<P align=left>A música clássica acolhe os passageiros do ônibus de dois andares da Linha Turismo, na praça Tiradentes, no início da tarde. O ônibus está lotado. Uma babel de línguas. Um apanhado de sotaques. Brasileiros e estrangeiros estão prontos para descobrir o que Curitiba tem e o que faz a cidade tão famosa dentro e fora do país. Nos bancos de trás, um grupo chama atenção: crianças de cinco anos de idade, que participam do projeto "A essência da gente", da Pré-Escola Interpares, de Curitiba.</P> <P align=left>A proposta do projeto é estimular as crianças a valorizar as oportunidades iguais para todos e celebrar as diferenças que tornam cada pessoa única neste mundo. As crianças passearam na Linha Turismo, na semana passada, acompanhadas por professoras, para fotografar a cidade e depois expor as fotos na escola, como homenagem aos 316 anos de Curitiba.</P> <P align=left>André Gabrielli dos Santos nem espera a primeira curva do trajeto e começa a fotografar o passeio. A professora explica que o filme colocado na câmera poderá registrar 36 poses. "É preciso economizar para não faltar", recomenda. André não entende. Pergunta se é um CD. A professora insiste no filme fotográfico e o menino continua a olhar incrédulo. Não nasceu na geração dos filmes fotográficos. Sua época é digital.</P> <P align=left>Na rua Augusto Stellfeld, o primeiro susto, que depois vira motivo de muitas risadas. O ônibus passa pela trincheira sob a rua Doutor Muricy. As crianças gritam. A viagem continua. Lá de cima, a quatro metros do chão, o olhar sobre Curitiba é imponente. Em seguida, o primeiro destaque do passeio: a Rua das Flores. No alto-falante interior, uma pequena explicação, em três línguas, sobre a menor avenida do mundo. Na sua primeira quadra, da praça Osório até a rua Ébano Pereira, a Rua das&nbsp;Flores se chama avenida Luiz Xavier.&nbsp; A Linha Turismo é equipada com sistema de som para fornecer informações gravadas sobre os locais visitados em português, inglês e espanhol.</P> <P align=left>As crianças se deslumbram. Ao longo do trajeto o olhar invade apartamentos, escritórios, muros, sacadas. Entra por portas e janelas abertas, descobrindo uma Curitiba diferente. O cotidiano da cidade que passa longe do dia a dia de crianças de cinco anos.</P> <P align=left>O cobrador Valdemar Martins, 44 anos, há 10 na função, fascinado por Curitiba, aprendeu a história e algumas curiosidades sobre a cidade em livros oficiais, e faz o papel de guia aos turistas. Informa a sua maneira, em outras línguas. Esta proximidade lhe rendeu amigos, de vários países. Até já hospedou alguns em casa. Ao passar pela praça Osório, conta que o espaço já se chamou praça Oceano Pacífico. Nada a ver com Curitiba.<B> </P> <P align=left>Rebouças - </B>Do Centro em direção ao Rebouças, outra paisagem. Museu Ferroviário, Teatro Paiol, que causa impacto por sua construção. É um antigo paiol de pólvora, construído em 1906, reciclado para teatro de arena em 1971. Sua inauguração teve batismo do poeta Vinícius de Moraes, que compôs música especialmente para a ocasião. Símbolo da transformação cultural de Curitiba.</P> <P align=left>A menina Miriam Raffo se surpreende com o tamanho das placas indicativas e de sinalização nas ruas vistas de uma altura de quatro metros. Parecem estar ao alcance das mãos. Na parte superior, a segurança é grande. As grades ficam a 1,40 do chão. Os bancos possuem cinto de segurança. Entre um ponto turístico e outro, as crianças se divertem com os "achados". Lívia Maria Gamba Mueller enxerga um galinheiro num quintal. Diz que as casas parecem um grande bloco de montar. Como o Lego.</P> <P align=left>De repente, sem aviso, se descortina o Jardim Botânico, local onde a maioria dos passageiros desce e outro grupo grande sobe. O termômetro acusa 30º. As crianças continuam a procura da imagem perfeita para foto que será exposta na escola. O menino Douglas Rezende diz que Curitiba tem tanta árvore, que até atrapalha a visão na hora do "click". É verdade. Curitiba é uma cidade verde. É impossível não notar daquela altura. Parece que todos estão fazendo arvorismo sobre rodas.</P> <P align=left>O ônibus passa pela Rodoferroviária e pelo Mercado Municipal. Mas o que chama a atenção, lá no fundo, é o Estádio do Paraná Clube, a Vila Capanema. Criança sempre grava logomarcas. O ônibus chega à praça Santos Andrade, onde localiza-se o Teatro Guaíra, um dos maiores da América Latina. À sua frente, do outro lado da praça, o prédio majestoso da Universidade Federal do Paraná (UFPR). O cobrador Valdemar chega para mostrar uma curiosidade: as estátuas da praça estão viradas para a Universidade. Diz que é para reverenciar o saber<B>.