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Design é aposta inteligente para desenvolvimento das cidades

Design é aposta inteligente para desenvolvimento das cidades. Curitiba, 30/03/2016 - Foto: Gabriel Rosa/SMCS

Durante muito tempo, o design foi pensado e definido como ferramenta voltada apenas à forma e à função de produtos. Porém, essa área de conhecimento vem ocupando cada vez mais espaço no setor público, em parceria com a iniciativa privada, como diferencial estratégico para promover o desenvolvimento econômico e social de cidades. Essa foi a tônica das palestras e debates realizados na manhã desta quarta-feira (30), no SmartCity Business América, no painel Curitiba + Design coordenado pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc).

“Neste contexto, Curitiba já surge como exemplo. Afinal, incluímos no Plano Diretor a elaboração de um Plano Estratégico de Design e temos desenvolvido diversas iniciativas relacionadas ao design que já trazem dividendos importantes para cidade. É o caso da Tuboteca, premiada internacionalmente pelo IF Design 2016, e da inclusão de Curitiba no grupo de Cidades Criativas da Unesco, já em 2014. Além disso, em 2015, a administração municipal assumiu o compromisso de criar o programa Curitiba + Design”, destaca o presidente do Ippuc, Sérgio Póvoa Pires.

Um dos parceiros de Curitiba na realização dessa aproximação do design com o município é o Centro Brasil Design (CBD). “Nosso objetivo é trabalhar para que as cidades se tornem mais inovadoras e invistam na economia criativa, pois isso traz recursos, gera empregos, retém talentos, propicia o surgimento de produtos e serviços de excelente qualidade e melhora a vida das pessoas de forma substancial”, destaca a diretora executiva do CBD, Letícia Castro.

Segundo Letícia, no caso de Curitiba, o design assume importância cada vez maior, tendo em vista a mudança do perfil econômico da cidade que vem reduzindo a quantidade de indústrias instaladas e, na atualidade, já possui 80% de seu PIB oriundo do setor de serviços. O ambiente acadêmico também favorece Curitiba, pois já existem cursos de design em oito instituições de ensino superior na cidade. E isso ocorre num contexto muito favorável, tendo em vista que o Brasil já é a quinta maior economia criativa do mundo. Entre 2014 e 2013, houve um crescimento de 69,8% deste segmento da economia, com a geração de R$ 126 bilhões em riquezas. O país conta com 251 mil empresas de design que empregam 892,5 mil pessoas e são responsáveis pela geração de 2,6% do PIB nacional. Somente profissionais de design já são 87 mil.

Outra organização que atua neste segmento é a ProDesign-PR, que já conta com 300 associados e, entre outras atividades, participa ativamente do Conselho da Cidade de Curitiba (Concitiba) e do Conselho de Cultura do município. De acordo com seu presidente, Túlio Filho, o design é fundamental porque representa transformação – não apenas de produtos, marcas e serviços, mas também de hábitos e de cidades. Para tanto, precisa atuar não apenas na iniciativa privada, mas também em parceria com o poder público.

“Ao verificarmos que as maiores demandas da comunidade são saúde, educação e segurança, precisamos inserir a metodologia do design no planejamento urbano como mais um elemento importante, especialmente no que diz respeito à maneira de pensar: antes de encontrarmos a resposta certa para um problema é preciso formular a pergunta certa. Isso é design e leva a um diagnóstico holístico”, defende Túlio Filho. Segundo ele, por ter foco no ser humano, o design é essencialmente voltado à juventude, à sustentabilidade, à diversidade e à comunidade. E ao atuar junto às comunidades, o design tem uma abordagem de participação coletiva, na qual os moradores das cidades ajudam a apontar os problemas e a buscar soluções.

Já o professor, consultor e especialista em atividades de políticas públicas voltadas ao design, Marco Lobo Júnior, a avalia que concepção básica do conceito que, anteriormente, era mais associada a valores estéticos, vem se transformando e assumindo papel fundamental na vida das cidades. “O design passou a ser compreendido como processo criativo, inovador e provedor de soluções para problemas, não apenas para as esferas produtiva, tecnológica e econômica, mas também social, ambiental, cultural e de serviços”, afirma Lobo Júnior.

Em sua apresentação, o Lobo destacou a transformação urbana e social ocorrida em na cidade de Seul, na Coreia do Sul, por meio do design, aliado ao planejamento urbano, a partir de 2012. Um amplo programa aplicado na urbanização de uma grande favela, em bairros da periferia e também nas escolas públicas foi responsável pela redução dos índices de violência, além de melhorias nas áreas ambiental e de saúde pública. Em apenas um ano, o programa consegui reduzir a violência em 9,1%. “Tivemos ali o design voltado ao cidadão, com iniciativas elaboradas em conjunto com a sociedade, buscando a harmonia e com foco tanto no processo quanto no resultado”, destacou.