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Meio Ambiente

Aterro da Caximba recupera biodiversidade e vira referência ambiental

A imensa área de aproximadamente 400 mil metros quadrados, no bairro Caximba, na qual durante 20 anos foram depositados mais de 12 milhões de toneladas de resíduos, é hoje referência mundial em recuperação ambiental. -Na imagem, a bióloga Leila Teresinha Maranho. Curitiba, 08/11/2013 Foto: Jaelson Lucas/SMCS

A imensa área de aproximadamente 400 mil metros quadrados, no bairro Caximba, na qual durante 20 anos foram depositados mais de 12 milhões de toneladas de resíduos, é hoje referência mundial em recuperação ambiental. Três anos após encerrar as atividades como aterro sanitário, a biodiversidade está se restabelecendo na região. Há redução expressiva na carga poluidora e animais começam a retornar ao antigo habitat.

“O que está sendo feito aqui é um exemplo único no mundo, com resultados de muita eficiência e que, por isso, já foi citado em congressos na Itália, Suécia e China”, afirma a bióloga Leila Teresinha Maranho, coordenadora do curso de mestrado em Biotecnologia Industrial e professora de Pós Graduação e Gestão Ambiental da Universidade Positivo.

Segundo Leila, que desenvolve estudos na região, muitas cidades e estados brasileiros têm se interessado e mandado representantes para conhecer de perto o modelo de recuperação empregado no aterro curitibano. Ela informa que, na maioria dos parâmetros monitorados, houve redução de até 60% na carga poluidora do chorume. “No quesito matéria orgânica, por exemplo, já chegamos a obter 98% de redução”, diz. No fósforo e no nitrogênio este índice teria chegado a 80%, variando de acordo com as condições climáticas.

Para o chefe de divisão do Departamento de Limpeza Pública da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Luiz Celso Coelho da Silva, a parceria que existe entre a Prefeitura de Curitiba e as universidades Federal do Paraná e Positivo é fundamental para o sucesso do projeto.

“A força da pesquisa e a estrutura acadêmica das universidades somam-se ao nosso conhecimento e permitem bons resultados”, diz o técnico. Atualmente, aproximadamente 20 alunos e professores das duas universidades trabalham teses de mestrado e doutorado sobre o local. “É uma parceria de sucesso”, afirma.

Silva explica que o principal resultado é que a biodiversidade está se restabelecendo na região e já é possível ver animais como pacas, bugios, veados e diversas espécies de pássaros e peixes retornando ao antigo habitat. “O monitoramento, entretanto, continuará a ser feito no local por mais 30 anos”, diz.

Além do acompanhamento acadêmico, o aterro conta com o trabalho diário de 20 servidores, que ali atuam. Eles garantem a manutenção dos equipamentos instalados, entre eles os sistemas de drenagem de água pluviais, da estabilidade do aterro, da drenagem de gases e de tratamento do efluente que se origina da degradação dos resíduos ali depositados, além de toda a infraestrutura de acesso e circulação na área.

Apenas o sistema de drenagem vertical inclui mais de 200 saídas, que são espécies de chaminés que permitem a liberação dos gases subterrâneos.

O entorno da área que era ocupada pelo aterro na propriedade é rico, formado por floresta preservada e antigas cavas de areia e argila. As cavas, atualmente, acolhem o sistema de wetlands, ou seja, uma reprodução de um ecossistema de organismos aquáticos no qual a matéria orgânica restante no efluente do aterro é removida antes do lançamento no Rio Iguaçu.

Isso ocorre por meio de plantas que já existiam na região e que, por tolerarem bem o chorume, são utilizados no projeto. Entre elas, Capim Tocha, Aguapé e Alternantera, que ajudam a reduzir a carga poluidora. No total, o aterro sanitário conta com cerca de 1 milhão de metros quadrados de área.