</P> <P align=left>Parques - </B>A linha segue pelo Passeio Público, Memorial Árabe, Centro Cívico. De repente, brilhando ao sol, pelo reflexo do espelho d’água, o Museu Oscar Niemayer, o maior e mais moderno museu do Brasil. Projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer, o museu do olho, como é carinhosamente chamado pelos curitibanos, completa uma antiga obra que o próprio arquiteto construiu, em 1976.</P> <P align=left>Bosque do Papa, Memorial Polonês, Bosque Alemão. Uma rápida parada na Universidade Livre do Meio Ambiente para entender toda a fama do local. Inaugurada em 1992, com a presença do oceanógrafo Jacques Cousteau, a Unilivre promove educação ambiental para a população em geral. É, por si só, uma lição de ecologia, integrando a arquitetura ao meio ambiente.</P> <P align=left>O parque São Lourenço vai passando e fica na esquina. O destino é o teatro Ópera de Arame e a Pedreira Paulo Leminski. Construído em estrutura tubular, a Ópera de Arame é um espaço mágico que se integra à natureza do local. Ao seu lado, a Pedreira Paulo Leminski, palco dos grandes acontecimentos culturais e artísticos de Curitiba. Mais adiante, está o Farol das Cidades, biblioteca informatizada conectada à internet. </P> <P align=left>Mais dois parques merecem uma visita. Tanguá, às margens do rio Barigui, é uma área de lazer com grandes espaços verdes, ancoradouro, pista para caminhada e corrida, ciclovia e um túnel aberto na rocha bruta unindo os lagos. E o Tingui, que lembra os primeiros ocupantes dos Campos de Curitiba, os índios Tinguis, da nação Guarani.</P><B> <P align=left>Olhar curioso - </B>Duas horas de passeio e as crianças ainda estão ativas. A cidade vista de cima é interessante. Nada atrapalha o olhar curioso. Vem o Memorial Ucraniano, Portal Italiano e Santa Felicidade. Para os curitibanos, uma surpresa. O ônibus corta caminho, faz trajetos alternativos, descortina a cidade.</P> <P align=left>Parque Barigui. Um dos maiores da cidade, implantado em 1972, é um dos preferidos para as caminhadas diárias do curitibano. Tem espaços para exposições e eventos, museu do automóvel, esportes e várias outras atividades. Torre Panorâmica e Setor Histórico.</P> <P align=left>Quando o ônibus se aproxima da praça Tiradentes, duas horas e trinta minutos se passaram. As máquinas fotográficas das crianças continuam disparando. Elas querem mais e descobrem um piso de vidro iluminado no centro da praça. Uma vitrine que mostra à população as descobertas arqueológicas feitas durante as obras de revitalização da mais antiga praça de Curitiba. Merece mais uma foto o pedaço da história de Curitiba preservado.</P> <P align=left></P><B> <P align=left>LINHA TURISMO</P></B> <P align=left>A Linha Turismo, ônibus especial da Prefeitura de Curitiba, circula por 25 pontos turísticos, entre parques, praças e outras atrações da cidade. A linha circula a cada 30 minutos, percorrendo aproximadamente 44 km, em cerca de 2 horas e meia. A tarifa é de R$20,00. O roteiro começa na Praça Tiradentes, mas é possível iniciar o trajeto em qualquer um dos pontos. Para embarcar você compra uma cartela que dá direito a cinco tíquetes. Ou seja, a um embarque e quatro reembarques. O passaporte também poderá ser utilizado por cinco pessoas.</P> <P align=left></P> <P align=left></P><B> <P align=left>Serviço:</P> <P align=left><FONT color=#006600>Linha Turismo</FONT></P> <P align=left>Saída:</P></B> <UL> <LI> <DIV align=left>Praça Tiradentes - das 9 horas às 17h30, com 20 minutos de intervalo.</DIV></LI></UL> <P align=left><STRONG>Informações</STRONG>: (41) 3352.8000<BR><STRONG>Embarque e desembarque:</STRONG> todos os pontos visitados</P> <P align=left></P> <P align=left><B>Exposição fotográfica <FONT color=#006600>"A essência da gente",</FONT> da Escola Interpares, em comemoração aos 316 anos de Curitiba</P></B> <P align=left><STRONG>Alunos/fotógrafos:</STRONG> </P> <UL> <LI> <DIV align=left>André Gabrielli dos Santos</DIV> <LI> <DIV align=left>Lívia Marina Gamba Mueller</DIV> <LI> <DIV align=left>Douglas Rezende</DIV> <LI> <DIV align=left>Miriam Raffo</DIV></LI></UL> <P align=left><STRONG>Data</STRONG>: 26 e 27 de março<BR><STRONG>Horário</STRONG>: 9h às 17h<BR><STRONG>Local</STRONG>: Pré-Escola Interpares, rua Marques do Paraná, 1152, Água Verde</P> <P align=left> <HR> <P></P>