Os agentes comunitários da Unidade de Saúde Caiuá, na Cidade Industriual, estão participando há cerca de dois meses de um projeto-piloto de assistência veterinária. Eles aproveitam as visitas a famílias da região para, além de tratar da saúde das pessoas, repassar orientações e informações sobre a saúde dos animais de estimação. O trabalho é resultado de uma parceria entre a Secretaria Municipal de Saúde, Pró-Cidadania e Faculdade Evangélica do Paraná.
A ideia é aproveitar o trabalho do agente, que faz a ponte entre a população em situação de vulnerabilidade social com os serviços do Município. “Dessa maneira será possível ter um controle populacional e o levantamento sanitário animal dos domicílios. Isso também irá permitir um controle das zoonoses parasitárias e um trabalho de desverminação, que será realizado pela equipe do Hospital Veterinário da universidade”, explicou o professor da Faculdade Evangélica do Paraná Eros Luiz de Sousa, que coordena o projeto.
O projeto-piloto está na fase de visitas e até o final de janeiro de 2015 a equipe de agentes e estagiários do curso de Medicina Veterinária da Faculdade Evangélica do Paraná deve concluir o cadastro das famílias.
Tatiana Maria dos Santos, agente comunitária que já faz parte dos trabalhos com os animais, diz que os moradores estão aceitando muito bem o trabalho. “A população não imaginava que a Prefeitura estava pensando também nos animais de estimação. Foi legal porque muitos acabaram assumindo os cachorros que ficavam nas ruas e hoje levam para vacinar e cuidar da saúde”, contou.
A diretora de saúde da regional CIC, Cynthia Calixto Fraiz, explica que o novo projeto pode ajudar, por exemplo, no controle de leptospirose na região. “O acúmulo de alimentos que os moradores deixam nos locais onde alimentam seus animais faz com que ocorra a proliferação de roedores, transmissores da leptospirose. O trabalho dos agentes no repasse dessas informações pode contribuir para mudar o quadro da região”, comentou.
Para Luciana Kusman, chefe da Unidade de Saúde Caiuá, o bom resultado é também reflexo do trabalho dos estagiários de Veterinária que atuam na região. "A presença dos estagiários junto com as equipes das agentes de saúde foi fundamental, pois essa troca de informações qualifica nosso atendimento", disse. Dezesseis estagiários trabalham no projeto.
Morgana Cardoso Pelin, estudante do 5.º ano de Medicina Veterinária que atua no projeto, conta que é uma experiência única. “É muito gostoso porque além de ensinarmos, aprendemos muito com a comunidade. É muito bom aprender colocando a mão na massa”, disse.
O superintendente do Pró-Cidadania, Gerson Guelmann, também vê a ideia com boas perspectivas. “Esse projeto tem tudo para dar certo, principalmente por contar com o apoio das agentes comunitárias, que muitas vezes chegam às comunidades onde nenhuma outra equipe consegue chegar. Além disso, o trabalho auxiliará aos próprios agentes, e também profissionais como carteiros, leituristas de luz e água, que, ao entrarem em contato com o moradores em suas casas, sofrem com as mordidas e ataques de cachorros da comunidade”, disse. Atualmente, o Pró-Cidadania é o gestor do programa de agentes comunitários.
Resultados
Apesar do curto tempo de execução, o projeto já tem bons resultados. De acordo com o coordenador Eros de Sousa, a partir da coleta de dados foi possível diagnosticar casos de mordeduras caninas na região.
“Descobrimos que crianças de 6 a 9 anos, em especial os meninos, estão entre as mais mordidos por cães. Os maiores responsáveis pelas mordidas são cães machos, como forma de proteger o território. Os próximos passos agora envolvem a desverminação dos animais e a castração, deixando-os mais tranquilos e evitando novos acidentes”, conta.