem respeito a fatores locais, regionais e nacionais como a estabilidade econômica, a fragilidade financeira nas três esferas de governo, a limitação à operação de parcerias público-privadas, incipiência no ecossistema de inovação regional, falta de estratégias no campo da ciência e tecnologia, formação de novos perfis profissionais, limitações quanto ao poder de compras governamentais, limitações no marco legal da inovação (Inova Simples), incipiência de iniciativas de e-government, e necessidade de avanço em processos de transformação digital com a incorporação de tecnologias emergentes.

Transição demográfica
As tendências emergentes para Curitiba levam em conta o processo de estagnação do crescimento demográfico nas próximas décadas, bem como os avanços já conquistados pela cidade frutos do planejamento e outras particularidades da cidade.

“Hoje não existe mais o mito de que o crescimento populacional vai explodir. Isso é uma evidência ultrapassada”, disse a economista e demógrafa, Raquel Guimarães. “Existe um pico de crescimento. Depois disso a população passa a diminuir”. Curitiba tem perto de 1,9 milhão de habitantes, segundo a estimativa para 2018. A projeção é que a cidade chegue ao pico de 2,07 milhões de habitantes em 2037 e em 2040 passe a faixa dos 2,04 milhões.

De acordo com a professora, ao longo do tempo haverá uma queda na taxa de fecundidade, como parte do processo de transformação social. Isso se deve, segundo ela, ao aumento da escolarização das mulheres e à maior participação delas no mercado de trabalho, além da opção pelo investimento na educação dos filhos e o custo envolvido neste processo o que é chamado em estudos de “qualidade dos filhos” e não quantidade. É um termo relacionado ao investimento no futuro da prole.

Em Curitiba, já em 2010 a taxa de fecundidade era de 1,6 filho/mulher, baixa para os padrões brasileiros e até mesmo próxima das faixas europeias (Portugal e Itália têm taxa de fecundidade de 1,3). “Curitiba é pioneira em baixa fecundidade”, disse a professora. Segundo ela, nem em 2060 o Brasil alcançará a taxa curitibana. Hoje a nacional está próxima de 1,8.

A migração é outro fator diretamente ligado à qualidade urbana. São Paulo e também Curitiba, ao contrário do que possa parecer, são cidades que não atraem mais migrantes como anteriormente. “Hoje a migração rural-urbana aos grandes centros não se mostra mais relevante. O incremento populacional se dá em cidades médias e no que chamamos de migrações de curta distância com movimentos intrarregionais”, observou Raquel Guimarães.