Operadora de uma das 89 câmeras que monitoram o trânsito de Curitiba em tempo real, Marli Drews chega para trabalhar e logo está em frente a uma tela enorme, dividida em vários cenários. Em cada um deles é possível acompanhar um recorte das ruas de diferentes bairros da cidade. Ela mexe no computador, volta um pouco a imagem e um caminhão aparece na Avenida Visconde de Guarapuava, no Centro, fazendo uma conversão proibida à esquerda, na esquina com a Rua General Carneiro. A cena a seguir mostra uma moto batendo em cheio na carreta. Imediatamente, Marli se comunica por rádio com um agente que está na rua e é acionado para ir até o local do acidente orientar o trânsito.
Marli Drews faz parte de uma equipe de 56 pessoas que atuam no CCO, o Centro de Controle Operacional da Urbs, inaugurado em 2011 e que vem sendo aperfeiçoado para garantir agilidade no monitoramento do trânsito em Curitiba.
Atualmente, o CCO conta com 711 câmeras de monitoramento, das quais 89 do trânsito, instaladas em postes e no alto de edifícios, e 622 para fiscalizar o transporte público, em estações-tubo, terminais de ônibus e na Praça Rui Barbosa. “Essas câmeras e o trabalho integrado entre Urbs e Secretaria de Trânsito garantem uma agilidade extrema ao processo de acompanhamento do trânsito. Com isso, nós conseguimos ter uma cobertura de 100% da mobilidade da cidade, incluindo os semáforos, os painéis de mensagens e os sensores de controle de tráfego”, explica Júlio Panício, o coordenador do CCO.
Panício comanda uma equipe de 57 pessoas, divididas em turnos que vão das 6 horas à meia-noite (além dos plantonistas, que ficam nas ruas da meia-noite às seis horas). Segundo ele, essa integração facilita muito a tomada de decisões. “Nós não precisamos ligar ou mandar mensagem para ninguém. Temos comunicação por rádio, ou aqui mesmo, no CCO, onde tudo é interligado”, afirma.
Via rádio, as agentes de trânsito que ficam em uma das salas de controle se comunicam com as agentes que estão nas ruas, acompanhando de perto os locais de acidente ou com trânsito lento. De repente, o rádio traz uma mensagem. “Colisão auto, auto, placa alfa xadrez Julieta 0098, QSL?”.
O monte de siglas e terminologias é rapidamente decifrado pela agente Regina Célia, que responde afirmativamente e repassa a informação para o departamento de comunicação, responsável por encaminhar os detalhes do acidente para os jornalistas, usando as redes sociais e o site da Prefeitura. “Pode parecer uma loucura, mas a gente consegue se entender muito bem”, conta Regina. Traduzindo a mensagem recebida pela agente, o “auto auto” signifca que a batida foi entre dois carros e o “alfa xadrez Julieta” indica as inicias da placa de um dos carros, AXJ. Por fim, o “QSL” é uma sigla internacional de rádio usada no fim da mensagem, para confirmar se a informação foi compreendida.
Monitoramento on-line
Além da comunicação via rádio e das câmeras, um dos painéis de controle, usado exclusivamente pelos fiscais da Urbs, permite acompanhar tudo o que se passa com os ônibus da frota do transporte público. “Em tempo real os computadores de bordo fazem um georreferenciamento e informam problemas mecânicos, atrasos, desvios de rota e horários previstos para a chegada de cada linha em terminais, pontos de parada e estações-tubo”, conta o coordenador Júlio Panício.
O painel tem as cores dos ônibus, tal qual eles são vistos nas ruas, e permite uma interatividade total de quem opera o sistema com o motorista. No caso das câmeras do painel maior, ao lado, que monitoram o trânsito, é possível girar a imagem em 360 graus e dar zoom de até 36 vezes. Tecnologia e agilidade usadas a serviço do bom andamento do trânsito de Curitiba.