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Curitiba reduz mortes no trânsito, mas acidentes ainda sobrecarregam o sistema de saúde

Curitiba reduz número de mortes no trânsito, mas o impacto na saúde pública ainda preocupa. Foto: Isabella Mayer/SECOM

Desde o início do Programa Vida no Trânsito (PVT), em 2011, Curitiba registrou a significativa queda de 54% no número de mortes causadas por acidentes nas ruas da cidade. Em 2011, foram 310 mortes em acidentes, enquanto em 2024 foram 141. 

Apesar dos avanços, alcançados com a divulgação de campanhas educativas, fiscalização e melhoria em infraestrutura viária, o número de mortos e feridos ainda é alarmante e causa impacto direto no sistema de saúde.

Segundo o coordenador médico do complexo regulador de urgência de Curitiba, Anthony Augusto Carmona, embora não existam dados específicos sobre a média de leitos ocupados por vítimas de acidentes de trânsito na cidade, essas ocorrências representam uma parcela considerável das internações hospitalares. “No Hospital Universitário Cajuru, referência no atendimento a traumas e vítimas de acidentes de trânsito, correspondem a cerca de 12% da demanda do pronto socorro”, explicou. 

Em média, 54 pessoas atendidas pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) ou Serviço de Atendimento ao Trauma em Emergência (Siate) são internadas diariamente devido a acidentes de trânsito em Curitiba. Esse número expressivo evidencia a sobrecarga que essas ocorrências podem impor ao sistema de saúde local. 

Alta ocupação de leitos por vítimas de acidentes de trânsito impacta diretamente o atendimento de outras condições médicas. “Hospitais e UPAs de Curitiba têm enfrentado dias de tensão devido à lotação, o que pode comprometer o atendimento a pacientes com outras urgências, como infartos, acidentes vasculares cerebrais e complicações de cirurgias eletivas”, disse.

A causa

Os dados de 2024 estão sendo estudados pelo Comitê de Análises do PVT, mas preliminarmente foi possível concluir que, no ano passado, 32,3% dos acidentes com mortes em Curitiba foram causados diretamente pelo comportamento errado dos condutores - dirigir sobre o uso de substâncias como o álcool, desrespeitar a sinalização, converter ou cruzar sem dar preferência, transitar em áreas proibidas, distração no telefone, distância inadequada entre veículos e falta de direção defensiva. 

De 44 acidentes analisados, foram constatadas 48 mortes. A maioria eram motociclistas (20), seguidos por pedestres (14), condutores de automóveis (12) e bicicletas (2).

De acordo com o Superintendente de Trânsito da Secretaria Municipal de Defesa Social e Trânsito, Bruno Pessuti, nenhuma morte causada por acidente de trânsito deve ser encarada com normalidade.

“Nós saímos de 310 mortes por ano para 141 mortes. O número parece ser muito bom do ponto de vista percentual, porém ainda são 141 pessoas que morrem por ano na cidade de Curitiba em decorrência de acidentes de trânsito e isso não é normal. Nenhum óbito no trânsito pode ser considerado normal, até mesmo porque o plano diretor da cidade prevê morte zero. Alguns países nórdicos já atingiram esse índice e temos que nos esforçar para também conseguir”, ressaltou.

Bruno explica que é necessário que motoristas, motociclistas, ciclistas e pedestres cumpram a sinalização e a legislação de trânsito à risca. Na Superintendência de Trânsito, há todo um estudo e ações que visam reduzir o número de feridos e mortos no trânsito.

Um atendimento a cada dois minutos

Dados do Ministério da Saúde revelam que, em 2024, foram registradas 227.656 internações hospitalares por causa de acidentes de trânsito no Brasil, o que equivale a uma vítima recebendo atendimento de emergência a cada dois minutos. 

De acordo com o relatório, as hospitalizações por acidentes de trânsito cresceram em 44% entre 2015 e 2024 – 157.602 registros em 2015 para 227.656 em 2024. Os motociclistas representam 60% das internações, seguidos de pedestres, com 16% dos casos, e ciclistas e condutores automóveis, totalizando 7%.